sexta-feira, 28 de março de 2014

Foro de São Paulo, 23 anos depois




Em entrevista exibida pela Globo News em 2009, Luiz Felipe Lampreia, ex-ministro das Relações Exteriores, diagnosticava: “O que explica a confusão da América Latina é o Foro de São Paulo”. E ele tinha razão! O Foro de São Paulo é uma organização que reúne de maneira promíscua partidos políticos legais, organizações terroristas e grupos narcotraficantes. Ele foi fundado em 1990 por Lula e Fidel Castro, que prometiam reconquistar na América Latina o que se havia perdido no Leste Europeu.

 Seu objetivo era traçar estratégias comuns e lançar “novos esforços de intercâmbio e de unidade de ação como alicerces de uma América Latina livre, justa e soberana”. A unidade estratégica dessas organizações visava tomar o poder em todo o continente, criando uma frente de governos socialistas em oposição aos Estados Unidos.

 Hoje, duas décadas depois, o Foro de São Paulo governa 16 países, nos quais aplica a mesma agenda de aparelhamento do Estado, de limitação das liberdades civis, de relaxamento no combate ao narcotráfico, de perseguição à oposição e à imprensa livre.

O “Plan de Acción” aprovado e publicado nas atas do seu 19.º Encontro, ocorrido em São Paulo no começo deste mês, confirma e reforça o pacto estratégico e o compromisso solidário estabelecidos 23 anos atrás.

 Os efeitos práticos dessa solidariedade política ficam claros quando observamos a submissão do governo petista às diretrizes do Foro, em detrimento dos interesses nacionais, como ilustram alguns casos da nossa política recente.

 Em 2005, o representante das Farc no Brasil, Olivério Medina, foi preso numa ação conjunta entre a Polícia Federal e a Interpol. Medina era procurado na Colômbia por diversos crimes – homicídio, sequestro e contrabando de armas – e o governo colombiano pediu sua extradição.

 O presidente Lula não apenas lhe negou o pedido como concedeu ao terrorista o status de refugiado político. Logo depois, a esposa de Medina, Angela Maria Slongo, foi ocupar um cargo de confiança no Ministério da Pesca, a pedido de Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil.

 Em maio de 2006, Evo Morales estatizou duas refinarias da Petrobras na Bolívia, depois de ocupadas e tomadas pelo exército boliviano. O governo brasileiro respondeu com um afago e, dois anos depois, Lula anunciava um empréstimo de US$ 332 milhões a Morales, para a construção de uma rodovia.

 Em 2011, Dilma Rousseff anunciou mudanças no Tratado de Itaipu, atendendo a um pedido de Fernando Lugo, presidente do Paraguai e membro do Foro de São Paulo. A senadora Gleisi Hoffmann, do PT, foi a relatora da matéria no Senado e defendeu a aprovação das alterações, que fizeram triplicar a taxa anual paga pelo Brasil ao Paraguai pela energia não usada da Usina de Itaipu, saltando de US$ 120 milhões para US$ 360 milhões.

A decisão do governo federal de trazer médicos cubanos ao Brasil é apenas uma manobra do Foro de São Paulo para financiar a indústria de “missões humanitárias” de Havana. Segundo dados levantados pela jornalista Graça Salgueiro, mais de 20 países recebem serviços médicos de Cuba.

Os países-clientes pagam pelo serviço ao governo cubano, que repassa apenas uma pequena parte do dinheiro aos médicos. Raúl Castro arrecada nada menos que US$ 6 bilhões anuais com o envio de médicos ao exterior.

Calcula-se que o Brasil enviará centenas de milhões de dólares aos cofres cubanos com a importação dos médicos. O dinheiro que poderia ser investido no sistema público de saúde brasileiro vai financiar uma ditadura comunista.

Quando o filósofo Olavo de Carvalho começou a denunciar o Foro de São Paulo, políticos, empresários e jornalistas preferiram ignorá-lo, acreditando que o bicho era manso. Mas o bicho era bravo e agora cresceu formidavelmente; já não sabemos se ainda é possível derrotá-lo.

 (Publicado no jornal Gazeta do Povo)
 

terça-feira, 25 de março de 2014

50 anos da Revolução causam tensão no País


Há certa tensão no ar e na mídia acerca dos 50 anos da Revolução de 31 de Março de 1964. Pelas redes sociais, circulam convocações para comemorações abertas em praças públicas, e pela mídia, em especial a imprensa escrita, se promovem debates para interpretação dos fatos que levaram à deposição do Presidente João Goulart e à instauração do regime militar, que durou 21 anos.

O único ex-presidente a falar sobre o assunto, em entrevista à “ Folha de S.Paulo”, foi Fernando Henrique Cardoso, que na época se exilou no exterior. FHC ainda vê resquícios do regime de 64 nas atuais relações tensas entre o Poder Executivo, da Presidente Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores, e o Congresso Nacional, dominado pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB. O PMDB que apareceu e se consolidou durante a vigência do regime de exceção, liderado por Tancredo Neves e Ulysses Guimarães.

Para FHC, não há clima para nenhum golpe. Obviamente, fala em causa própria do Partido da Social Democracia Brasileira - PSDB-, o seu partido, que terá como candidato à presidência o senador Aécio Neves, do Estado de Minas Gerais, que tenta firmar-se como principal voz da oposição brasileira.

O PSDB usa um discurso de desgaste da Presidente Dilma Rousseff, com base nas operações desastrosas efetuadas pela Petrobrás, que fizeram a empresa cair do 25º lugar, no ranking das empresas multinacionais do setor, para a 125º colocação. Mas, curiosamente, evita atacar a pessoa do ex-Presidente Lula da Silva, responsável pelo descalabro na empresa, através de dirigentes prepostos, entre os quais Sérgio Gabrielli

Acredito que falar em golpe, de que lado seja, em período de Copa do Mundo e eleições presidenciais, não deixa de ter sua razão de ser, pois a mistura Copa/Eleições é explosiva, ainda mais diante das manifestações de rua contrárias aos gastos com a construção de estádios de futebol, quando há setores carentes de recursos, como a saúde, educação e transporte.

Conversando com um motorista de táxi, à saída do aeroporto de Brasília, ele afirmou que não acredita que o Brasil ganhará a Copa e na reeleição da Presidente Dilma Rousseff. “Aliás –frisou- não acredito na eleição de nenhum dos candidatos que se apresentam, e torço para que os militares reassumam o governo.”

É assim a democracia brasileira, uma democracia mitigada e desmobilizante, que funciona precariamente, sem que apareça uma oposição de verdade para alterar o status quo vigente. Uma democracia sem diversidade de idéias, embora o Brasil tenha um mercado automotivo fantasticamente diversificado em termos de marcas e modelos de automóveis, ônibus, caminhões e máquinas agrícolas. Observando o trânsito nas capitais, raramente se vêem duas ou três marcas iguais rodando próximas entre si.

Voltando às comemorações da Revolução de 31 de março de 1964, os militares da ativa, sujeitos ao regulamento disciplinar, estão proibidos de se manifestarem, mas os militares da reserva , também em parte sujeitos às normas disciplinares específicas do segmento, ensaiam mobilizações  nos clubes e nas ruas que podem ganhar proporções desafiadoras ao governo.

Os militares inquietos com os rumos tomados pela Comissão da Verdade, criada pelo governo para apurar eventuais abusos praticados contra os direitos humanos durante o regime militar, acreditam que se trata de manobra revanchista e contrária ao espírito da Lei da Anistia promulgada durante o Governo Figueiredo. Acreditam que, nesse sectarismo ideológico, caberia também o enquadramento dos que participaram da luta armada contra o regime, matando e sequestrando pessoas e assaltando bancos. Entre os participantes, várias personalidades do PT e a própria Presidente Dilma Rousseff.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Suape: promessas não cumpridas (1)

 
Heitor Scalambrini Costa
(Professor da Universidade Federal de Pernambuco e
Coordenador geral do Fórum Suape Espaço Socioambiental)
 
Promessas são compromissos assumidos por quem as faz. Seus ouvintes, em princípio, acreditam que serão cumpridas. Na política, lamentavelmente, não é assim. Faz parte de nossa cultura prometer algo que muitas vezes, sabe-se de antemão, não será cumprido. Mesmo assim se promete.
Em Pernambuco, de onde se “fala para o mundo”, se propagandeia que aqui nasceu a “nova política”. Que em nada difere da “antiga” praticada desde sempre. Todavia os marqueteiros batem nesta tecla, tentando arregimentar votos para o governador, pré-candidato na disputa presidencial.
Aqui se promete muito mais. E se cumpre menos ainda (será esta a “nova política”?). Vejamos o caso emblemático do Complexo Industrial Portuário de Suape, para alguns a redenção de Pernambuco, quiçá do Nordeste e do Brasil.
No modelo adotado busca-se atrair refinarias, estaleiros, termoelétricas e petroquímicas – empresas que estão no topo das que mais agridem o meio ambiente. Acontece que o território do Complexo era habitado, há mais de meio século, por mais de 15 mil famílias nativas, todas dependentes da agricultura familiar e da pesca. Para se livrar desses posseiros indesejados, se iniciou um processo de expulsão com sérios impactos socioambientais. E é aí que começam as promessas, tanto para os moradores como para a sociedade pernambucana, visando justificar a insanidade da brutalidade que se cometia, contra o meio ambiente e contra os moradores da região. Algumas dessas promessas são citadas a seguir.
Em 2006 foi lançado o projeto do território Estratégico de Suape, integrado pelos municípios do Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Jaboatão dos Guararapes, Escada, Moreno, Ribeirão e Sirinhaém. O objetivo seria planejar o desenvolvimento desse território e evitar os impactos negativos da chegada dos grandes empreendimentos à Suape. Assim, se promoveria a ocupação ordenada do território de Suape, evitando-se danos sociais e ambientais. Transcorridos oito anos, o programa não passou da fase de planejamento e os problemas que poderia prevenir acabaram acontecendo, pois os empreendimentos chegaram e as ações prometidas não. Ademais, as demandas sociais se multiplicam, como habitação, saneamento, mobilidade, saúde, segurança e meio ambiente. O que houve neste período foi unicamente o aumento das expulsões de milhares de pessoas que habitavam a região.
Outro projeto de grande repercussão na mídia pernambucana foi o lançamento do programa Suape Sustentável, em junho de 2011. A proposta original era para desenvolver uma gestão integrada do Território de Suape, com a participação das administrações estadual e municipal, das empresas e universidades. O que se viu foi a continuidade do que já vinha sendo feito. Frustração para quem esperava um mínimo de planejamento naquele território.
Na lista dessas ações estava a construção da agrovila Nova Tatuoca, prometida em 2007 aos moradores que foram expulsos para dar abrigo ao polo naval. Os ilhéus foram expulsos e nada de novas moradias. Novas promessas foram feitas e as primeiras unidades seriam entregues em dezembro de 2012, sendo a vila totalmente entregue até março de 2013. Nada! Agora é dito na imprensa que um conjunto de 73 casas, cada uma com menos de 40 m2, será entregue antes que o governador deixe o cargo para concorrer à presidência da República. Todavia, denuncias apontam que além da fragilidade e precariedades destas construções, não haverá saneamento básico, e os dejetos das casas serão despejados diretamente no mangue.
Na área ambiental o desastre é calamitoso. A Assembleia Legislativa de Pernambuco autorizou diversos projetos de desmatamento. O mais devastador, contido na Lei nº 1.496, de 27 de abril de 2010, autorizou a supressão de vegetação permanente, correspondente a uma área de 17 ha de Mata Atlântica, 508 ha de mangue e 166 ha de restinga. Até hoje os moradores procuram os locais que Suape diz que reflorestou, propagandeando ter “zerado” o déficit ambiental naquele território. Também se arrasta há anos a construção do Centro de Tecnologia Ambiental (CTA), outra promessa dos gestores do Complexo de Suape.
Só mais uma, dentre tantas promessas não cumpridas, a relacionada à reforma da Estação de trem de Massangana e à chegada do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) até o complexo de Suape, que permanece no limbo, sem data para início nem para conclusão.
Bem, as promessas dos administradores de Suape e do governo do Estado ao longo dos anos mostram que fazê-las rende frutos, pois os que prometem são bem vistos e acabam sendo “premiados” com novas posições no governo do Estado (seria essa a “nova política”?).
E enquanto nada do prometido acontece, “corre solta” a propaganda com verbas públicas em Pernambuco.

quinta-feira, 13 de março de 2014

Pílulas do Vicente Limongi Netto

PT e PMDB se amam

O PT e o PMDB se amam. Brigam muito. Mas são apaixonados um pelo outro. Intrigas e maledicências não vão separá-los. São casados em comunhão de bens. É imenso o espólio que conquistaram nos governos Lula e Dilma. A oposição fica excitada com o arranca-rabo do casal. Sonha com o divórcio dos dois maiores partidos políticos brasileiros. É mais fácil o mar secar. O Poder fascina.
Politico que não almeja  uma  mísera fatia do poder não é bom politico. Recordo o que escrevi dia primeiro de janeiro de 2011, sem ser desmentido: o furor por cargos tornou-se o esporte mais apreciado pelos políticos. Dilma tem que conversar mais e intimidar menos. Viu que o PMDB é formado por profissionais.
Não abre mão de governar o país junto com o PT, exigindo sempre maiores espaços. Também escrevi em 2011, mas poderia perfeitamente ser hoje: tomara que neste oceano de interesses pessoais e políticos sobre algum resto do banquete politico que traga alegrias que melhorem a qualidade de vida do cidadão.

Ana Amélia quer prioridade para portos brasileiros

Senadora Ana Amélia alerta que investimento do BNDES em porto no Uruguai prejudicará portos brasileiros da Região Sul.A senadora Ana Amélia (PP-RS) advertiu que o polo naval de Rio Grande(RS) e os portos de toda a região sul serão prejudicados se o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) decidir investir num porto de águas profundas no Uruguai.
A parlamentar gaúcha relatou viagem que fez ao Polo Naval, em Rio Grande, na segunda-feira, informando que até 2016 o empreendimento vai receber investimentos de mais de R$ 236 bilhões de dólares e terá 30 mil novos empregos na região até 2017.

Segundo Ana Amélia, o governo está realizando obras de logística que são importantes para o empreendimento e o escoamento da produção local, como a duplicação da BR-116 entre Guaíba e Pelotas. Mas ela advertiu que os portos da região enfrentarão uma concorrência predatória se o BNDES investir no porto no Uruguai.
- Não é aceitável que o BNDES financie e invista um bilhão de dólares para a construção de um porto de águas profundas no país vizinho, enquanto os nossos portos dependem de melhorias e investimentos para a recuperação econômica e o seu desenvolvimento industrial -- declarou a senadora.
 
Ana Amélia lembrou que, no dia 25, as comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Relações Exteriores (CRE) do Senado terão uma audiência pública com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, sobre os investimentos do banco em projetos de infraestrutura no exterior, como, por exemplo, para a construção do Porto de Mariel, em Cuba.

Collor e as mulheres

O senador Fernando Collor não esqueceu de exaltar o dia internacional da mulher. Discursou elogiando todas elas. Contudo, lamentou a grave situação da violência doméstica em Alagoas. De acordo com Collor, em 2013, 133 alagoanas morreram vitimas desse crime. Em Janeiro, frisou, Alagoas registrou 274 queixas, contra uma média de 150 no ano passado. O senador pelo PTB definiu o quadro como desalentador. "Só nos resta torcer para que ainda este ano o governo alagoano saia da sua habitual paralisia administrativa, passando para a firme ação", concluiu.

Regalia para Dirceu
Curioso, mesmo preso José Dirceu continua sendo noticia. Massacram o ex-ministro porque teria usado celular dentro do presidio. Para os isentos por correspondência, trata-se de injustificável regalia. Um pecado mortal.
Estranho porque os mesmos setores não criticam presos poderosos a serviço do crime organizado que usam celulares a vontade de dentro das penitenciárias, ordenando matanças, rebelião de presos, estimulando a venda de drogas e  badernas nas manifestações de ruas e nos estádios de futebol.
Servidor público

O servidor público exige respeito. É classe operosa e briosa. Ovelhas ruins existem em todos os rebanhos. Deixemos de hipocrisia. Que os demagogos, parasitas, cretinos e oportunistas, mudem a toada. Basta. Nesta linha, situa-se o servidor do  Senado Federal. Nenhum homem público, parlamentar  ou administrador trabalha com eficiência sem o apoio do servidor. Nem mesmo o Presidente da República.
Há pouco o ministro Aloisio Mercadante salientou que ele e os ministros, também são servidores públicos. Exercem funções e cargos para servir ao país. É preciso acabar com a irritante e revoltante mania de olhar com indiferença e desrespeito o funcionário do senado. Todos, do menor ao mais graduado, exercem seus cargos com responsabilidade. Não podem nem admitem servir de boi-de-piranha para erros e irregularidades que não cometeram.

Muitos políticos sem expressão querem aparecer para os holofotes e seus redutos eleitorais, à custa do  couro do servidor. Cravando mágoas, recalques e incompetência nos ombros dos  servidores. Esta desfaçatez tem que acabar. Tem hora que o politico vai embora para casa. Sem choro nem vela.
O servidor, por sua vez, permanece. Ontem, hoje e sempre. O saudoso Carlos Lacerda, inigualável tribuno e excelente governador do então Estado da Guanabara, costumava lembrar que servidor público não faz ganhar eleição, mas faz perder.
Perda
Joaquim Barbosa não será candidato. A seu ver o jogo politico é bruto e sujo. Gastaria muito sabonete. A noticia pegou o  Brasil e o mundo de surpresa. Colossal tristeza. Barbosa salvaria o Brasil. A exemplo de FHC, outro iluminado e blindado pelo manto sagrado da pureza, Barbosa em pouco tempo transformaria o Brasil em um mar de rosas.
Com sua varinha de condão e com discursos inflamados Barbosa consertaria o Brasil. Lideres como Obama, Ângela Merkel, Maduro, Putin e Lula insistem para que Barbosa reexamine sua decisão que parece ser irrevogável e infringente. Quem conhece Joaquim Barbosa de perto garante que somente um pedido do Papa Francisco sensibilizará Barbosa. Afinal, o Santo Padre e Barbosa formam a dupla mais ouvida no mundo.
Suframa

Finalmente, depois de 16 dias da greve dos servidores da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e do sinal de que linhas de produção de aparelhos celulares da Samsung, Sony e LG estão na iminência de parar, o ministro do Desenvolvimento, Mauro Borges, se mexeu para tratar do assunto. Ele se reuniu com o titular da autarquia, Thomaz Nogueira, com todos os superintendentes adjuntos e com representantes dos grevistas. A reunião foi dia 7,  através de vídeo conferência.
Do contra

Discordo enfaticamente do leitor Ivan Massocato, por considerar futebol "assunto desimportante para gente séria".  O senhor Ivan não pode nem pretender ser candidato a Bispo ou a Cardeal, porque o próprio Papa Francisco é fã de carteirinha de futebol. Também fico curioso por saber qual o conceito que o sisudo leitor faz de "gente séria". Será porque ele não tem o saudável hábito de sorrir? Ou porque não acha graça da vida ,porque não tem dentes?

terça-feira, 11 de março de 2014

UCRÂNIA E BRASIL


Adriano Benayon *
Guerra e depressão
O móvel da oligarquia financeira para desencadear guerras em grande escala, bem como  conflitos localizados, é ganhar mais poder, subordinando países e regiões ao império e enfraquecendo os que poderiam conter essa expansão.
2. Na 1ª e 2ª Guerras Mundiais, respectivamente França versus Alemanha e  Alemanha versus Rússia (União Soviética), as potências angloamericanas só se engajaram com intensidade,  no final,  para ocupar espaços, estando aqueles contendores desgastados.
3. As duas grandes conflagrações eclodiram após longos períodos de depressão econômica e serviram como manobra de diversão em face das consequências sociais e políticas da depressão.
4. No Século XXI, os conflitos armados grandemente destrutivos estão tornando-se mais frequentes após o golpe preparatório: a implosão das Torres Gêmeas, em setembro de 2001. 
5. Os principais alvos têm sido países islâmicos, envolvendo a geopolítica da energia. Desde 2001 o Afeganistão está sob agressão. Em 2003, destruição e ocupação do Iraque. Ataques a Sudão, Somália e Iêmen.  Em 2011 a brutal agressão e intervenção da OTAN na Líbia. Durante todo o tempo, pressão e hostilização a Síria e Irã.
6. Em 2013, a agressão à Síria foi intensificada com a  invasão por mercenários e extremistas, grandemente armados, com  participação das monarquias petroleiras do Golfo Pérsico, lideradas pela Arábia Saudita, e colaboração da Turquia e de outros membros da OTAN.
7. Mas, na Síria, o governo conseguiu resistir, com seus recursos e disposição  e  com apoio militar e político da Rússia, inclusive no Conselho de Segurança da ONU.
Ucrânia
8. O êxito, até o momento, dessa resistência, levou a potência hegemônica retornar a ataques mais incisivos contra a ex-superpotência, que busca reconstruir-se.  Daí, o recente golpe de Estado na Ucrânia.
9.  Ademais, Putin fortaleceu os laços econômicos e políticos da Rússia com a China e países da Ásia Central, frustrando a estratégia angloamericana de manter divididas e vulneráveis as potências  capazes de alguma resistência a seu projeto de governo mundial absoluto.
10. Claro que os EUA nunca deixaram de reforçar o cerco à Rússia, desde a desmontagem da União Soviética, instalando bases de mísseis em ex-aliados de Moscou, com destaque para a Polônia. Teleguiaram a “revolução laranja” na Ucrânia, em 2004, mais um marco no enfraquecimento desse país de consideráveis dimensões e recursos naturais  e população em grande parte russa.
11. Ao verem contida a intervenção na Síria – e presenciar o Irã muito pouco abalado pelas sanções e incessantes hostilizações -  os EUA trataram de atingir o flanco da própria Rússia.
12. Instaram a União Europeia (UE), sua virtual satélite, a fazer ingressar nela a Ucrânia, visando a pô-la na OTAN, colocando bases militares contra a Rússia virtualmente dentro desta.
13. Entretanto, o presidente da Ucrânia, Yanukovych, constitucionalmente eleito,  não concordou em aderir à UE sem discutir as draconianas condições impostas: adotar as medidas econômicas do figurino do FMI:  cortar em metade o valor das pensões, suprimir benefícios sociais, demitir funcionários, privatizar mais patrimônio público em favor de plutocratas, tudo para pagar dívidas com bancos ocidentais.
14. Essas são as medidas às quais estão amarrados os  pífios  empréstimos que   UE e EUA acabam de conceder  após o golpe, desencadeado a partir de conversa telefônica entre a Subsecretária de Estado dos EUA, Victoria Nuland, e seu Embaixador na Ucrânia.
15. Utilizaram-se as redes sociais e outros meios de arrebanhar massas descontentes  e as levaram à praça Maidan,  ignorando elas que suas lastimáveis condições de vida  vão piorar muito após o golpe.
16. A polícia foi acusada de autora dos disparos feitos por gangs neonazistas e outras extremistas, como foi constatado pela chefe das relações exteriores da União Europeia e pelo ministro do exterior da Estonia, conforme conversação telefônica entre ambos, cuja autenticidade foi confirmada pelo ministro:  http://rt.com/news/ashton-maidan-snipers-estonia-946/.  
17. Isso é evidentemente omitido pela grande mídia, que só publica o que interessa aos governos dos EUA, aliados e satélites, todos subordinados à alta finança e ao big business. 
18.  Ninguém  deveria desconhecer que ela mente, 24 horas por dia, e ainda mais  desde a destruição, por dentro, das Torres Gêmeas em Nova York, golpe a partir do qual os EUA institucionalizaram mais instrumentos totalitários de repressão.
19. Mas engana muita gente, mesmo após ter sido desmascarada inúmeras vezes, como quando se comprovou ter o Secretário de Estado de Bush, Colin Power, mentido descaradamente sobre a existência de armas de destruição de massa no Iraque, negada pelo próprio  observador das Nações Unidas.
20. É ao big business que agrada o golpe na Ucrânia, após já vir lucrando, antes dele, em negócios com os oligarcas corruptos atraídos para a órbita da oligarquia financeira, principalmente britânica.
21. De fato, anunciam-se novos acordos com as petroleiras angloamericanas (Chevron etc.) para extrair  xisto,  pelo processo altamente poluente fracking, bem como a cessão de terras ao agronegócio norte-americano, Monsanto à frente, com intenso uso dos letais transgênicos e agrotóxicos, nas grandes extensões férteis da Ucrânia.
22. O destino dos ucranianos, se confirmado o ingresso na UE, não diferirá do que assola a Grécia, e se abaterá também sobre os russos e outras nacionalidades que vivem em territórios cedidos à Ucrânia pelo bêbado Kruchev.
23. Putin está agindo com extrema cautela, tendo-se limitado a apoiar o parlamento da Crimeia em seu desejo de unir-se à Rússia, reforçando efetivos militares na península e no mar.
24. A  China manifestou-se solidária à Rússia, inclusive por estar investindo na Ucrânia,  como faz em todo lugar suscetível de exportar alimentos e outras matérias-primas.
25. A renda por habitante da Ucrânia equivale  a 1/3 da russa, que não é alta, e a Rússia já acolheu três milhões de ucranianos em seu território. O agravamento das condições sociais levará a maior êxodo para a Europa Ocidental, que já tem enorme desemprego.
Brasil
26. O processo aqui em curso tem semelhanças com o da Ucrânia: insatisfação com as condições de vida e com a corrupção;  ignorância das causas desses males.
27. Na nova ágora da internet e redes sociais, circulam versões absurdas como a de que o governo petista tem por objetivo implantar o comunismo.
28. Na realidade, esse governo, como seus predecessores, depende do big business transnacional, cujo domínio intensifica os problemas do País: concentração, desnacionalização e desindustrialização da economia; dependência tecnológica.
29. Difundiu-se muito no Brasil vídeo em que uma jovem ucraniana defende  liberdade e democracia no errado contexto das massas iludidas na Ucrânia pelos mobilizadores do golpe. Na realidade, uma peça produzida por empresa de marketing político, sob os auspícios da agência norte-americana  “National Endowment for Democracy”.
30. Este e outros braços do império acionaram as ONGs a seu serviço, a par dos nazistas, conforme a tradição da CIA, desde o final da 2ª Guerra Mundial.  O que se vê na Ucrânia são   homicídios, vandalismo e torturas, reiteradas agora com tiros sobre manifestantes pró-Rússia.
31. O objetivo da oligarquia financeira angloamericana no Brasil, até para prosseguir apropriando-se de seus recursos de toda ordem, é intensificar a desnacionalização e demais instrumentos para enfraquecê-lo.
32. Os meios de controle da informação - inclusive espionagem eletrônica, hacking - combinam-se com a corrupção de todo o sistema institucional. A presidente  é acuada para aumentar o ritmo das concessões.
33.  Estão presentes as consequências das falhas estruturais da economia brasileira, que venho, de há muito,  denunciando, as quais se poderão manifestar de forma aguda após julho, apesar de haver eleições em outubro.
34. A crise brasileira tem face interna -  física e financeira -  como o serviço da dívida: R$ 900 bilhões para 2014; e face externa: déficit nas transações correntes com o exterior acumulando US$ 188,1 bilhões em três anos (US$ 81,4 bilhões só em 2013).
35. Além disso, seus efeitos econômicos e sociais podem ser agravados pelas repercussões do colapso financeiro no Hemisfério Norte, próximo de ressurgir.
* - Adriano Benayon é doutor em economia e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento.
 

domingo, 9 de março de 2014

General brasileiro é destaque, na TV AL JAAZERA, em missão inédita e perigosa da ONU no Congo

 
Um general brasileiro está cumprindo uma das mais árduas missões de paz da ONU, embora a mídia brasileira não tem divulgado o tema com detalhes. Em todas as missões de paz anteriores, os militares não podiam entrar em confronto com as forças rebeldes atuantes nas guerras civis, o que não representava ausência de riscos.
 
Já houve caso de militar brasileiro ser feito de escudo humano por rebeldes. Por outro lado, no Haiti, as forças brasileiras têm cumprido sua missão de forma exemplar, sendo, inclusive, objeto de estudos de outras nações. No terremoto que devastou o Haiti, infelizmente, tivemos militares mortos, dentre eles um companheiro meu de turma do curso de infantaria da AMAN.
 
Mas, no Congo, a coisa é mais complexa. Uma guerra que dura anos e que já vitimou milhões de pessoas levou a ONU a tomar uma decisão mais ousada e autorizar que a Força de Paz  confrontasse os rebeldes e arrancasse deles as armas, se necessário, com o uso da força. Para esta missão difícil foi designado o general Santos Cruz, um oficial comandos e guerra na selva com larga experiência, que atuou no Haiti, e que, depois de estar na reserva, foi convocado a vestir a farda para cumprir esta missão em defesa dos cidadãos daquele país.
 
Lembro-me deste oficial quando era major e comandava a Seção de Instrução Especial (SIEsp) da AMAN, enquanto eu era cadete. Nessa época,  embora eu fosse um dos cadetes com melhor desempenho em corridas e com a metade de sua idade, ele  alcançava um desempenho melhor do que o meu nas corridas do TAF (Teste de Aptidão Física). A sua missão era dirigir uma seção de instrução que tinha como finalidade desenvolver atributos na formação militar dos cadetes que exigiam exercícios exaustivos com elevado nível de estresse, nada diferente do que se espera em uma escola militar de alto padrão como a AMAN, e demais escolas militares.
 
E por que faço esses comentários? Porque a reportagem da Al Jazeera o fez. Os atentos jornalistas árabes falam do nosso general e mostram a bandeira que ele ostenta no braço para todo o mundo. Brasileiros como esse – em um momento que nossos jovens precisam de referência, merecem ser destacados. Afinal, o general Santos Cruz, hoje com 62 anos, trilhou uma carreira de abnegação e atualmente cumpre uma missão que busca garantir a defesa de direitos humanos de cidadãos do Congo, pondo em risco a sua própria vida.
 
Como o general, há outros militares, oficiais, subtenentes, sargentos, cabos e soldados, do Exército e demais forças, que, em nome do cumprimento da missão, vão para outros países defender direitos humanos de cidadãos que sequer têm a sua nacionalidade. Se fazem isso por outros povos com entusiasmo, é certo que o fariam com igual ou maior ânimo pelo seu próprio povo.
 
No Brasil, embora pouco divulgado, as Forças Armadas têm saído em defesa da sociedade em várias situações, como em casos de enchentes e outras calamidades públicas, ou mesmo no esforço de conter o avanço da criminalidade, como aconteceu no Morro do Alemão (RJ), em que Exército e Marinha colocaram em retirada os “donos” do morro, permitindo o Estado ter condições de assumir o controle da localidade. Se o Estado não o fez, seja porque não instalou serviços públicos, ou por outra razão qualquer, é outra questão. As Forças Armadas cumpriram sua missão juntamente com a também valorosa Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.
 
A Aeronáutica, também muito atuante, especialmente nas missões de resgate e salvamento, tem dado um grande exemplo de como atuar com eficácia em operações perigosas em regiões inóspitas, como aconteceu no acidente da Gol, em que um avião caiu no meio da Floresta Amazônica.
 
o vídeo abaixo, o general Santos Cruz fala da importância da presença do Estado após a retomada do território. O que o Exército brasileiro tem realizado no Haiti e no Congo, no sentido de restabelecer e manter o controle de áreas dominadas pelo crime, infelizmente não foi feito no Morro do Alemão, no Rio de Janeiro, e a comunidade outra vez sofre nas mãos dos que estão expulsando novamente o Estado de lá. Este modelo usado pelas Forças Armadas, que consegue garantir com eficácia os direitos humanos, é desconhecido de instituições que têm comissões com esse nome, mas na realidade violam direitos humanos e gostam de, levianamente, atacar o Exército, aproveitando-se da desinformação da população.
 
Contudo, a verdade sobressai a propaganda.  Se por alguma razão a verdade não vêm à tona em sua forma mais cristalina por lentes nacionais, os olhos atentos dos jornalistas árabes da Rede Al Jazeera, acostumados a assistirem a guerras de perto e a sofrerem os seus efeitos, colaboraram neste aspecto.
 
De lá, eles informam a nós brasileiros sobre nossos heróis desconhecidos pelo nosso povo. Por saberem o quão terrível é a guerra e não se permitirem ao debate de direitos humanos retóricos, esses jornalistas disseram para o mundo, inclusive para os brasileiros, a importância que tem o nosso Exército. Enquanto outras falantes instituições não conseguem sustentar, sequer internamente, sua reputação de defensoras de direitos humanos.
 
Os oficiais e praças do Exército em missão têm suas famílias aqui no Brasil. Outros, que servem em lugares difíceis e estão disponíveis para o cumprimento de tarefas perigosas, também têm suas famílias. Esses cidadãos que arriscam a vida, ou pelo menos as deixam disponíveis por um juramento, merecem ser lembrados e destacados para que a nossa sociedade saiba que há pessoas boas e altruístas que defendem e seguem valores compatíveis com os que se esperam para um país que tem tudo para ser potência, mas precisa ainda eliminar o que faz dele um país de terceiro mundo.
 
Abaixo está disponível o link de acesso ao vídeo sobre o general Rubens Teixeira:
 
 Rubens Teixeira é oficial da reserva do Exército Brasileiro formado em infantaria pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN-1991), em engenharia de fortificação e construção (IME-1997) e mestrado em engenharia nuclear (IME-2002). É  doutor em Economia (UFF), pós-graduado em auditoria e perícia contábil (UNESA), formado em Direito (UFRJ), aprovado para a OAB/RJ, professor, escritor, membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil, dos Juristas de Cristo e da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra.

Comentário geopolítico

Gélio Fregapani (Membro da Academia Brasileira de Defesa)
 
Não há no mundo lugar para dois Impérios Romanos e se existirem não permanecerão em paz. Após longa queda de braço as contradições do comunismo implodiram a União Soviética e durante curtas três décadas o mundo viveu a Pax Americana, sucessora da Pax Britânica, que havia sucedido a Pax Romana. Nesse interregno agiganta-se o colosso chinês anunciando ser o próximo desafiante do atual “Hegemon” e a Rússia é retirada do caos por um líder nacionalista e corajoso capaz de jogar tudo para não perder a posição de seu país.

Os EUA, país ainda hegemônico, também defende seus interesses com garra, respondem a ameaças à sua moeda com invasões se for necessário e jogam com tudo para trocar os governos que lhes são hostis. Bem sucedidos em atrair algumas das “repúblicas” da antiga  URSS, no momento procuram atrair a Ucrânia para a OTAN, enfraquecendo a posição da Rússia, que reage com audácia arriscando mesmo a uma nova guerra. Os EUA procuram também mudar o governo da Venezuela. 

O caso do sudeste europeu


Poucas dúvidas restam que a Ucrânia se dividirá, ficando o núcleo ucraniano aliado à OTAN e a Criméia, talvez mais alguma parte incorporada à Rússia ou ao menos autônoma. Para evitar a secessão, a Ucrânia teria que concordar com todas as exigências russas, mas as amargas lembranças tornam o entendimento muito difícil, na verdade a Ucrânia teve muito pouco tempo de independência e nunca chegou a constituir uma unidade nacional. Habitada originalmente por população etnicamente búlgara, esses se fundiram com invasores mongóis formando o povo tártaro, de onde saíram os famosos guerreiros cossacos, quase sempre a serviço do Império Russo.
 
Ainda que romantizados por Hollywood, os cossacos nunca tiveram a confiança do exército do Czar, que preferia utilizá-los em missões de reconhecimento, mas os monumentos existentes demonstram que teriam prestado excelentes serviços ao Império na conquista da Sibéria.

Na revolução bolchevista os cossacos se posicionaram contra os comunistas e foram massacrados. Só a lembrança desse fato já justificaria a animosidade dos povos, mas pior, sob Stalin os comunistas resolveram exterminar os ucranianos pela fome, confiscando-lhes todos os mantimentos, num genocídio que certamente superou em crueldade o genocídio turco sobre os armênios ou o nazista contra os judeus.

A partir daí a amizade entre os dois povos se tornou impossível. Naturalmente os ucranianos receberam os invasores alemães como libertadores, mas com a derrota foram entregues pelo ocidente à União Soviética, onde constituiu contra a vontade uma das “repúblicas” daquele Império. Nessa situação recebeu o território da península da Criméia, até então parte da “república” da Rússia e habitada predominantemente por russos étnicos.
A História e a etnia da Criméia indicam que ela voltará a fazer parte da Rússia.  Se os EUA e seus aliados quiserem atrair o que restar da Ucrânia terão que arcar com um apoio econômico, difícil na atual conjuntura. Quanto a declarar guerra à Rússia por causa da invasão, como fez a Inglaterra quando da invasão da Polônia, consideramos  fora de cogitação, as circunstâncias são outras. Nesse choque de vontades tende a vencer a vontade mais forte e parece ser a da Rússia. E será uma batalha defensiva.

O Caso da América do Sul

É onde é mais fácil para os EUA de manter ou mesmo ampliar sua posição. Tendo o nosso País se metido onde não devia na política interna do Paraguai, era previsível a aproximação daquele país com os EUA, como já o fazem a Colômbia e secundariamente o Chile e o Peru. Os governos hostis, mais por serem maus governos do que por influência norte-americana estão ameaçados de substituição e coopera para isto o inconcebível apoio à Cuba, em detrimento de seus próprios povos, motivados por uma ideologia que já se revelou nefasta.
Contudo, na defesa de seus interesses, os EUA não descansam. Através de ações diplomáticas, pressões econômicas e domínio da imprensa desenvolvem a “guerra de 4ª geração” para minar não só quem o hostiliza mas também a quem poderia ensaiar o libertar-se do semi protetorado existente.
Na Venezuela intensifica a atuação com suas Forças Especiais e certamente auxiliará a derrubar o governo do Presidente Maduro, que governa com a mesma incompetência mas sem o carisma do Chávez.

A imprensa anuncia que Cuba mandará tropas em apoio a Maduro. Forças Especiais e agentes subversivos já o faz há décadas. Tropas, se for verdade, serão mal recebidas pelo exército venezuelano que se voltará contra o Governo.

Os povos sul-americanos, na maioria, não compartilham dos ideais esquerdistas de seus dirigentes. Ao que pese as justas restrições a atuação dos Estados Unidos e dará a este o pretexto que precisam para intervir, mas e a UNASUL não vai reagir militarmente? – Claro que não,a UNASUL é apenas uma ficção. Limitar-se-á a fazer discursos.
No Nosso País
Quanto a nós, ao que parece, os EUA (como peça de manobra da oligarquia financeira internacional) já decidiu tirar o PT do governo, aliás em boa hora, porque vai mal. Claro, não podemos esperar coisa melhor, talvez venha alguém mais entreguista ainda, mas pelo menos que não tenha o mesmo amor pela Cuba e seu regime.

Se fosse apenas essa interferência em nossa política interna já deveríamos estar com as barbas de molho em relação aos EUA , mas a situação ainda é pior, no receio que possamos um dia a fazer-lhes sombra procuram nos dividir em nações étnicas.

Usam de todas as falsidades com suas malditas ONGs, apelam para a defesa da democracia (só quando interessa, jamais na Arábia Saudita), na defesa do meio-ambiente aqui  (farms here, Forest there), forçam o afastamento das Forças Armadas da Direção Nacional, bloqueiam o avanço industrial e científico e quem sabe explodem nossos foguetes e com eles nossas tentativas de entrar no clube espacial.
O cenário brasileiro torna-se assustador. Além da interferência estrangeira a insegurança pública atinge a nível alarmante, com a população alarmada implorando uma intervenção. A causa da insegurança não está somente na inadequação das leis, mas é também um efeito colateral da campanha do desarmamento, que orientada do estrangeiro visa acovardar o povo de forma a acostumá-lo a ceder a qualquer ameaça sem pensar em reagir. Uma vez “domesticado”o povo, a Nação também não reagirá as ameaças externas. Isto faz parte da guerra de 4ª geração, ainda que a população não o compreenda.
O nosso medo da inflação leva o mau governo a aumentar os juros, o que faz baixar o crescimento, os programas governamentais são incompetentes, deficitários e inflacionários. O ideal socializante do governo já acabou com a indústria nacional e com ela com os empregos e agora tenta acabar com o agronegócio e ainda teremos que pagar a Copa e as Olimpíadas.  É difícil saber em qual dos Três Poderes a podridão é maior.

A dívida do país está chegando à casa dos 3 trilhões...  2015 será de uma recessão braba. Contudo, temos um Governo escolhido pelo povo. Foi uma má escolha, mas não sabemos se a outra alternativa seria ainda pior. Somente as Forças Amadas ainda são respeitadas e para elas se voltam as esperanças de correção dos rumos.
Claro, não cabe a nenhum Exército o ditar em qual regime o País deve viver, nem tampouco estabelecer o nível  de corrupção, mas nenhum Exército pode assistir impassível ao desmanche de sua nação.
Entretanto, os episódios conflituosos envolvendo indígenas em vários estados, não deixam dúvida: ou a sociedade brasileira se decide a interromper o avanço do “indigenismo” estimulado do exterior ou o País verá multiplicarem-se de forma explosiva os conflitos entre estes últimos e os não-indígenas, com sérias ameaças para a ordem social e no extremo, até mesmo para a sua integridade territorial, ainda mais do que a situação da economia, do que a estéril discussão política, do que a corrupção desenfreada e do que o revanchismo suicida da Comissão da “Verdade” é a questão indígena que forçará o Exército a intervir novamente. A Nação Brasileira está sendo esquartejada. O inimigo divide para vencer.
Sabemos que teremos que intervir. Já o fizemos outras vezes. Certamente  não cabe ao Exército escolher em qual regime o País deve viver, mas não assistiremos impassíveis ao desmanche de nossa nação.

Orgulho e vergonha


Tenho orgulho do nosso Exército. Emociona-me a Epopéia dos Guararapes, as lutas no Sul, os lances da Guerra no Paraguai, a FEB e tantas figuras heróicas, avultando a personalidade sem jaça de Caxias, transformando adversários em colaboradores e ex-inimigos internos em camaradas de armas.
Também tenho vergonha de alguns episódios. Não me envergonha a ação de 64. O Exército fez o que tinha que ser feito. Envergonha-me a quartelada que proclamou a República, encerrando o melhor governo que já tivemos e jogando o nosso País no caos. Envergonha-me do episódio de Canudos onde exterminamos nossa gente, além de ter demonstrado uma incompetência dificilmente igualada por outro Exército. Finalmente me envergonho do apoio dado aos órgãos traidores da Funai e Ibama no despovoamento da Amazônia e da traição ao dificultar ao máximo a fabricação de armas no Pais.

Talvez nossos militares, nos diversos níveis da hierarquia, tenham recebido ordens superiores de expulsar brasileiros de suas terras para entregá-las até mesmo a índios vindos do exterior; a impedir a agricultura e a indústria para preservar bagres e sapos, tudo a comando de ONGs estrangeiras dirigidas pelo capital internacional. Eles sabem que estão agindo contra a Pátria, mesmo assim cumprem as ordens.

Com tal atuação o Exército está perdendo sua única vantagem: a confiança da população. A FAB, antigamente considerada benemérita na Amazônia, já perdeu, quando por falta de combustível passou a voar para a Funai e o Ibama, os inimigos do progresso. Agora é a vez do Exército. Pode ser que ideologicamente cooptados, alguns militares o façam com prazer. Neste caso são traidores. Mais provavelmente o fazem por covardia, escudando-se, em nome da disciplina, numa distorcida lealdade que deveria ser primeiro para com a Pátria. Para estes ofereço simbolicamente uma pena branca. Eles sabem o que isto significa.
Que Deus ilumine nossas decisões!  
ADENDO
Governo brasileiro tem prazo até 24 de julho para revogar a independência política e territorial que aceitou conceder às nações indígenas
Celso Serra
O governo do Brasil tem prazo até 24 de julho para anular um dos maiores crimes de lesa pátria já cometidos em nosso país – a assinatura da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), concedendo independência política, territorial e econômica às nações indígenas, que já detêm mais de 20% do território nacional, se incluirmos as áreas ainda a demarcar.
Pelo disposto no artigo 39, o Brasil tem o direito de denunciar a Convenção ao final de um período de dez anos, contados da data de entrada em vigor, o que ocorreu aqui a 25 de julho de 2003. Ou seja, o prazo terminaria dia 25 de julho de 2013, mas há um período adicional de mais 12 meses para o país dar a decisão final.
O gravíssimo problema surgiu no final do governo FHC, quando o Brasil assinou esta Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, cujo texto contém dispositivos que castram nossa soberania interna. O tratado internacional nos obriga a aceitar passivamente o direito ilimitado de propriedade e posse de terras pelas tribos indígenas (“terras que tradicionalmente ocupam” e, de modo ampliativo e ilimitado, “terras que não estejam exclusivamente ocupadas por eles, mas às quais, tradicionalmente, tenham tido acesso para suas atividades tradicionais e de subsistência”).
UM TRATADO SOB MEDIDA
Não podemos culpar nenhuma nação pela aprovação e ratificação do Brasil à Convenção 169 da OIT, feita sob medida para atingir países em situação semelhante ao nosso. Aos governos de cada uma dessas nações caberia defender sua soberania. E a comparação com a conduta de outros países prova que foi o Brasil que não soube defender sua soberania sobre o território nacional.
Por exemplo, os Estados Unidos estavam em situação semelhante a do Brasil e seu governo não aprovou a Convenção 169, agiu com zelo, não admitindo qualquer ingerência em seu direito de ser a autoridade suprema no espaço territorial do país e no que diz respeito à situação de seus habitantes.
APENAS 17 PAÍSES ACEITARAM

A OIT tem 185 países-membros. Apenas 17 assinaram a Convenção. Os outros 168 não o fizeram, por não admitir qualquer restrição sobre suas soberanias. Além dos Estados Unidos, também a Inglaterra, o Canadá, Nova Zelândia e Austrália, membros da Comunidade Britânica, não aceitaram a Convenção 169 da OIT.  Registre-se que, destes países, apenas a Inglaterra não possui em sua história a ocupação milenar por aborígenes.
Na realidade, para manter a plena soberania em seu espaço territorial, o Brasil estava em situação muito cômoda perante a OIT: bastava acompanhar a posição tomada pela esmagadora maioria dos países-membros e e também não ter assinado o Convênio.  Mas não procedeu assim e criou para si um enorme problema de ordem interna, visto que, na plenitude do espaço territorial brasileiro, teve restringido seu poder de legislar, administrar, elaborar e avaliar planos e programas de desenvolvimento nacional e regional, construir estradas, hidrelétricas e demais obras de infraestrutura, enfim, de decidir soberanamente sobre o que poderia ser mais necessário ao progresso e desenvolvimento do país.

Novo conceito de conflito para o século XXI


* Manuel Cambeses Júnior
Os atos insanos perpetrados, simultaneamente, por terroristas talibãs, do grupo Al-Qaeda, em 11 de setembro de 2001, nas cidades de Washington e Nova York, fez surgir entre os estrategistas militares, um novo conceito de conflito para o Século XXI: o denominado "Conflito Assimétrico". Segundo esta nova concepção, os Estados, por mais poderosos que sejam, são vulneráveis a atos terroristas organizados globalmente por entidades não estatais difíceis de serem identificadas e localizadas.
Nenhum manual militar, no mundo ocidental, é capaz de indicar como combater o "conflito assimétrico global". Atualmente, polemólogos-estrategos, planejadores militares norte-americanos, e especialistas em fricções geopolíticas, estão diante deste enorme problema. Ou seja, como dar uma pronta-resposta adequada a uma força terrorista que não somente está no Afeganistão, mas disseminada por vários países, como é o caso do Al-Qaeda e localizar e punir os líderes e seguidores de facções terroristas.
A assimetria do conflito não conseguiu negociar com o regime talibã para que entregasse Osama Bin Laden e seus auxiliares. A tribo religiosa talibã evadiu-se sem entregar os chefes do Al-Qaeda. Não foi como ocorreu na Sérvia, aonde os bombardeios de Belgrado destruíram a zona industrial e urbana, provocando o colapso da economia, ameaçando a viabilidade do Estado-Nação sérvio criando as condições inteiramente favoráveis à queda e entrega de Slobodan Milosevic.
Os EUA possuem, indubitavelmente, uma força militar que nenhum Estado adversário se atreveria a enfrentar. Porém, na atualidade, o inimigo não é estatal e completamente visível. Nem mesmo o colapso do regime talibã ou a morte de Bin Laden garantem que o conflito assimétrico seja descontinuado já que o nebuloso grupo Al-Qaeda e outras organizações terroristas islâmicas estão, no momento, adormecidos no seio de muitas sociedades democráticas ocidentais e podem, a qualquer momento, ativarem-se para cometer atos insanos de terror utilizando-se de serviços e tecnologias locais.
O coordenador do Departamento Contra o Terrorismo dos Estados Unidos considera que o Al-Qaeda, na atualidade, opera em mais de 50 países.
Enquanto existir falta de democracia, profundo ressentimento nacional, fanatismo religioso, explosão demográfica e extremada pobreza, qualquer potência ocidental será vulnerável porque suas sociedades democráticas e globalizadas podem ser infiltradas por grupos terroristas que, segundo especialistas da ONU, podem chegar a usar armas químicas e bacteriológicas. Frente a esta nova modalidade de conflito não existem as categorias de megapotência ou superpotência, que somente são válidas para o caso de conflitos armados entre Estados.
Uma das consequências mais interessantes deste "conflito assimétrico" é a mudança dos tradicionais enfoques geopolíticos e geoestratégicos. A Rússia tem se aproximado da Otan disposta a ajudar os EUA, excetuando-se, evidentemente, a atual problemática que envolve a Ucrânia que deseja unir-se ao bloco europeu a contragosto dos russos. Recentemente, o presidente russo declarou que a batalha contra o terrorismo islâmico é também de seu país, legitimando, assim, sua dura ação na Chechênia e conseguindo, ainda, que os EUA e a Alemanha solicitem que os rebeldes chechenos deponham suas armas. Ademais, começou a insinuar algo antes impensável, ou seja, que a Rússia poderia ser admitida como membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte. Com isto, verifica-se que desde o ataque japonês a Pearl Harbor, os Estados Unidos e a Rússia nunca haviam se aproximado tanto em face de um inimigo comum.
Uma das maiores transformações geopolíticas está ocorrendo na Ásia Central. O Paquistão que claramente apoiava os talibãs, inclinou-se para os EUA, distanciando-se, assim, dos guerrilheiros islâmicos que o ajudavam, na Cachemira, contra a India. Os EUA, apesar do perigo de uma guerra nuclear entre a India e o Paquistão, suspendeu as sanções contra ambos. O Irã, um Estado considerado como terrorista pelos estadunidenses, criticam - veementemente - os ataques terroristas a Nova York e Washington. As ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central: Cazaquistão, Tadjiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão, que encontravam-se na zona de influência da Rússia, apóiam, agora, os Estados Unidos. E mais, o Tadjiquistão permitiu que os norte-americanos instalassem uma base militar com tropas especiais em seu território. Antes, por temor à Rússia, isto seria impossível.
A China, tão ciosa de sua influência na Ásia Central, devido aos transtornos advindos de separatistas islâmicos em Sinkiang, aceitou, pela primeira vez na história, a presença militar dos Estados Unidos nessa região. A Ásia Central que não era uma zona de preocupação, desde a época de Gengis Khan, foi convertida em epicentro de uma série de jogos diplomáticos que, fatalmente, terá incríveis consequências estratégicas no futuro.
Outro notável ponto a destacar deste conflito é a nova atitude dos EUA com relação à ONU. A organização voltou a ser importante para o país hegemônico, já que pode servir de instrumento para fomentar uma duradoura coalizão antiterrorista. Consequentemente, a superpotência passou a pagar as suas dívidas com a Organização e tem dado total apoio ao Conselho de Segurança e à Assembléia Geral para que os mesmos se ocupem do terrorismo internacional.
Faz-se mister ressaltar que o conflito assimétrico está mudando a estratégia financeira dos países mais ricos do mundo. Começou-se a combater os antes intocáveis paraísos fiscais e bancários globais que nada mais eram do que "lavadoras" de dinheiro duvidoso. O sigilo bancário e os principais postos financeiros do mundo começaram a ser questionados. Entabulam-se medidas para estabelecer uma coalizão financeira global para reprimir contas bancárias suspeitas e criar uma eficaz legislação internacional para congelá-las, se for o caso.
Hoje, a mesma ideia de globalização que implica em mover pessoas, bens e serviços, em escala planetária, da maneira mais livre possível, sofre as consequências do "conflito assimétrico". A mobilidade irrestrita dos fundos financeiros globais começa a ser afetada. Também os controles das fronteiras nacionais, portos e aeroportos, afetam a circulação de pessoas, mercadorias e serviços, dado o rigor que os Estados passaram a exercer no exercício dessas atividades.
Para conseguir êxito no conflito assimétrico não basta a mera exibição do músculo militar. Necessita-se de enfoques políticos e diplomáticos sofisticados porque o inimigo invisível tem como munição inesgotável um ódio irracional alimentado por interpretações teológicas apocalípticas, que são consequência da falta de diálogo, de democracia, de compreensão e da abundante pobreza.
Por tudo isso, o êxito contra o terrorismo global dependerá, fundamentalmente, de três ações simultâneas por parte da megapotência (Estados Unidos), e das superpotências do mundo ocidental: em primeiro lugar, que se castigue os que cometem terrorismo qualquer que sejam seus motivos, crenças e objetivos. Segundo, que esta luta não afete o avanço da democracia no mundo, a defesa dos direitos humanos e a globalização da Justiça. Terceiro, que se realize - com a urgência que o assunto requer -, um esforço sinérgico e concentrado da Organização das Nações Unidas para terminar com mais de meio século do confronto no Oriente Médio, através da criação do Estado Palestino e, desta forma, consiga-se desmantelar o principal indutor da violência, frustração e fanatismo que estão alimentando este novo tipo de conflito, no alvorecer deste Século XXI.
*  Coronel-Aviador; membro emérito do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil, membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, conferencista especial da Escola Superior de Guerra e conselheiro do Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica.