sábado, 30 de março de 2013

COMISSÃO INTERCLUBES MILITARES À NAÇÃO BRASILEIRA: 31 DE MARÇO

 
 
"A História do Brasil registra a participação decisiva das Forças Armadas Nacionais em todas as ocasiões em que, por clamor popular ou respeito à legislação vigente, se fizeram necessárias as suas intervenções, para assegurar a integridade da Nação ou restabelecer a ordem, colocada em risco por propostas contrárias à índole ou ao modo de vida do Brasileiro.
 
As Forças Armadas não chegaram agora ao cenário nacional. Estiveram presentes desde o alvorecer da Pátria! Lutaram nas guerras para a consolidação da Independência e garantiram a integridade territorial por ocasião das tentativas separatistas nos primórdios da emancipação! Quando o mundo livre se viu ameaçado pelo totalitarismo nazi-fascista, seus marinheiros, soldados e aviadores souberam combater com dignidade, até o sacrifício, quer na campanha naval do Atlântico Sul, quer nos campos da Itália ou nos céus do Vale do Pó!
 
Certamente esta é uma das principais razões pela qual a população brasileira atribui às Forças o maior índice de credibilidade, entre todos os segmentos nacionais que lhe são apresentados.
 
Não foi com outro entendimento que o povo brasileiro, no início da década de 1960, em movimento crescente, apelou e levou as Forças Armadas Brasileiras à intervenção, em Março de 1964, num governo que, minado por teorias marxistas-leninistas, instalava e incentivava a desordem administrativa, a quebra da hierarquia e disciplina no meio militar e a cizânia entre os Poderes da República.
 
Das consequências dessa intervenção, em benefício da Nação Brasileira, que é eterna, há evidências em todos os setores: econômico, comunicações, transportes, social, político, além de outros que a História registra e que somente o passar do tempo poderá refinar ou ampliar, como sempre acontece.
 
Não obstante, em desespero de causa, as minorias envolvidas na liderança da baderna que pretendiam instalar no Brasil tentaram se reorganizar e, com capital estrangeiro, treinamento no exterior e apoio de grupos nacionais que almejavam empalmar o poder para fins escusos, iniciaram ações de terrorismo, com atentados à. vida de inocentes que, por acaso ou por simples dever de ofício, estivessem no caminho dos atos delituosos que levaram a cabo.
 
E que não venham, agora, os democratas arrivistas, arautos da mentira, pretender dar lições de democracia. Disfarçados de democratas, continuam a ser os totalitários de sempre. Ao arrepio do que consta da Lei que criou a chamada “Comissão da Verdade”, os titulares designados para compô-la, por meio de uma resolução administrativa interna, alteraram a Lei em questão limitando sua atividade à investigação apenas de atos praticados pelos Agentes do Estado, varrendo “para debaixo do tapete” os crimes hediondos praticados pelos militantes da sua própria ideologia.
 
É PARA AQUELES CUJA MEMÓRIA ORA SE TENTA APAGAR DA NOSSA HISTÓRIA E QUE, NO CUMPRIMENTO DO DEVER OU EM SITUAÇÃO DE TOTAL INOCÊNCIA, MILITARES OU CIVIS, FORAM, CRIMINOSAMENTE ATINGIDOS PELOS INIMIGOS DA NAÇÃO, QUE OS CLUBES NAVAL, MILITAR E DE AERONÁUTICA, REPRESENTANDO SEUS MILHARES DE SÓCIOS, OFICIAIS DA ATIVA E DA RESERVA E SEUS FAMILIARES, RENDEM, NESTA DATA, SUA HOMENAGEM E RESPEITO!

Rio de Janeiro, 31 de Março de 2013

V ALTE RICARDO ANTONIO DA VEIGA CABRAL
Presidente do Clube Naval
GEN EX RENATO CESAR TIBAU DA COSTA
Presidente do Clube Militar
TEN BRIG-DO-AR IVAN MOACYR DA FROTA
Presidente do Clube de Aeronáutica

sábado, 23 de março de 2013

O dilema shakespeariano de Campos


O governador do estado de Pernambuco, Eduardo Campos, do Partido Socialista Brasileiro – PSB-, está sendo estimulado a se posicionar como candidato à Presidência da República em 2014,antes mesmo que o senador Aécio Neves, do Partido da Social Democracia Brasileira –PSDB-, do Estado de Minas Gerais, se consolide como presidente da sigla e potencial candidato a desbancar a reeleição de Dilma Rousseff e do vice Michel Temer.

Aécio Neves vem enfrentando resistências em São Paulo (leia-se o ex-candidato à Presidência e ex-ministro e ex-governador José Serra), que postula seu nome para presidir o PSDB e voltar ao topo do cenário político, deixando o ostracismo a que foi relegado no principal estado do País.

Ainda com a bancada do PSB apoiando o Governo Dilma no Congresso, Eduardo Campos se empenhou muito em viabilizar os contatos dos governadores que estiveram recentemente em Brasília reclamando verbas e condições para um novo pacto federativo entre União, Estados e Municípios, como desdobramento da aprovação da nova lei de distribuição dos “royalties” do petróleo beneficiando os estados não produtores.

O pacto em estudo, cujas negociações têm como um dos coordenadores o ex-Presidente José Sarney, apresenta como seus principais temas  a descentralização das ações que, antes do Governo Lula, eram da competência dos estados e municípios e que foram usurpadas pela União, e uma ampla reforma fiscal e tributária.

Com essa nova ofensiva política do governador Eduardo Campos, o senador Aécio Neves se caracteriza cada vez mais como voz da Oposição, mas esta se enfraquece como um todo, na medida em que o próprio PSDB se encontra dividido e o Democratas se mantém impotente para exercer papel mais ofensivo.

Conversando com o ex-ministro Henrique Hargreaves, um dos homens fortes do Governo Itamar Franco, ele observou que a oposição no Brasil praticamente inexiste e que a situação de um governo sem oposição não é saudável para a democracia.

Quanto ao futuro de Eduardo Campos, continua uma incógnita. Se continuar apoiando o governo, mesmo mais fortalecido em seu vôo solo, não poderá disputar a Presidência com chances reais de sucesso. Se descambar para a oposição, terá que se compor com Aécio Neves, que tem primazia para ser cabeça de chapa com qualquer nome. Se Campos ficar estacionário entre o Governo e a Oposição, poderá ser atropelado pelos dois lados. O dilema shakespeariano, “ser ou não ser”, é a questão que afeta o Governador.

 

 

 

Argentina rechaça mais um ataque especulativo




 
A importância das democracias e lideranças fortes é medida nas encruzilhadas a que se vêem expostas as nações. Quarta-feira, 20/3, a Argentina viveu um desses transes cruciais. Um ataque especulativo contra sua moeda, desencadeado por bancos, agências de risco, analistas da Wall Street, e grupos midiáticos hegemônicos, estes maximizando os boatos, devidamente repicados no Brasil e outras praças financeiras, tentou obrigar o governo a fazer uma maxi desvalorização da moeda nacional. A razão: o peso, tinha subido 47 centavos naquele dia frente ao dólar. A pronta ação do governo em cima dos especuladores ja faria o dólar ceder de 30 na 40 centavos, ao amanhecer do outro dia, a quinta, 21.

Um regime frágil, como o de Fernando De La Rúa, responsável pela crise que quebrou o país, em 2001, teria cedido aos especuladores, e causado enormes prejuízos à economia e à população, e proporcionado lucros estupendos aos negocistas, como costuma acontecer nestas operações. Mas a presidenta Cristina Kirchner é de outra cepa e segurou o tranco. Na verdade, o ataque tinha vindo como resposta às medidas da AFIP, a Receita de lá, aumentando de 15% para 20%, a taxa cobrada pelo uso dos cartões de crédito no exterior e a extensão das medidas aos pacotes de viagem para fora do país.
Tais ações vêm se intensificando desde 2011, quando houve uma fuga de capitais de 40 bilhões de dólares, em outra manobra especulativa dos grandes conglomerados econômicos para obrigar o governo a abandonar sua política nacionalista, que reduziu o desemprego de taxas espanholas de 25% para os atuais 7% e assegurou o crescimento econômico com inclusão e mobilização social, depois da recessão do início do século, e baixar um pacote fiscal com a maxi e uma série de providências para beneficiar bancos, multinacionais etc.

Na sexta-feira, o governo Kirchner já anunciava o crescimento da economia de 3,2%, revertendo a tendência do último ano de 2,7%, provocada pela crise europeia. Nos anos anteriores, o decênio dos governos Néstor e Cristina Kirchner tinha registrado um crescimento médio de níveis chineses de 9%. Essa política, inaugurada em 2003, com a ascensão do marido Néstor, atingiu seu auge quando o governo partiu para o reescalanomento da dívida externa, pelo qual só se dispunha a pagar, e nisso recebeu a anuência dos credores, 25% do que o país devia.
Com isso, os argentinos puderam respirar e, com ajuda de 10 bilhões de dólares, prestada por Hugo Chávez, então presidente da Venezuela, iniciou uma “década ganha (e não perdida)”, como costuma destacar a esposa Cristina, que assumiu em 2007, e resgatou muitos dos prejuízos da era neoliberal, a “década perdida” de de Carlos Menem e De La Rúa, inclusive algumas estatais importantes, como a YPF, do petróleo, Correios, empresas de eletricidade e de outros setores estratégicos.

Para segurar estas conquista, que ainda incluem o resgate das pensões dos aposentados ameaçadas pelas crises dos bancos em 2008, o regime kirchnerista teve de enfrentar uma campanha esmagadora de desestabilização do poder econômico, que, através dos meios de comunicação hegemônicos, sobretudo os grupos Clarín e La Nación, que passaram a estimular greves, lock-outs, atentados contra as redes de energia elétrica, saques a supermercados etc. Ao mesmo tempo, esses jornais TVs e rádios, que continuam agindo à solta graças a uma justiça corrupta que eles sustentam, financiando inclusive férias nababescas a juízes em Miami e capitais europeias, alvejam diuturnamente as autoridades com a “revelação” de escândalos “envolvendo” sobretudo a família presidencial, nenhuma semelhança com a política midiática brasileira.
Sem o mínimo pejo, esses grupos midiáticos ainda abraçam causas antipatrióticas, como a questão das ilhas Malvinas, que a presidenta vem desfraudando nos principais fóruns internacionais. O jornal Clarín, por exemplo chegou a propagar o referendum fajuto que a Inglaterra, a potência invasora da região, no século XIX, fez com os habiantes das ilhas, os chamados kelpers, e ainda atacou a presidenta: “Dura resposta dos Kelpers à Cristina”, dizia manchete do site do jornal, ao se referir aos resultados da plebiscito, segundo os quais 98% seriam favoráveis à submissão ao país colonislista. A presidenta respondeu ao jornal com sua habitual ironia e desassombro: “Mas as Malvinas não são cristinistas nem kirchneristas, as Malvinas são argentinas”.

Sem atentar para estas cavilações, o leitor desavisado dos sites dos grupos Clarín e La Nación, na quarta-feira, teria a impressão de que o país tinha entrado num colapso inexorável. À noite, o Clarín trombeteava, por exemplo, que o governo teria convocado uma reunião de emergência da área econômica, numa disfarçada tentativa de agitar os mercados e obrigar à decretação da maxi desvalorização do peso frente ao dólar. A fumaça branca tão desejada pela canalha não saiu e a reunião foi de rotina para examinar a estratégica governamental, justamente contraatacar mais uma barriga do anti-jornalismo, agora com o pretenso efeito devastador de um ataque especulativo. Não foi dessa vez, que a mídia afundou mais uma vez o valente país vizinho.

 

 

segunda-feira, 18 de março de 2013

No Mundo, no Brasil, no Exército e Sem noção


Gélio Fregapani(Membro da Academia Brasileira de Defesa)
 

No Mundo

O mundo está envolto em tendências mal compreendidas e ausentes dos debates econômicos em nosso País. As notícias de viabilidade do gás e óleo do xisto informam que a produção as aproxima da produção de petróleo da Arábia Saudita e que pode tornar os EUA o maior exportador mundial. Isto, por si só, significa o fim da decadência estadunidense, a ruína dos exportadores do Oriente Médio, da América do Sul e da África. A própria China já teria oferecido bilhões de dólares para participar, de forma minoritária, na exploração do xisto americano.

Na evolução dos acontecimentos, o dólar tende a se fortalecer, mas ainda não se sabe o que acontecerá com o “papel pintado” sem lastro que há no mundo todo. Apesar do interesse geral em reaplicar o dinheiro nos EUA, é possível que aquele país resolva se fechar em si mesmo, apenas importando o que lhe falta. É possível também que, novamente com dinheiro com lastro, não tenha aprendido a lição e volte a exportar suas fábricas e seus empregos.

E nós? Pode ser que o pré-sal perca a importância, mesmo assim será necessário para a autossuficiência. As exportações de “commodities” podem vir a ser reduzidas ou não, mas o Brasil sobreviverá. Contudo, é melhor pensar no assunto.

Com a renúncia do Papa, a moda foi falar mal da Igreja. Nenhum católico sério pretende sustentar que os eclesiásticos tenham acertado em todas as decisões que tomaram, mas por preconceito se omite que a Igreja Católica foi que configurou a civilização em que vivemos e o nosso perfil moral. Neste último aspecto, ainda não apareceu um substituto a altura.Agora, com a escolha do novo Papa, reclamarão porque ele é argentino. Ora, ao menos escolham um motivo melhor.

Desarmamento civil. O Chávez distribuía fuzis. Seu sucessor fala em desarmar. Os Estados Unidos, em face dos massacres nas escolas, recomendam que os professores se mantenham armados. Enquanto o Brasil insiste em desarmar seu povo, lá nos Estados Unidos os parlamentares pensam em obrigar o cidadão a manter uma arma em casa para se defender. Quem está certo? Os índices de criminalidade é que demonstrarão.

A Coréia do Norte ameaça aos EUA, que ameaçam retaliar .Bobagem. Ninguém atacará ou pressionará demasiadamente um país com armas nucleares, e a Coréia do Norte sabe que elas são mais úteis pela possibilidade de emprego do que quando usadas. Se a Coréia do Norte ainda não as tivesse desenvolvido, aí sim, teria direito a uma “primavera” conduzida pelas Forças Especiais da OTAN.

No Brasil

Separatismo incoerente por causa dos royaties do pré-sal . Foi o País como um todo que investiu e os poços são no mar. Os estados dito produtores já têm o bônus extra da criação de empregos. Mesmo se assim não fosse, o falar em separatismo tira-lhes toda a razão, toda a simpatia que seus argumentos pudessem ter.

Para o bem do Brasil, o governador do Rio deve ser alijado da vida pública, bem como todos que ousarem falar em dividir o nosso País.

Chàvez - Grande parte de nossos patrícios interpretou a morte do Chàvez como se fosse o desaparecimento de um inimigo. Erro Crasso! Ele foi a principal barreira à independência da área ianomâmi, e era um bom parceiro comercial.

Muitos não gostavam dele porque era um ditador (apesar de eleito), mas não se importavam com as outras ditaduras muito mais caracterizadas. Outros porque ele era (ou se dizia) socialista, mas pouco ligavam para que a China e outros mais se declarassem também socialistas ou até comunistas. Afinal, o que temos com isto? Bom administrador certamente não era, mas visava sempre o interesse de sua pátria. A verdade é que ele pôs fim à indiferença política na Venezuela, cultivada em décadas de dominação econômica e cultural estrangeira, e despertou um orgulho nacional que atingiu desde favelados à classe média e, naturalmente, os militares. Este é seu verdadeiro legado.

Certo, entre os que sentiam aversão ao venezuelano, haveria alguns que pensavam por si e teriam suas razões, mas reconheçamos que a maioria foi conduzida como carneiros. Vamos ver como é que fica. Certamente será pior do que estava.

Renan - A quase totalidade da nossa população deseja o Renan fora da Presidência do Senado. Motivos não faltam, mas seria substituído por outro melhor?

Ele começou por cortar salários dos senadores. Se era para agradar, conseguiu. (Ao povo, não aos senadores, claro). Esta atitude fez brotar uma tênue esperança: que., na ânsia de neutralizar a aversão popular, ele passe a fazer coisas certas. Assim, reza a tradição oral que na Revolução Francesa teria sido escolhido o maior ladrão de Paris para chefe da polícia, e ele, para refazer a sua imagem, acabou com todos os roubos da cidade, tornando-se um herói.

Poderá acontecer com o Renan? É difícil, mas quem sabe...

Belo Monte - Mais do que qualquer outro povo, nossa gente se preocupa com o meio-ambiente. Para poupar a floresta Amazônica em 300 km² reduzimos em Belo Monte a capacidade do reservatório em 80%. Os ambientalistas afirmam que a floresta que seria inundada tira do ar 30 MIL toneladas de CO² ao ano, o que é uma falácia, pois as florestas em seu clímax devolvem ao ar a mesma quantidade de CO² que retiram. Tudo bem, vamos fingir que acreditamos.

Não se fala que na seca teremos que ligar quatro termoelétricas a custos dobrados e jogando mais 240 MIL toneladas de CO² no ar, oito vezes mais do que alegam,mentirosamente, que a floresta poupar ia. Como se pode ver, os ambientalistas não pensam seriamente, mas usam de um arsenal de mentiras e não se importam em prejudicar o Brasil.

Marina - É difícil acreditar que a Marina Silva seja uma pessoa ingênua e de boas intenções, que não tenha optado, conscientemente, por defender os interesses das grandes potências que exercem o domínio econômico do mundo e pretendem o império político sob o comando anglo-americano.

Só resta perguntar o porquê desse internacionalismo dela, revestido da mensagem de salvar a natureza. Talvez seja por ambição de poder, mesmo sem aptidão para exercê-lo. Talvez por desejo de enriquecer, mesmo com corrupção, conforme já aventou o Deputado Aldo Rebelo em público. Talvez ainda chantageada por malfeitos anteriores que não devem vir a público.

Ela se tornou uma figura homenageada pelos grandes do mundo, mas, sobretudo, do eixo Washington-Londres. Seus admiradores lembram sua origem modesta, mas não se pode dizer que ela tenha mantido a “consciência de classe” pois suas alianças são próprias dos aproveitadores. Entretanto, isto pode ter influído no deslumbramento pelos afagos e homenagens que recebe do exterior. Se ela mantivesse a consciência de classe, desconfiaria desses mimos. Para dizer a verdade, bastaria a consciência de Pátria.

Redução dos juros – Enganados ou de má fé os monetaristas afirmam que, aumentando-se os juros da dívida governamental, se consegue controlar a inflação por haver menos dinheiro nas mãos da população. Isto é extremamente falacioso, na verdade aumenta o custo da produção e em consequência a inflação. Diminui a atividade econômica e isto aumenta o desemprego. É tudo de ruim. Deve-se levar ainda em conta a drenagem de riquezas causada pelos juros de dívidas externas e mesmo das internas quando estrangeiros são proprietários de títulos, como no nosso caso.

A maior parcela do orçamento é para pagar os juros. A redução dos juros imposta pela Presidente Dilma permitiu tocar obras de infraestrutura, ampliar um assistencialismo já exagerado e até mesmo reduzir alguns impostos. Foi corajosa, mas foi uma medida arriscada. Os rentistas internacionais e mesmo nacionais não a perdoarão. Farão tudo para não dar certo, da propaganda negativa à sabotagem. Se não tiverem chance nas urnas pensarão em como afastá-la.

A baixa dos juros, até agora continua, foi interrompida. Será que deu medinho?

No Exército

Novo Comando - Em sintonia com a Estratégia Nacional de Defesa, o nosso Exército adensa a presença na região amazônica e nas áreas de fronteira. Criará um novo Comando de quatro estrelas, o Comando Militar do Norte que cuidará dos estados do Amapá, Maranhão e Pará, uma área de cerca de 1,722 milhão de quilômetros quadrados. O estabelecimento do novo c omando, na Amazônia Oriental, criará melhores condições para as ações de planejamento, gestão e execução das atividades de defesa, segurança e proteção na região. As unidades do Exército existentes na área - 8ª Região Militar, 8ª Divisão de Exército e 23ª Brigada de Infantaria de Selva, com sedes nas cidades de Belém e Marabá - passam a se subordinar ao novo Comando.

Não sem razão, aumentou-se o número de caciques, mas é importante aumentar também o número de índios.

Escolha da Arma, na AMAN- Foi noticiado que a Intendência foi a escolha preferida dos novos cadetes. Isto causa estranheza pois, apesar da extrema importância da Intendência, falta-lhe o glamour das armas básicas, e nunca havia sido a preferida anteriormente.

A grande evasão de quadros bem treinados do Exército já acendia um sinal de alerta e o fato era totalmente atribuído a defasagem dos salários em relação aos outros servidores do Estado, mas se julgava que essa evasão ocorreria apenas quando os encargos de família obrigava, contra a vontade, ao oficial ou ao sargento a procurar uma carreira melhor remunerada do que a dos seus ideais. Agora, com a preferência pela Intendência na escolha da arma, constatou-se que as matérias desse curso facilitavam de muito a aptidão para os concursos públicos melhor remunerados, o que indica, de forma meridiana, que muitos já ingressam na carreira militar visando se preparar para outras melhores. No Curso de Intendência estuda-se muita coisa que cai em concursos- Contabilidade, legislação das licitações, etc.

Nenhuma censura a quem quer progredir na vida, mas isto não interessa ao Exército. A falha talvez esteja no sistema de recrutamento.

Sabemos que o Exército foi o primeiro a instituir concurso público honesto em nosso País. Ótimo, mas um concurso apenas intelectual classifica apenas os mais estudiosos, e que raramente os mais vocacionados para o combate, naquela fase da juventude, serão os mais estudiosos. Não se nega o valor do concurso intelectual, mas insistir em um recrutamento apenas livresco para os que se pretende guerreiros é como comprar um quadro pela moldura ou um brilhante pela armação. O fato é que sem certa índole guerreira em seu pessoal nenhum Exército se dará bem em combate.

Tem solução? Claro! Hoje dispomos de testes psicológicos que traçam com precisão o perfil de qualquer um, inclusive a adequação para as diferentes funções em serviço. É só fazer uma média ponderada entre a avaliação psicológica e o concurso intelectual.

Sem noção

A quase desconhecida “Polícia Legislativa”, criada por Sarney, tem autorização para escutas telefônicas, rastreamento e monitoramento que nem a ABIN, (que deveria ser o órgão maximo de Inteligência), possui.

Já foi flagrada efetuando prisões até fora da área do Legislativo. Alem de fornecer informações ao presidente do Senado. Existe a suspeita que seja usada para resolver os pequenos problemas que envolvam filhos de parlamentares, evitando as dores de cabeça que teriam os cidadãos comuns.

Inocentes úteis? - A maioria das ONGs locais finge não ter conhecimento que trabalham contra o seu país, contra seu povo, como se desconhecessem os objetivos da ONU que é a testa de ferro dos mais poderosos do mundo. Infelizmente o pior cego é o que aparenta não ver .

Desarmamento – A violência cresce, de forma alarmante, e já se encontra num patamar insuportavelmente elevado e extremamente preocupante. A impunidade não é o principal motivo, mas sim a política de “não reação” e o desarmamento da população honesta. Implantado por pressão internacional, sob o pretexto e evitar a violência, conseguiu em pouco tempo dobrar o número de assaltos e aumentar de muito o de homicídios. Motivo: a expectativa de que não haverá reação armada.

Injustiça - Adolfo Esbel, hoje com 86 anos, foi o último a ser expulso da Raposa / Serra do Sol, em 2009. Já passados quase 4 anos, com a garantia de que todos seriam reassentados em áreas de reforma agrária ou de regularização fundiária. Até hoje, claro, não foi. Adolfo nasceu lá e lá passou toda a sua vida. O chamam de invasor. Já que lhe restava pouco tempo de vida, devia ter resistido até a vitória ou a morte. O mesmo acontecerá com os produtores rurais do Mato Grosso, se não resistirem.

A mania de falar mal de nós mesmos - políticos e analfabetos políticos , inclusive professores não se cansam de repetir que "a nossa desgraça “foi termos sido colonizados pelos portugueses". Ao comparar, não sabem analisar as circunstâncias especiais da colonização norte-americana. Não lhes ocorre olhar a República da Guiana nem o Suriname.

Mercosul - O governo argentino pretende arrancar mais vantagens do Brasil, em mais uma revisão do acordo automotivo assinado em 2000 para acabar em 2005, mas a partir daí só tem sido prorrogado.

Desde o final dos governos militares que nossos dirigentes pensam que são “cidadãos do mundo”, como se fossem apátridas. Já estava em tempo de nos retirarmos de um Mercosul que só nos prejudica, bem como de qualquer organização internacional que nos prejudicar. 

Desnacionalização - Transnacionais adquirem, num processo crescente, ativos no Brasil e se estabelecem aqui sem nos permitir a absorção de tecnologia e do know-how vitais para o desenvolvimento e ainda contam com financiamentos do BNDES, a juros baixos, ou negativos, e isenção de impostos por vários anos, e ainda tem os ‘entendidos’ que ousam dizer que somos a 6ª. ou a 7ª. economia do mundo... parecem não ver que o nosso parque industrial e parte considerável de nossas fazendas de soja, milho, cana e laranja já se encontram na posse, mansa e pacífica, desses 'investidores' alienígenas . Ou aprendemo s com o pragmatismo chinês ou continuaremos a ver aquele país crescer vertiginosamente enquanto, mambembes, engatinhamos, nos reduzindo a uma expressão geográfica.

Que Deus guarde a todos nós

 

quinta-feira, 14 de março de 2013

Igreja, com Francisco I, reafirma seu poder temporal


 

O importante, na eleição do novo Papa - Francisco I -, o cardeal Jorge Mario Bergoglio, 76 anos, arcebispo de Buenos Aires, é o fato de ser o primeiro jesuita eleito, além de único da América Latina, em quase 13 séculos.

Desde 752, com o italiano Santo Estevão II, a Igreja Católica vem elegendo papas de origem européia (italianos, franceses e alemães, e o polones Karol Wojtyla, João Paulo II). Anteriormente a essa data, foram eleitos vários papas de origem grega, um sírio e um africano.

A eleição de um jesuita pode significar a reafirmação da expressão do poder temporal da Igreja, não obstante a figura franciscana que represente esta reafirmação, no intrincado jogo de poder mundial, em que a presença da Santa Sé em todos os campos–político, econômico, militar, científico-tecnológico e ambiental- não apenas determina, mas se adapta ao fluxo da globalização, em sintonia com a hegemonia dos Estados Unidos, a ascensão da China, o soluço econômico da Europa liderada pela Alemanha, o potencial de riquezas da América Latina e a articulação dos demais centros de poder.

Se Deus escreve por linhas tortas, como diz o adágio popular, o Vaticano escreve por linhas transversas, conferindo à Espanha um destaque estratégico. E por que à Espanha? A Espanha nunca teve um papa, embora seja o país do basco São Josemaria Escrivá de Balaguer, que fundou, em 1928, a “Opus Dei”, hoje prelazia do Vaticano (seus membros só prestam conta ao Papa) e seu atuante braço direito, contracenando com a Companhia de Jesus, espécie de braço esquerdo, fundada bem antes, em 1534, em Paris, pelo também basco Inácio de Loyola e atualmente tendo como prepósito geral outro espanhol, o bispo Adolfo Nicolás, eleito em 2008, o qual muitos analistas denominam “o papa negro”. Essa denominação reflete o poder adquirido pelo ex-prepósito, Pedro Arrupe, inimigo de João Paulo II.

Ainda não foi desta vez que o Brasil, maior país católico do mundo, elegeu um papa, mas a obra dos jesuítas no Brasil é tão vasta, desde 1549, com Manuel da Nóbrega, Anchieta, Antonio Vieira e outros filhos do “pai Inácio de Loiola”, que a proximidade geográfica entre Brasil e Argentina torna emblemática para a América do Sul a eleição de Francisco I. Obama sinalizou com a crescente importância da América Latina no próprio peso das decisões políticas dos Estados Unidos, ao comentar a escolha de um papa argentino.

Hoje em dia, no mundo inteiro, mais de 19 mil jesuítas, com a colaboração de 100 mil leigos, levam a ação educacional a mais de 2000 instituições de ensino, abrangendo 1,5 milhão de jovens e adultos em 112 países e em seis continentes. A Companhia de Jesus já deu à Igreja 41 santos (entre os quais 27 mártires) e 139 beatos (dos quais 131 mártires). (dados fornecidos pelo Google e pelo Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana – FEI/SP).

Em diversos países da América Latina, a obra missionária jesuítica não apenas fincou importantes  marcos civilizatórios (escolas, igrejas, museus, etc.), como também contribuiu para a difusão da doutrina católica, proporcionando à Igreja importante e decisiva influência em todas as expressões do poder, em especial no processo da Contra-Reforma...

Nesse aspecto, o jesuita Francisco I viria também para conter  o avanço dos evangélicos  e em toda a região, para debelar a teoria segundo a qual haveria interesse dos Estados Unidos em estimular o movimento evangélico para quebrar a espinha dorsal da Igreja Católica e impor a ética protestante,favorável ao espírito capitalista, na visão do sociólogo Max Weber. O avanço do esoterismo no mundo inteiro seria outra preocupação da Igreja.

No Brasil, não bastassem as fundações de cidades como Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Belém, São Luiz, Porto Alegre, Florianópolis, João Pessoa, Santos, Olinda, Ilhéus, Paranaguá, entre outras, os jesuítas possuem as universidades Catolica do Rio de Janeiro, Catolica de Pernambuco, do Vale do Rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul, e o Centro Universitario FEI, em São Paulo, além de outros estabelecimentos de ensino.

A “Opus Dei” é dirigida pelo bispo espanhol Javier Echevarria Rodriguéz e seus membros, espalhados pelo mundo inteiro, são religiosos e leigos, casados e solteiros. No Brasil, supostamente com cerca de 1700 adeptos, se implantou na década dos 50, e teria em suas fileiras o atual governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, sobrinho do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal no Governo Médici, José Geraldo Rodrigues Alckmin, e o ex-ministro e tributarista Ives Gandra da Silva Martins, irmão do maestro João Carlos Martins.

Sabe-se que a “Opus” tem presença ativa em Brasília, “locus” da política nacional, e que teria intenção de eleger Geraldo Alckmin presidente do Brasil. Por esse ângulo, a disputa dentro do Partido da Social Democracia Brasileira – PSDB-, entre Alckmin e o senador Aécio Neves, para se obter a candidatura à Presidência, nas eleições de 2014, pode se  tornar acirrada, favorecendo o candidato que melhor representar a possibilidade de contenção do crescimento evangélico no Brasil.

Teorias conspiratórias à parte, a “Opus Dei” elegeu João Paulo II e se consolidou como opção ultra conservadora da Igreja, mas suas supostas rivalidades com a Companhia de Jesus, progressista, fazem parte da estratégia das organizações complexas (a maior delas a Igreja) de explorar a natureza dialética do poder alimentando os caudais de idéias e nutrindo a teoria dos opostos. Loiola e Balaguer são opostos que se somam para a obra de Deus e, assim, vêm controlando o Vaticano, nas últimas décadas, com a aprovação do cardeal Ratzinger, Bento XVI, que renunciou ao Trono de São Pedro.

sábado, 9 de março de 2013

Estado e Desenvolvimento



Adriano Benayon *

01. O Estado costuma ser regido pela classe dominante. Nos países ditos desenvolvidos, a grande burguesia ganhou essa condição, graças a políticas de Estado voltadas para o engrandecimento do poder nacional.
02. O poder do Estado foi usado para fortalecer empresas estatais e privadas de capital nacional, desenvolvendo tecnologias próprias. Os capitalistas já tinham no Estado um instrumento para erguer seu próprio poder, embora ainda não tivessem completa ascendência sobre aquele, nem sobre seus quadros civis e militares.
03. Os grandes bancos e empresas industriais foram formando um sistema de poder controlado por poucos potentados, todos com “investimentos” em todas essas áreas, além de estreitos vínculos interempresariais.
04. Concentrado assim, o capital “privado” passou a predominar inquestionavelmente sobre as autoridades do Estado, bem como sobre os tecnocratas e as forças armadas.
05. Esse processo foi acompanhado pela propagação da ideologia liberal e por instituições de aparência democrática, tais como eleições periódicas, suposta divisão dos poderes do Estado.
06. Tais formas perderam todo conteúdo democrático que pudessem ter tido, através do controle das eleições por meio das campanhas alimentadas por quantias somente accessíveis aos concentradores de capital, também comandantes diretos ou indiretos dos meios de comunicação.
07. Essa é realidade política e econômica dos países centrais, a qual levou aos absurdos da financeirização, culminando com o Estado a passar aos banqueiros dezenas de trilhões de dólares das receitas tributárias e da emissão de moeda e de títulos, além de suscitar a emissão também pelos bancos centrais e pelos próprios bancos privados.
08. Assim, o Estado endividou-se para favorecer grandes bancos, cujos controladores e executivos já se haviam locupletado enormemente durante os anos da proliferação dos ativos financeiros que criaram e que se revelaram, mais tarde, títulos podres.
09. Notavelmente, exigem sacrifícios de trabalhadores, aposentados e da grande massa dos produtores e consumidores.
Brasil
10. Os concentradores mundiais, há séculos, projetam seu poder em numerosos países de todos os continentes, dominando-os diretamente ou através de grupos locais. No Brasil, desde há séculos, aliaram-se a proprietários de terra e/ou mineradores, servindo-se deles para penetrar na sociedade local e obter elevados ganhos comerciais e como banqueiros credores e concessionários de serviços públicos.
11. Isso se deu, primeiro, através do comércio, tornando a burguesia local dependente da exportação para ter acesso ao padrão de vida dos ricos das economias centrais.
12. No Brasil, segmentos locais – da burguesia industrial, de estamentos militar e burocrático, e dos trabalhadores - aspiraram, na primeira metade do Século XX, a tornar o Estado instrumento da autonomia nacional, livrando o País da condição de zona de exploração, administrada em função dos interesses de empresas estrangeiras.
13. Até 1930, o Estado foi, em geral, governado por representantes da burguesia“compradora”: grandes fazendeiros de café, produto cujas receitas de exportação eram, em grande parte, absorvidas pelo serviço da dívida externa e cuja comercialização era controlada por casas comerciais estrangeiras
14. Ainda assim, formou-se apreciável industrialização, graças à falta de divisas para importação.
15. Apesar de ter introduzido mudanças estruturais importantes, a Revolução de outubro de 1930 contemplou os interesses dos cafeicultores, determinando a queima de estoques de café e emitiu moeda para pagar os produtores, com o que atenuou os efeitos internos da brutal queda do preço e da quantidade exportada, desde o eclodir da depressão nos EUA.
16. Isso, junto com a falta de divisas para importar, fortaleceu a industrialização. Além disso, foram aprovadas leis para colocar o subsolo sob a autoridade da União e aparelhar o Estado, organizando carreiras no serviço público civil, através de concursos e da formação de quadros e técnicos.
17. Ao mesmo tempo, foram criadas instituições de pesquisa tecnológica, inclusive nas Forças Armadas. Ademais, foi instituída a legislação trabalhista, e criados os Institutos de Previdência, autarquias e estatais para fomentar produções essenciais e estratégicas. Foi fundada a primeira siderúrgica integrada e a Fábrica Nacional de Motores.
18. Não admira que, terminada a Segunda Guerra Mundial, Getúlio Vargas, tenha sido, em 1945, defenestrado pelos interesses imperiais. Seguiu-se o interregno entreguista do Marechal Dutra (1946-1950). Vargas, eleito em 1950, foi nova e definitivamente derrubado por conspiração dirigida por serviços secretos estrangeiros, em agosto de 1954, após difíceis avanços em seu projeto de construção nacional.
19. Apesar de estes terem ocorrido desde o início do Século XX, e se intensificado na Era Vargas, não foram suficientes para tornar o País capaz de resistir à pressão imperial. Daí em diante, o País voltou a sofrer o aumento das dependências cultural, financeira e tecnológica.
20. Isso aconteceu desde o governo militar-udenista (1954-1955) e prosseguiu com JK, que abraçou a dependência tecnológica como política de governo, ampliando os subsídios instituídos desde 1954 em favor das empresas transnacionais.
21. Seguiu-se a instabilidade, agravada pela ação das agências dos governos imperiais no quadro da Guerra Fria, os quais investiram no anticomunismo para alinhar, ainda mais que antes, as elites locais às potências anglo-americanas. O primeiro dos governos militares, em 1964, entregou a economia a Roberto Campos, e este instituiu políticas que destruíram grande parte das empresas de capital nacional.
22. Os governos militares seguintes, tal como JK, tentaram promover o desenvolvimento, sem entender que este é incompatível com as dependências financeira e tecnológica.
23. Assim, os saldos negativos nas transações correntes ganharam vulto maior, devido às transferências das multinacionais ao exterior e ao endividamento do Estado, empenhado em investir na infra-estrutura e indústrias básicas, em apoio às multinacionais, com projetos regidos pelo Banco Mundial e financiados por bancos estrangeiros.
24. Daí a explosão da dívida externa (segunda metade dos anos 70), a qual se tornou poderoso instrumento adicional da subordinação do País.
25. Esgotaram-se os recursos para a infra-estrutura, ficando tudo subordinado ao serviço da dívida. Além disso, a entrada de investimentos diretos estrangeiros para“equilibrar” o balanço de pagamentos redundou na desnacionalização quase completa da economia, realimentando os déficits externos e o crescimento das dívidas externa e interna.
26. A desnacionalização nesse grau implica regressão em relação à República Velha (1889-1930), quando os interesses estrangeiros ainda precisavam da intermediação das elites locais.
27. A partir de FHC, as empresas transnacionais determinam diretamente as políticas públicas e constituem a classe dominante, inclusive por controlarem diretamente quase toda a estrutura produtiva e financeira.
28. O investimento direto estrangeiro é o veículo da periferização por dentro, muito mais profunda que a antiga, através só do comércio exterior.
* - Adriano Benayon é doutor em economia e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento.

 

quinta-feira, 7 de março de 2013

Venezuela e o efêmero "Chavismo"


Tantas loas à figura do presidente Hugo Chàvez, da Venezuela, morto por um câncer, significam que o “Chavismo” ainda detém as rédeas do poder e fará o sucessor, não necessariamente o atual vice, Nicolás Maduro, também politicamente escolado em Cuba, porque  há uma ferrenha disputa interna do poder venezuelano.
Chàvez foi um ditador de porte limitado, se comparado com outros ditadores latinos, como o haitiano François Duvalier (“Papa Doc”), o dominicano  Rafael Trujillo, o paraguaio  Alfredo Stroessner, o argentino Peron, o cubano Fidel Castro (ainda presente), o chileno Augusto Pinochet e... o brasileiro Getúlio Vargas - todos hoje relegados a um relativo  esquecimento.
Mesmo Getúlio Vargas, internacionalmente reconhecido como estadista, tende a cair na vala comum da história, onde se encontra a maioria dos próceres políticos mundiais, com exceções de cerca de uma centena de nomes cuja citação não cabe aqui. Chàvez, com “Chavismo” e tudo, não será lembrado por muito tempo.
Mas, o que é o “Chavismo” e qual a herança que Chàvez deixou para os venezuelanos, com sua ditadura que  amordaçou  jornalistas, juízes e opositores ao regime?
O “Chavismo” gira em torno da figura de Hugo Chàvez e de uma proposta socialista baseada nas idéias de personalidades que variam de Simon Bolívar a Che Guevara. O “Chavismo” é mais um logotipo do que uma ideologia, utilizado pela elite venezuelana detentora do poder. A tendência é o logotipo mudar a médio prazo, mas sempre com a fachada democrática
O legado de Chàvez ao altivo povo venezuelano estaria nas suas obras de assistencialismo social, na sua postura  internacional agressiva, nas articulações de projetos de integração  e desenvolvimento econômicos com países vizinhos, no reequipamento das Forças Armadas e na busca de valorização do petróleo venezuelano.
O Presidente Lula, ao contrário do que a mídia divulga, não era tão afinado pessoalmente com Presidente Chàvez, pois ambos transitavam numa faixa concorrencial de liderança populista na América Latina, e seus egos se chocavam... Mas era necessária  a união das esquerdas no continente para a defesa de interesses comuns.
Lula considerava , em declarações à imprensa,a Venezuela muito diferente do Brasil, que, a seu ver, tem instituições tradicionais; os rompantes de Chàvez deixavam Lula ressabiado.O que seria o maior projeto dos governos Lula/Chàvez, a construção da refinaria de petróleo em Ipojuca, no estado de Pernambuco, continua com sua execução lenta. As obras começaram em 2007 e a previsão era de que terminassem em 2011.
A refinaria Abreu e Lima é uma síntese das relações entre os dois países: Carrega o nome do general brasileiro que pertenceu ao estado-maior de Simon Bolívar, que lutou pela independência da Venezuela.
Talvez maior influência tenha sido exercida sobre o “Chavismo”, na sua fase germinal, pelo Governo Fernando Henrique Cardoso, que acompanhou de perto todo o movimento que levou Chàvez ao poder, interagindo com os principais agentes civis e militares do regime em gestação. Conheci pessoalmente dois desses agentes, que propalavam na época (final dos anos 90) as idéias de um coronel venezuelano visando à fundação de uma “república bolivariana”.
Demonstravam convicção quanto ao ideário político de Chàvez e, certamente, compunham a nata do que se tornou o atual stablishment venezuelano, que, há décadas, se reproduz e atua em sintonia com a concorrência no mercado mundial de produção e refino do petróleo...
Bolívar dizia que a América Latina é um viveiro de ditadores e que pregar a democracia na região equivale a “arar no mar”... Falsos democratas continuam proliferando na região, e a Venezuela não escapa dessa realidade.

Igreja Católica perde trincheira dos direitos humanos na Câmara dos Deputados


Enquanto o Vaticano se prepara para eleger o novo Papa, dentro de um clima de perplexidade residual pela renúncia de Bento XVI - o cardeal Joseph Ratzinger -, a Igreja Católica no Brasil perde uma importante trincheira das pastorais sociais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB-, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, conquistada numa verdadeira “blitzkrieg” pela representação política das correntes evangélicas brasileiras.
Com 18 membros, dos quais 13 são pastores evangélicos, a Comissão elegeu, em concorrida sessão realizada ontem, o deputado Marco Feliciano, do Partido Socialista Cristão–PSC-, representante do Estado de São Paulo, ficando demonstrada a capacidade de articulação da bancada das confissões evangélicas, cujo número de adeptos no Brasil vem aumentando a cada ano, gerando preocupações para a Igreja Católica. Cerca de 87% da população brasileira é cristã, sendo 65% composta por católicos, mas os evangélicos já somam mais de 22%.
Houve choro e ranger de dentes de deputados contrários à indicação de Feliciano e de representantes de entidades detentoras tradicionais da bandeira dos direitos humanos na Câmara, entre as quais o Movimento Nacional de Direitos Humanos, que fez campanha nacional acusando Feliciano da prática de homofobia e de oposição aos direitos das minorias. Foi necessária a presença da polícia legislativa para garantir a sessão, fato raro no âmbito das comissões técnicas da Casa.
Conversei com diversos parlamentares sobre o fato, os quais consideraram que a conquista daquela Comissão pelos evangélicos é resultado do desprezo manifestado pelos partidos da base parlamentar do Governo, em especial o Partido dos Trabalhadores –PT- e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro –PMDB- por essa comissão temática, com a priorização dos comandos das  comissões que decidem sobre questões jurídicas, econômicas, financeiras e orçamentárias.
Em última análise, a questão dos direitos humanos incomoda o Governo, já às voltas com a insatisfação de setores das Forças Armadas com o funcionamento da denominada Comissão da Verdade, que apura crimes ocorridos durante a vigência do regime militar instaurado em 1964.
A figura de Dom Paulo Evaristo Arns, na época cardeal-arcebispo de São Paulo, nomeado por Paulo VI e contemporâneo de Joseph Ratzinger, ganhou notoriedade internacional pela sua luta na defesa dos direitos humanos,no período de 1964 a 1985. Sua atuação garantiu verdadeiro monopólio dessa bandeira para os católicos no Congresso Nacional, nas últimas décadas.
Atualmente com 91 anos de idade e vivendo num convento em Taboão da Serra, no interior do Estado de São Paulo, Dom Evaristo, que completou 40 anos de cardinalato, no último dia 5, não tem outra  alternativa além de amargar esse revés da Igreja Católica.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Chàvez deixou tudo pronto antes de ir embora


 
Poucos líderes mundiais – e ele pode ser situado neste patamar, porque propagou sua mensagem pelos cinco continentes – organizaram-se para a morte, ainda que corresse de medo dela. Nos quase dois anos de sua agonia, um dos quais governando da perseguida Cuba, Hugo Rafael Chávez Frías preparou não só sua sucessão como, principalmente, a continuação do legado que deixou para a sua pátria, a Venezuela, e junto com ela, os povos oprimidos da América Latina e do resto do planeta.
 
De Gaulle, Lênin, Getúlio e Perón não tiveram esta sorte. O próprio Simón Bolívar, seu grande mentor, morreu solitário no exílio de Santa Marta, esquecido e ultrajado, depois de ter conduzido a libertação de quase todos os países irmãos. Já Hugo Chávez, um militar da melhor cepa e com o descortino de um general romano, morreu esta tarde em plena glória, não das vaidades pessoais, mas da suprema realização de ter levantado todo um continente no rumo da unidade e da libertação.
 
Ainda no leito da morte, ele, que permaneceu consciente até o derradeiro momento, deu sinal de que a revolução bolivariana seguiria sem sua presença física: mandou expulsar dois militares da Embaixada dos Estados Unidos, em Caracas, que estavam atraindo generais para a conspiração para a fase pós-Chávez.
Aquilo não era um aviso de que a era que ele iniciou, em 1999, determinando o fim do analfabetismo e da arrancada na educação, na assistência médica universal, no intercâmbio e na soberania continental, iria continuar nas mãos de presidentes tão comprometidos quanto ele com a causa: Nicolás Maduro, Cristina Kirchner, Evo Morales, Rafael Correa, Daniel Ortega, Pepe Mujica, Lula e Dilma.
 
Estes presidentes, eleitos e reeleitos por consagradoras maiorias, já tinham dado demonstração de que segurariam a peteca e que só tendem a se fortalecer e unir cada vez mais para garantir as transformações que já vem realizando em seus respectivos países. Na sua missão solidária, Chávez, igualmente, estendera as mãos a outros presidentes, que, embora com ideologias diferentes, contribuíram para conquistas integradoras, como a Unasul e a Celac e a preservação da paz, antes ameaçadas por conflitos como aquele entre a Colômbia e a Venezuela. Certamente, Juan Manuel Santos, Sebastián Piñera e Enrique Peña Nieto estarão nas exéquias do grande venezuelano, reforçando, assim, os laços de amizade e cooperação.
 
Mas, é importante recordar como Hugo Chávez cuidou de assegurar, com medidas aparentemente simples, mas efetivas, a continuidade da revolução bolivariana, dentro e fora de seu país. Já muito doente e quase não podendo se mover, ele, pessoalmente, e do leito do hospital em Havana, estruturou e conduziu sua campanha presidencial de 2012, uma das mais árduas e complexas de seu período. A foto que ilustra este artigo, o presidente canceroso enfrentando uma chuva torrencial nas ruas caraquenhas, dá uma dimensão do tremendo esforço de que era capaz para ver realizados seus desígnios.
 
Depois daquela vitória esmagadora de sete de outubro, arrostando uma guerra psicológica das mais demoníacas, impulsionada pelos meios de comunicação, a partir dos grandes centros da Europa, Estados Unidos, Brasil, Argentina e Colômbia, ele ainda preparou a campanha da eleição que se daria dali a um mês para os governos dos 23 Estados venezuelanos.

Ganharia em 20 dos 23 Estados, nocauteando mais uma vez a canalha midiática. Detalhe: dentre os 20 governadores eleitos, há 11 militares, inclusive um ex-comandante do Exército, na maioria seus companheiros do levante que liderou contra o presidente Carlos Andrés Pérez,em 1992. Eles integram a logística armada pelo comandante para conter as arremetidas golpistas que certamente surgirão, principalmente da oligarquia venezuelana, cujo candidato presidencial foihá pouco flagrado em Miami, reunindo-se com renomados golpistas anti-casrtristas com o fim de obter fundos de campanha.

Em 7 de dezembro, Hugo Chávez sentiu que não sobreviveria ao cãncer e designou seu vice-presidente, o antigo Chanceler e ex-motorista de ônibus Nicolás Maduro, como seu candidato a presidente nas eleições que vão definir sua sucessão. Chávez também cuidou de colocar outro militar (na Venezuela, os militares são idolatrados por serem muito competentes e por terem dado exemplos de patriotismo e humanismo, sobretudo nos desastres e furacões) para a presidência do Parlamento, a unicameral Assembleia Legislativa, e do partido governista, o Psuv .
 
Trata-se de Diosdado Cabello, ex-vice-presidente da República (ele comandou o resgate do presidente quando Chávez foi derrubado e preso, por cerca de 48horas, em 2002) e com franco trânsito nas Forças Armadas. Enquanto fazia essas articulações no plano interno, Hugo Chávez, já bastante debilitado, escreve uma carta aos militares, pedindo-lhes a defesa da revolução, e outra aos presidentes latino-americanos reunidos na CELAC – Comunidade de Estados Latino-Americanos -, que ele fundou já doente, em Caracas, em 2011, exaltando-os a lutar pela integração e a unidade de seus países frente ao perigo maior que vem de fora. São ambas exemplos de tirocínio e desapego pessoal.

Assim preparado e, possivelmente, muito feliz, Hugo Chávez entrou para a história, como o fez nosso Getúlio Vargas,em 1954. Aos 58 anos, quando a muitos começam a vida política, o tenente-coronel paraquedista foi embora, certo de que sua obra será seguida não apenas pelos homens e mulheres eleitos pelos países irmãos, mas sobretudo pelas circunstâncias que ele propiciou nos seus 14 anos de líder continental e que faz dessa Latinamerica não mais um quintal (patio trasero para os hermanos) mas um novo polo estratégico para este mundo cada vez menos unipolar.

domingo, 3 de março de 2013

Aécio Neves fustiga o PT e define tom da oposição ao Governo Dilma

Atendendo a pedidos de leitores, que me enviaram o texto, publico na íntegra discurso proferido pelo senador Aécio Neves, do Partido Socialista Democrático Brasileiro- PSDB-, representante do Estado de Minas Gerais, futuro presidente da sigla e provável candidato pela mesma às eleições presidenciais de 2014.
"Senhor presidente,
Senhoras e senhores senadores,
Aproveito a oportunidade, extremamente emblemática, em que o Partido dos Trabalhadores festeja os seus 33 anos de existência --e uma década de exercício de poder à frente da Presidência-- para emprestar-lhes alguma colaboração crítica.
Confesso que o faço neste momento completamente à vontade, haja vista a cartilha especialmente produzida pela legenda para celebrar a ocasião festiva.
Nela, de forma incorreta, o PT trata como iguais as conjunturas e realidades absolutamente diferentes que marcaram os governos do PSDB e do PT.
Ao escolher comemorar o seu aniversário falando do PSDB, o PT transformou o nosso partido no convidado de honra da sua festa.
Eu aceito o convite até porque temos muito o que dizer aos nossos anfitriões.
Apesar do esforço do partido em se apresentar como redentor do Brasil moderno, é justo assinalar algumas ausências importantes na celebração petista.
Nela, não estão presentes a autocrítica, a humildade e o reconhecimento. Essas são algumas das matérias-primas fundamentais do fazer diário da política e que, infelizmente, parecem estar sempre em falta na prática dos nossos adversários.
Mas afinal, qual é o PT que celebra aniversário hoje?
O que fez do discurso da ética, durante anos, a sua principal bandeira eleitoral, ou o que defende em praça pública os réus do mensalão?
O que condenou com ferocidade as privatizações conduzidas pelo PSDB ou o que as realiza hoje, sem qualquer constrangimento?
O que discursa defendendo um Estado forte ou o que coloca em risco as principais empresas públicas nacionais, como a Petrobras e a Eletrobras?
O Brasil clama por saber: qual PT aniversaria hoje?
O que ocupou as ruas lutando pelas liberdades ou o que, no poder, apoia ditaduras e defende o controle da imprensa?
O PT que considerava inalienáveis os direitos individuais ou o que se sente ameaçado por uma ativista cuja única arma é a sua consciência?
A verdade é que hoje seria um bom dia para que o PT revisitasse a sua própria trajetória, não pelo espelho do narcisismo, mas pelos olhos da história.
Até porque, ao contrário do que tenta fazer crer a propaganda oficial, o Brasil não foi descoberto em 2003.
Onde esteve o PT em momentos cruciais, que ajudaram o Brasil a ser o que é hoje?
Como já disse aqui, todas as vezes que o PT precisou escolher entre o PT e o Brasil, o PT escolheu o PT.
Foi assim quando negou seu apoio a Tancredo no Colégio Eleitoral para garantir o nosso reencontro com a democracia.
Foi assim quando renegou a constituição cidadã de Ulysses.
Quando eximiu-se de qualquer contribuição à governabilidade no governo Itamar Franco e quando se opôs ao Plano Real e à Lei de Responsabilidade Fiscal.
Em todos esses instantes o PT optou pelo projeto do PT.
Fato é que, no governo, deram continuidade às políticas criadas e implantadas pelo presidente Fernando Henrique.
E fizeram isso sem jamais reconhecer a enorme contribuição dada pelo governo do PSDB na construção das bases que permitiram importantes conquistas alcançadas no período de governo do PT.
No governo ou na oposição temos as mesmas posições.
Não confundimos convicção com conveniência.
Nossas convicções não nos impedem de reconhecer que nossos adversários, ao prosseguirem com ações herdadas do nosso governo, alcançaram alguns avanços importantes para o Brasil.
Da mesma forma, são elas, as nossas convicções, que sustentam as críticas que fazemos aos descaminhos da atual gestão federal.
Senhoras e senhores senadores,
A presidente Dilma Rousseff chega à metade de seu mandato longe de cumprir as promessas da campanha de 2010.
Há uma infinidade de compromissos simplesmente sublimados.
A incapacidade de gestão se adensou, as dificuldades aumentaram, e o Brasil parou.
Os pilares da economia estão em rápida deterioração, colocando em risco conquistas que a sociedade brasileira logrou anos para alcançar, como a estabilidade da moeda.
Senhoras e senhores,
Sei que a grande maioria das senadoras e senadores conhece as dezenas de incongruências deste governo, que têm feito o país adernar em um mar de ineficiência e equívocos.
Mas o resultado do conjunto da obra é bem maior do que a soma de suas partes
Nos poucos minutos de que disponho hoje gostaria de convidá-los a percorrer comigo 13 dos maiores fracassos e das mais graves ameaças ao nosso futuro produzidos pelo governo que hoje comemora 10 anos.
Confesso que não foi fácil escolher apenas 13 pontos.
1. O comprometimento do nosso desenvolvimento
Tivemos um biênio perdido, com o PIB per capita avançando minúsculo 1%. Superamos em crescimento na região apenas o Paraguai. Um quadro inimaginável há alguns anos.
2. A paralisia do país: o PAC da propaganda e do marketing.
O crítico problema da infraestrutura permanece intocado. As condições de nossas rodovias, portos e aeroportos nos empurram para as piores colocações dos rankings mundiais de competitividade. O Brasil está parado.
São raras as obras que se transformaram em realidade e extenso o rol das iniciativas que só serve à propaganda petista.
3. O tempo perdido: A indústria sucateada.
O setor industrial - que tradicionalmente costuma pagar os melhores salários e induzir a inovação na cadeia produtiva - praticamente não tem gerado empregos. Agora começa a desempregar, como mostrou o IBGE. Estamos voltando à era JK, quando éramos meros exportadores de commodities.
4. Inflação em alta: a estabilidade ameaçada.
O PT nunca valorizou a estabilidade da moeda.
Na oposição, combateu o Plano Real.
O resultado é que temos hoje inflação alta, persistentemente acima da meta, com baixíssimo crescimento. Quem mais perde são os mais pobres.
5. Perda da Credibilidade: A Contabilidade criativa
A má gestão econômica obrigou o PT a malabarismos inéditos e manobras contábeis que estão jogando por terra a credibilidade fiscal duramente conquistada pelo país.
Para fechar as contas, instaurou-se o uso promíscuo de recursos públicos, do caixa do Tesouro, de ativos do BNDES, de dividendos de estatais, de poupança do Fundo Soberano e até do FGTS dos trabalhadores.
Recorro ao insuspeito ministro Delfim Neto, um próximo conselheiro da presidente da república, que publicamente afirmou:
"Trata-se de uma sucessão de espertezas capazes de destruir o esforço de transparência que culminou na magnífica Lei de Responsabilidade Fiscal, duramente combatida pelo Partido dos Trabalhadores na sua fase de pré-entendimento da realidade nacional, mas que continua sob seu permanente ataque".
A quebra de seriedade da política econômica produzidas por tais alquimias não tem qualquer efeito prático, mas tem custo devastador.
6. A destruição do patrimônio nacional: a derrocada da Petrobras e o desmonte das estatais.
Em poucos anos, a Petrobras teve perda brutal no seu valor de mercado.
É difícil para o nosso orgulho brasileiro saber que a Petrobras vale menos que a empresa petroleira da Colômbia.
Como o PT conseguiu destruir as finanças da maior empresa brasileira em tão pouco tempo e de forma tão nefasta?
Outras empresas estatais vão pelo mesmo caminho.
Escreveu recentemente o economista José Roberto Mendonça de Barros:
"Não deixa de ser curioso que o governo mais adepto do estado forte desde Geisel tenha produzido uma regulação que enfraqueceu tanto as suas companhias".
7. O eterno país do futuro: o mito da autossuficiência e a implosão do etano.
Todos se lembram que o PT alçou a Petrobras e as descobertas do pré-sal à posição de símbolos nacionais. Anunciou em 2006, com as mãos sujas de óleo, que éramos autossuficientes na produção de petróleo e combustíveis.
Pouco tempo depois, porém, não apenas somos importadores de derivados como compramos etanol dos Estados Unidos.
8. Ausência de planejamento: O risco de apagão
No ano passado, especialistas apontavam que o governo Dilma foi salvo do racionamento de energia pelo péssimo desempenho da economia, mas o risco permanece.
Os "apaguinhos" só não são mais frequentes porque o parque termoelétrico herdado da gestão FHC está funcionando com capacidade máxima.
A correta opção da energia eólica padece com os erros de planejamento do PT: usinas prontas não operam porque não dispõem de linhas de transmissão.
9. Desmantelamento da Federação: interesses do pais subjugados a um projeto de poder.
O governo adota uma prática perversa que visa fragilizar estados e municípios com o objetivo de retirar-lhes autonomia e fazê-los curvar diante do poder central.
O governo federal não assume, como deveria, o papel de coordenador das discussões vitais para a Federação como as que envolvem as dividas dos estados, os critérios de divisão do FPE e os royalties do petróleo assistindo passivamente à crescente conflagração entre as regiões e estados brasileiros
Assiste, também passivamente, ao trágico do Nordeste, onde faltam medidas contra seca.
10. Brasil inseguro: Insegurança pública e o flagelo das drogas
Muitos brasileiros talvez não saibam, mas apesar da propaganda oficial, 87% de tudo investido em segurança pública no Brasil vêm dos cofres municipais e estaduais e apenas 13% da União.
Os gastos são decrescentes e insuficientes: no ano passado, apenas 24% dos R$ 3 bilhões previstos no Orçamento foram investidos. E isso a despeito de, entre 2011 e 2012, a União já ter reduzido em 21% seus investimentos em segurança.
Um dos efeitos mais nefastos dessa omissão é a alarmante expansão do consumo de crack no país. E registro a corajosa posição do governador Geraldo Alckmin nessa questão.
11. Descaso na saúde, frustração na educação
O governo federal impediu, através da sua base no Congresso, que fosse fixado um patamar mínimo de investimento em saúde pela esfera federal. O descompromisso e as sucessivas manobras com investimentos anunciados e não executados na área agridem milhões de brasileiros.
Enquanto os municípios devem dispor de 15% de seus recursos em saúde, os estados 12%, o governo federal negou-se a investir 10%.
As grandes conquistas na área da saúde continuam sendo as do governo do PSDB: Saúde da Família, genéricos, política de combate à AIDS.
Com a educação está acontecendo o mesmo. O governo herdou a universalização do ensino fundamental, mas foi incapaz de elevar o nível da qualidade em sala de aula.
Segundo denúncias da imprensa, das 6.000 novas creches prometidas em 2010, no final de 2012, apenas 7 haviam sido entregues.
12. O mau exemplo: o estímulo à intolerância e o autoritarismo.
Setores do PT estimulam a intolerância como instrumento de ação política. Tratam adversário como inimigo a ser abatido.
Tentam, e já tentaram cercear a liberdade de imprensa.
E para tentar desqualificar as críticas, atacam e desqualificam os críticos, numa tática autoritária.
Para fugir do debate democrático, transformam em alvo os que têm a coragem de apontar seus erro.
A grande verdade é que o governo petista não dialoga com essa Casa, mantendo-o subordinado a seus interesses e conveniências, reduzindo-o a mero homologador de Medidas Provisórias.
13. A defesa dos maus feitos: a complacência com os desvios ético.
O recrudescimento do autoritarismo e da intolerância tem direta ligação com a complacência com que setores do petismo lidam com práticas que afrontam a consciência ética do país. Os casos de corrupção se sucedem, paralisando áreas inteiras do governo.
Não falta quem chegue a defender em praça pública a prática de ilegalidades sobre a ótica de que os fins justificam os meios.
Ao transformar a ética em componente menor da ação política, o PT presta enorme desserviço ao país, em especial às novas gerações.
Senhoras e senhores,
A grande verdade é, nestes dez anos, o PT está exaurindo a herança bendita que o governo Fernando Henrique lhe legou.
A ameaça da inflação, a quebra de confiança dos investidores, o descalabro das contas públicas são exemplos de crônica má gestão.
No campo político, não há mais espaço para tolerar o intolerável.
É intolerável, senhoras e senhores, a apropriação indevida da rede nacional de rádio e TV para que o governante possa combater adversários e fazer proselitismo eleitoral.
É intolerável o governo brasileiro receber de representantes de um governo amigo do PT informações para serem usadas contra uma cidadã estrangeira em visita ao nosso país.
Diariamente, assistimos serem ultrapassados os limites que deveriam separar o público do partidário.
E não falo apenas de legalidade. Falo de legitimidade.
Vejo que há quem sente falta da oposição barulhenta, muitas vezes irresponsável feita pelo PT no passado.
Pois digo com absoluta clareza: não seremos e nem faremos esta oposição.
Agir como o PT agiu enquanto oposição faria com que fôssemos iguais a eles.
E não somos.
Não fazemos oposição ao Brasil e aos brasileiros. Jamais fizemos.
Tentando mais uma vez dividir o país entre o nós e o eles, entre os bons e os maus, o PT foge do verdadeiro debate que interessa ao Brasil e aos brasileiros.
Como construiremos as verdadeiras bases para transformarmos a administração diária da pobreza em sua definitiva superação?
Como construiremos as bases para um desenvolvimento verdadeiramente sustentável e solidário com todos os brasileiro.
A esta altura, parece ser esta uma agenda proibida, sem qualquer espaço no governismo.
Até porque, senhoras e senhores, se constata aqui o irremediável: não é mais a presidente quem governa. Hoje, quem governa hoje o país é a lógica da reeleição.
Muito obrigado."