Gélio Fregapani (Membro da Academia Brasileira de Defesa)
Não
há no mundo lugar para dois Impérios Romanos e se existirem não permanecerão em
paz. Após longa queda de braço as contradições do comunismo implodiram a União
Soviética e durante curtas três décadas o mundo viveu a Pax Americana,
sucessora da Pax Britânica, que havia sucedido a Pax Romana. Nesse interregno
agiganta-se o colosso chinês anunciando ser o próximo desafiante do atual
“Hegemon” e a Rússia é retirada do caos por um líder nacionalista e corajoso
capaz de jogar tudo para não perder a posição de seu país.
Os
EUA, país ainda hegemônico, também defende seus interesses com garra, respondem
a ameaças à sua moeda com invasões se for necessário e jogam com tudo para
trocar os governos que lhes são hostis. Bem sucedidos em atrair algumas das
“repúblicas” da antiga URSS, no momento
procuram atrair a Ucrânia para a OTAN, enfraquecendo a posição da Rússia, que
reage com audácia arriscando mesmo a uma nova guerra. Os EUA procuram também mudar
o governo da Venezuela.
O caso do sudeste
europeu
Poucas
dúvidas restam que a Ucrânia se dividirá, ficando o núcleo ucraniano aliado à
OTAN e a Criméia, talvez mais alguma parte incorporada à Rússia ou ao menos
autônoma. Para evitar a secessão, a Ucrânia teria que concordar com todas as
exigências russas, mas as amargas lembranças tornam o entendimento muito
difícil, na verdade a Ucrânia teve muito pouco tempo de independência e nunca
chegou a constituir uma unidade nacional. Habitada originalmente por população
etnicamente búlgara, esses se fundiram com invasores mongóis formando o povo
tártaro, de onde saíram os famosos guerreiros cossacos, quase sempre a serviço
do Império Russo.
Ainda
que romantizados por Hollywood, os cossacos nunca tiveram a confiança do
exército do Czar, que preferia utilizá-los em missões de reconhecimento, mas os
monumentos existentes demonstram que teriam prestado excelentes serviços ao
Império na conquista da Sibéria.
Na
revolução bolchevista os cossacos se posicionaram contra os comunistas e foram
massacrados. Só a lembrança desse fato já justificaria a animosidade dos povos,
mas pior, sob Stalin os comunistas resolveram exterminar os ucranianos pela
fome, confiscando-lhes todos os mantimentos, num genocídio que certamente
superou em crueldade o genocídio turco sobre os armênios ou o nazista contra os
judeus.
A partir daí a amizade entre os dois povos se tornou impossível.
Naturalmente os ucranianos receberam os invasores alemães como libertadores,
mas com a derrota foram entregues pelo ocidente à União Soviética, onde constituiu
contra a vontade uma das “repúblicas” daquele Império. Nessa situação recebeu o
território da península da Criméia, até então parte da “república” da Rússia e
habitada predominantemente por russos étnicos.
A
História e a etnia da Criméia indicam que ela voltará a fazer parte da
Rússia. Se os EUA e seus aliados
quiserem atrair o que restar da Ucrânia terão que arcar com um apoio econômico,
difícil na atual conjuntura. Quanto a declarar guerra à Rússia por causa da
invasão, como fez a Inglaterra quando da invasão da Polônia, consideramos fora de cogitação, as circunstâncias são
outras. Nesse choque de vontades tende a vencer a vontade mais forte e parece
ser a da Rússia. E será uma batalha defensiva.
O Caso da América
do Sul
É
onde é mais fácil para os EUA de manter ou mesmo ampliar sua posição. Tendo o
nosso País se metido onde não devia na política interna do Paraguai, era
previsível a aproximação daquele país com os EUA, como já o fazem a Colômbia e
secundariamente o Chile e o Peru. Os governos hostis, mais por serem maus
governos do que por influência norte-americana estão ameaçados de substituição
e coopera para isto o inconcebível apoio à Cuba, em detrimento de seus próprios
povos, motivados por uma ideologia que já se revelou nefasta.
Contudo,
na defesa de seus interesses, os EUA não descansam. Através de ações
diplomáticas, pressões econômicas e domínio da imprensa desenvolvem a “guerra
de 4ª geração” para minar não só quem o hostiliza mas também a quem poderia
ensaiar o libertar-se do semi protetorado existente.
Na
Venezuela intensifica a atuação com suas Forças Especiais e certamente
auxiliará a derrubar o governo do Presidente Maduro, que governa com a mesma
incompetência mas sem o carisma do Chávez.
A
imprensa anuncia que Cuba mandará tropas em apoio a Maduro. Forças Especiais e
agentes subversivos já o faz há décadas. Tropas, se for verdade, serão mal
recebidas pelo exército venezuelano que se voltará contra o Governo.
Os povos
sul-americanos, na maioria, não compartilham dos ideais esquerdistas de seus
dirigentes. Ao que pese as justas restrições a atuação dos Estados Unidos e
dará a este o pretexto que precisam para intervir, mas e a UNASUL não vai
reagir militarmente? – Claro que não,a UNASUL é apenas uma ficção. Limitar-se-á
a fazer discursos.
No Nosso País
Quanto
a nós, ao que parece, os EUA (como peça de manobra da oligarquia financeira
internacional) já decidiu tirar o PT do governo, aliás em boa hora, porque vai
mal. Claro, não podemos esperar coisa melhor, talvez venha alguém mais
entreguista ainda, mas pelo menos que não tenha o mesmo amor pela Cuba e seu
regime.
Se
fosse apenas essa interferência em nossa política interna já deveríamos estar
com as barbas de molho em relação aos EUA , mas a situação ainda é pior, no
receio que possamos um dia a fazer-lhes sombra procuram nos dividir em nações
étnicas.
Usam de todas as falsidades com suas malditas ONGs, apelam para a
defesa da democracia (só quando interessa, jamais na Arábia Saudita), na defesa
do meio-ambiente aqui (farms here,
Forest there), forçam o afastamento das Forças Armadas da Direção Nacional,
bloqueiam o avanço industrial e científico e quem sabe explodem nossos foguetes
e com eles nossas tentativas de entrar no clube espacial.
O
cenário brasileiro torna-se assustador. Além da interferência estrangeira a
insegurança pública atinge a nível alarmante, com a população alarmada
implorando uma intervenção. A causa da insegurança não está somente na
inadequação das leis, mas é também um efeito colateral da campanha do
desarmamento, que orientada do estrangeiro visa acovardar o povo de forma a
acostumá-lo a ceder a qualquer ameaça sem pensar em reagir. Uma vez
“domesticado”o povo, a Nação também não reagirá as ameaças externas. Isto faz
parte da guerra de 4ª geração, ainda que a população não o compreenda.
O
nosso medo da inflação leva o mau governo a aumentar os juros, o que faz baixar
o crescimento, os programas governamentais são incompetentes, deficitários e
inflacionários. O ideal socializante do governo já acabou com a indústria
nacional e com ela com os empregos e agora tenta acabar com o agronegócio e
ainda teremos que pagar a Copa e as Olimpíadas.
É difícil saber em qual dos Três Poderes a podridão é maior.
A dívida do país está chegando à casa dos 3
trilhões... 2015 será de uma recessão
braba. Contudo, temos um Governo escolhido pelo povo. Foi uma má escolha, mas
não sabemos se a outra alternativa seria ainda pior. Somente as Forças Amadas
ainda são respeitadas e para elas se voltam as esperanças de correção dos
rumos.
Claro,
não cabe a nenhum Exército o ditar em qual regime o País deve viver, nem
tampouco estabelecer o nível de
corrupção, mas nenhum Exército pode assistir impassível ao desmanche de sua
nação.
Entretanto,
os episódios conflituosos envolvendo indígenas em vários estados, não deixam
dúvida: ou a sociedade brasileira se decide a interromper o avanço do
“indigenismo” estimulado do exterior ou o País verá multiplicarem-se de forma
explosiva os conflitos entre estes últimos e os não-indígenas, com sérias
ameaças para a ordem social e no extremo, até mesmo para a sua integridade
territorial, ainda mais do que
a situação da economia, do que a estéril discussão política, do que a corrupção
desenfreada e do que o revanchismo suicida da Comissão da “Verdade” é a questão
indígena que forçará o Exército a intervir novamente. A Nação Brasileira está
sendo esquartejada. O inimigo divide para vencer.
Sabemos
que teremos que intervir. Já o fizemos outras vezes. Certamente não cabe ao Exército escolher em qual regime
o País deve viver, mas não assistiremos impassíveis ao desmanche de nossa
nação.
Orgulho e vergonha
Tenho
orgulho do nosso Exército. Emociona-me a Epopéia dos Guararapes, as lutas no
Sul, os lances da Guerra no Paraguai, a FEB e tantas figuras heróicas,
avultando a personalidade sem jaça de Caxias, transformando adversários em
colaboradores e ex-inimigos internos em camaradas de armas.
Também
tenho vergonha de alguns episódios. Não me envergonha a ação de 64. O Exército
fez o que tinha que ser feito. Envergonha-me a quartelada que proclamou a
República, encerrando o melhor governo que já tivemos e jogando o nosso País no
caos. Envergonha-me do episódio de Canudos onde exterminamos nossa gente, além
de ter demonstrado uma incompetência dificilmente igualada por outro Exército.
Finalmente me envergonho do apoio dado aos órgãos traidores da Funai e Ibama no
despovoamento da Amazônia e da traição ao dificultar ao máximo a fabricação de
armas no Pais.
Talvez
nossos militares, nos diversos níveis da hierarquia, tenham recebido ordens
superiores de expulsar brasileiros de suas terras para entregá-las até mesmo a
índios vindos do exterior; a impedir a agricultura e a indústria para preservar
bagres e sapos, tudo a comando de ONGs estrangeiras dirigidas pelo capital
internacional. Eles sabem que estão agindo contra a Pátria, mesmo assim cumprem
as ordens.
Com
tal atuação o Exército está perdendo sua única vantagem: a confiança da
população. A FAB, antigamente considerada benemérita na Amazônia, já perdeu,
quando por falta de combustível passou a voar para a Funai e o Ibama, os
inimigos do progresso. Agora é a vez do Exército. Pode ser que ideologicamente
cooptados, alguns militares o façam com prazer. Neste caso são traidores. Mais
provavelmente o fazem por covardia, escudando-se, em nome da disciplina, numa
distorcida lealdade que deveria ser primeiro para com a Pátria. Para estes
ofereço simbolicamente uma pena branca. Eles sabem o que isto significa.
Que
Deus ilumine nossas decisões!
ADENDO
Governo
brasileiro tem prazo até 24 de julho para revogar a independência política e
territorial que aceitou conceder às nações indígenas
Celso Serra
O
governo do Brasil tem prazo até 24 de julho para anular um dos maiores crimes
de lesa pátria já cometidos em nosso país – a assinatura da Convenção 169 da
Organização Internacional do Trabalho (OIT), concedendo independência política,
territorial e econômica às nações indígenas, que já detêm mais de 20% do
território nacional, se incluirmos as áreas ainda a demarcar.
Pelo
disposto no artigo 39, o Brasil tem o direito de denunciar a Convenção ao final
de um período de dez anos, contados da data de entrada em vigor, o que ocorreu
aqui a 25 de julho de 2003. Ou seja, o prazo terminaria dia 25 de julho de
2013, mas há um período adicional de mais 12 meses para o país dar a decisão
final.
O
gravíssimo problema surgiu no final do governo FHC, quando o Brasil assinou
esta Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, cujo texto contém
dispositivos que castram nossa soberania interna. O tratado internacional nos
obriga a aceitar passivamente o direito ilimitado de propriedade e posse de
terras pelas tribos indígenas (“terras que tradicionalmente ocupam” e, de modo
ampliativo e ilimitado, “terras que não estejam exclusivamente ocupadas por
eles, mas às quais, tradicionalmente, tenham tido acesso para suas atividades
tradicionais e de subsistência”).
UM
TRATADO SOB MEDIDA
Não
podemos culpar nenhuma nação pela aprovação e ratificação do Brasil à Convenção
169 da OIT, feita sob medida para atingir países em situação semelhante ao
nosso. Aos governos de cada uma dessas nações caberia defender sua soberania. E
a comparação com a conduta de outros países prova que foi o Brasil que não
soube defender sua soberania sobre o território nacional.
Por
exemplo, os Estados Unidos estavam em situação semelhante a do Brasil e seu
governo não aprovou a Convenção 169, agiu com zelo, não admitindo qualquer
ingerência em seu direito de ser a autoridade suprema no espaço territorial do
país e no que diz respeito à situação de seus habitantes.
APENAS
17 PAÍSES ACEITARAM
A
OIT tem 185 países-membros. Apenas 17 assinaram a Convenção. Os outros 168 não
o fizeram, por não admitir qualquer restrição sobre suas soberanias. Além dos
Estados Unidos, também a Inglaterra, o Canadá, Nova Zelândia e Austrália,
membros da Comunidade Britânica, não aceitaram a Convenção 169 da OIT. Registre-se que, destes países, apenas a
Inglaterra não possui em sua história a ocupação milenar por aborígenes.
Na
realidade, para manter a plena soberania em seu espaço territorial, o Brasil
estava em situação muito cômoda perante a OIT: bastava acompanhar a posição
tomada pela esmagadora maioria dos países-membros e e também não ter assinado o
Convênio. Mas não procedeu assim e criou
para si um enorme problema de ordem interna, visto que, na plenitude do espaço
territorial brasileiro, teve restringido seu poder de legislar, administrar,
elaborar e avaliar planos e programas de desenvolvimento nacional e regional,
construir estradas, hidrelétricas e demais obras de infraestrutura, enfim, de
decidir soberanamente sobre o que poderia ser mais necessário ao progresso e
desenvolvimento do país.