terça-feira, 23 de abril de 2013

Povo paraguaio referenda destituição democrática de Lugo e dá tapa com luva-de-pelica nos seus críticos

A vitória de Horácio Cartes, no Paraguai, trazendo de volta ao poder o Partido Colorado, não deixa de ter um caráter de referendo, em que o povo paraguaio aprova a saída de Fernando Lugo, eleito por uma coalizão liberal e defenestrado do poder, em junho do ano passado, por meio de um processo de impedimento provocado pelo Parlamento e  aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
E como fica o Brasil, diante desse resultado? Sai desgastado, depois de ter, por razões ideológicas, colocado à margem do MERCOSUL e da União das Nações Sul-Americanas-UNASUL- um dos seus primeiros e principais parceiros, além de vizinho geográfico, com quem acumula patrimônio histórico diplomático estratégico e empreendimentos conjuntos, entre os quais a usina hidrelétrica de Itaipu.
A diplomacia brasileira, no entanto, com sorriso amarelo, considera, pelo seu porta-voz, embaixador Tovar da Silva Nunes, que não há um automatismo no retorno do Paraguai ao Mercosul, em razão desse resultado eleitoral.
 
Esse automatismo deveria haver, não para corrigir o equívoco do Governo brasileiro, quando  aderiu às retaliações contra o governo do liberal Federico Franco, substituto de Lugo, mas por uma questão óbvia de realismo político, de eliminação dessa esdrúxula retaliação ao parceiro vizinho.
 
Um raciocínio elementar: Se nem a eleição insofismável, limpa e democrática repõe o Paraguai, automaticamente, como partícipe do Mercosul e da Unasul, que tipo de democracia o Brasil e os seus parceiros querem para a região? Ademais, quais desses países, atualmente, apresentam um modelo de democracia melhor do que o do Paraguai? Nem o Brasil...
Enquanto o Brasil faz beicinho, vacila, diante do tapa com luva-de-pelica recebido do povo paraguaio, os Estados Unidos ocupam cada vez mais espaço na política sul-americana, mantendo linha direta com Assunção e dando apoio ao novo status cívico do Paraguai, mesmo que à frente do processo político  esteja o Partido Colorado – aquele que sustentou a ditadura  de 35 anos do general Alfredo Stroessner.

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