A participação do
Brasil na Segunda Guerra Mundial, com 25 334 homens da Força Expedicionária Brasileira
- FEB-, ao lado dos aliados na campanha da Itália, é um fato histórico e
político que ganha especial relevância.
Um fato histórico
relevante porque a Segunda Guerra foi o maior conflito da história da Humanidade e o Brasil não ficou à margem dos
acontecimentos, atuando com suas tropas na Europa, sob o comando dos Estados
Unidos. Evidente que isto dá ao Brasil uma dimensão especial em relação aos demais
países da América Latina.
Político porque o
Brasil vem buscando um papel de protagonista mundial pleiteando sua admissão ao
Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, além participar ativamente
das forças de paz constituídas pela organização.
Recentemente, a
diplomacia brasileira recebeu dura resposta do Governo de Israel, ao criticar a
reação israelense “desproporcional” aos ataques recebidos do exército palestino
Hamas, tendo o Brasil sido chamado pelo porta-voz oficial de Telavive de “anão
diplomático”. É óbvio que o Brasil se meteu de forma imprudente nesta guerra, que é milenar disputa entre Henlil e Marduk.
Mas, o porta-voz talvez se
esquecesse da atuação dos brasileiros na Segunda Guerra, exatamente contra os
alemães de Hitler responsáveis pelo holocausto de seis milhões de judeus. Mais
tarde, em 1947,o Brasil, com o chanceler Oswaldo Aranha, presidiu a sessão da
ONU que reconheceu a criação do Estado de Israel, perante um mundo perplexo com
a matança de judeus.
Essa atuação na luta
contra o totalitarismo contribuiu para a transformação dos militares
brasileiros em elementos de vanguarda na democratização e modernização do País.
Brasileiros de vários e
até antagônicos matizes ideológicos compuseram a FEB, e a democracia se
transformou num dos objetivos nacionais permanentes identificados
doutrinariamente pela Escola Superior de Guerra - ESG-, no Rio de Janeiro, por onde
passaram ex-febianos como Castello Branco, Cordeiro de Farias, Otávio Costa, Hugo
de Abreu, Golbery do Couto e Silva, etc., embora a
desmobilização imediata da FEB após o conflito tivesse sido feita por Getúlio Vargas,
para que a nação brasileira não se entusiasmasse com aqueles que combateram os
regimes fascista, de Mussolini, e nazista, de Hitler, e se compusesse contra a
sua ditadura.
Mais tarde,
os mesmos oficiais que lutaram contra o totalitarismo de direita na Europa
conspiraram para evitar que o totalitarismo de esquerda, o Comunismo, se implantasse
através da república sindicalista cuja implantação era ensaiada pelo governo de
João Goulart. A revolução de 64, engendrada na ESG, contou com outros expoentes
que passaram pela escola, como Ernesto Geisel e Tancredo Neves (este fazendo
oposição ao regime).
A desmobilização
da FEB por Getúlio Vargas foi seguida por silêncio doutrinário nas escolas
militares que perdura até hoje. Os jovens oficiais que se formam nas academias
conhecem pouco dos feitos da FEB, pois pouco lhes é repassado nos estudos das
disciplinas de formação, aperfeiçoamento e comando.
Não seria patriotismo ou
fervor cívico infundado a exaltação desses heróis que foram convocados para fazer
“a cobra fumar”, pagando sua coragem com saldos de 465 mortos do Exército, 2.064
feridos e 35 prisioneiros das escaramuças contra alemães e italianos, durante 239
dias de combate ininterrupto, conforme estatísticas divulgadas em sites especializados.
Aproveitando o talento
e entusiasmo de João Barone, baterista do “Paralamas do Sucesso”, historiador e
agora cineasta, que vem documentando a participação dos brasileiros na segunda
guerra mundial, recomendo aos estudiosos civis e militares seu documentário “O caminho dos heróis”.
Barone já produziu
outras três obras sobre o tema: O documentário “Um brasileiro no Dia D(2006)
e os livros “A minha segunda guerra”
(2008) e “1942 - O Brasil e sua guerra quase desconhecida”
(2013)”.
A microhistória da FEB
apresenta lances fascinantes, protagonizados por guerreiros mais tarde condecorados por seus
feitos nos campos de batalha. A mais alta condecoração é a medalha “Sangue do
Brasil”, outorgada aos que tiveram sangue derramado.
Heróis e guerreiros, de
Péricles a Napoleão, apresentam virtudes raras combinadas com a coragem. Tanto o
soldado quanto o general pode ter seu momento de bravura e genialidade no
fragor da batalha, com ações que contribuem para transformar o que
aparentemente seria destino em sorte. Tais exemplos precisam ser
narrados nas academias aos jovens militares, em cujas mãos repousa a defesa do
País.
Que se narrem histórias
como a do resgate do soldado Chico Paraíba pelo tenente Ithamar Viana da Silva
(que conheci pessoalmente como coronel e engenheiro militar) umas das mais
conhecidas crônicas da FEB. Basta ao leitor acessar http://henriquemppfeb.blogspot.com.br/2012/01/cronicas-da-feb-chico-paraiba.html
Que se narrem histórias
como as dos oficiais Hugo Abreu, Ernani Ayrosa, Adhemar da Costa Machado, Antônio
Ferreira Marques, etc. entre outros grandes nomes e generais que conheci como
repórter setorista da área militar para o jornal “O Estado de S. Paulo”, nos
anos 70. Não se podem sonegar das novas gerações os feitos daqueles que fizeram
diferença na defesa do Brasil e dos tradicionais valores ocidentais.
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