segunda-feira, 15 de outubro de 2012

PMDB terá presidências da Câmara e do Senado


A engenharia da coalizão de governo atual no Brasil levará o PMDB, partido  que é a espinha dorsal  desse modelo, a presidir a Câmara dos Deputados e o Senado Federal,no próximo período legislativo, a se iniciar em janeiro de 2013 e se encerrar em janeiro de 2015. Nesse momento,nove entre dez observadores do Congresso Nacional apostam nessa dobradinha,independentemente do resultado do segundo turno das eleições municipais.
O clima parlamentart é favorável à Presidente Dilma Rousseff, pelo PT, e ao seu vice Michel Temer, do PMDB, para manterem a mesma chapa e disputarem a reeleição em 2014, e para que isso aconteça se apoiarão numa sólida maioria parlamentar, garantida pela eleição do senador  Renan Calheiros(PMDB-AL),à Presidência do Senado, e do deputado Henrique Eduardo Alves(PMDB-RN),à Presidência da Câmara dos Deputados.
Além da Presidente Dilma, esse esquema contaria com a aprovação dos ex-presidentes Lula, Fernando Collor e José Sarney (atual presidente do Congresso Nacional, que já manifestou sua intenção de não disputar mais nenhuma eleição). Com respaldo nas vitórias obtidas nesse primeiro turno, PMDB e PT fazem a base da coalizão quase que sem oposição significativa, mas seria uma ilusão considerar que há uma trégua em curso. Dentro dos dois partidos há vaidades e invejas em fermentação.
É a guerra intestina pelo poder, que tende a se ampliar nas próximas décadas, como espécie de subproduto da coalizão, por mais funcional que esta seja, a ponto de servir    de inspiração para vários países, embora criticada por figuras expoentes, entre as quais o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ayres Britto, que admite coalizões temporárias,mas não permanentes, por servirem,conforme acredita, de biombo para corrupções e desvirtuamentos das ideologias republicana e  democrática.
O experiente e falecido senador Magalhães Pinto dizia que a política, à semelhança das nuvens, muda de forma a todo instante, mas essa observação parece que não é levada em consideração pelos estrategistas da coalizão, mesmo diante da grande possibilidade de que o candidato à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, ex-ministro da Educação, lançado por Lula,vença o candidato do PSDB,José Serra, transformando-se em figura presidenciável do PT, pela importância do orçamento paulista,maior que o PIB de vários países: Cerca de 36 bilhões de reais.
Naturalmente, há lideranças petistas de dentro e de fora de São Paulo que estão torcendo silenciosamente para que Fernando Haddad perca a eleição, pois assim terão um concorrente a menos ao Palácio do Planalto. Nem tanto por ambição pessoal, mas pela oportunidade que recebeu de Lula , Haddad entrou no jogo pesado da política apoiado,inclusive, pelo ex-prefeito Paulo Maluf,ainda um fenômeno eleitoral na capital paulista.
O cargo de prefeito de São Paulo, por força da tradição política brasileira, projeta seu titular nacionalmente, e o mais recente exemplo é o do prefeito atual, Gilberto Kassab, até então ilustre desconhecido, que teve uma pálida administração, mas conseguiu a proeza de inventar o Partido Social Democrático - PSD -, que, em menos de dois anos, se transformou na quarta força eleitoral do País, conquistando, no primeiro turno dessas eleições municipais, 492 prefeitos e 4.601 vereadores.
Uma incógnita a ser considerada é a participação do PMDB do Rio de Janeiro nessa coalizão, com a demonstração de força dada pelo governador Sérgio Cabral e pelo prefeito Eduardo Paes,que se reelegeu em primeiro turno com votação esmagadora. Embora necessitem do apoio do Palácio do Planalto para organizar os eventos da Copa do Mundo e das Olimpíadas, são atores que pesam muito no jogo decisório, confrontando-se com o poder paulista no controle da política nacional. Prova disto é Paes afirmando que o apoio do PMDB a Haddad é natural, e o vice-presidente Temer afirmando que não é natural. Uma casual troca de chumbo ou prenúncio de futuros embates?
Presenciei, hoje,no Plenário do Senado Federal,sessão solene em homenagem ao falecido deputado Ulysses Guimarães,ícone do PMDB. Dois dos oradores foram o vice-presidente da República,Michel Temer, e o presidente do Senado Federal, José Sarney, que exaltaram o talento e a presença de Ulysses na articulação política e o legado que deixou à legenda. Sentados, lado a lado, à Mesa estavam o senador Renan Calheiros e o deputado Henrique Eduardo Alves. Enfim, uma demonstração do PMDB de que está unido na terra,sob as bençãos celestiais de Ulysses Guimarães...

Nenhum comentário:

Postar um comentário