quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Os campeões de voto e milionários do Congresso


O que significa, na política, ser campeão (ou campeã) de votos, como Jair Bolsonaro, Celso Russomano, Tiririca, Ronaldo Caiado e Romário? Significa que são os novos milionários do Congresso Nacional, pois o voto é a moeda corrente da política e lhes permite tirar os sapatos e bater na mesa exigindo respeito dos seus pares. Todos têm potencial para disputar futuramente a presidência da república, embora não tenham sido testados em cargos executivos em seus estados, pois repetem suas votações extraordinárias com regularidade. Claro que essa pretensão futura dependerá do trabalho de cada um na Câmara e no Senado e em cargos executivos.

Bolsonaro, 59 anos, o mais votado no estado do Rio de Janeiro, com quase 500 mil votos, vai cumprir seu sétimo mandato e pode ser considerado como maior fenômeno da representação política na era republicana brasileira, pois montou verdadeiro clã político. Tem três filhos também eleitos: Eduardo Bolsonaro, deputado federal por São Paulo; Flávio Bolsonaro, deputado estadual pelo Rio de Janeiro; e Carlos Bolsonaro, vereador pelo Rio de Janeiro.

 Se já é grande desafio a eleição para um mandato legislativo, imagine-se a proeza de Bolsonaro ao levar a família à conquista de quatro vagas. Nenhuma das tradicionais oligarquias políticas brasileiras chegou a tanto, em mandatos simultâneos. Para o ex-capitão do Exército, considerado um radical de direita, parece que não resta mesmo alternativa, a partir de agora, senão a de disputar a presidência da República, em 2018.  

Contrário, de forma contundente, a tudo que faz parte das bandeiras de esquerda, o deputado Jair Bolsonaro adquiriu um patrimônio político que o credencia a disputar a Presidência como representante do Estado do Rio de Janeiro, um dos mais politizados do País. Mas, não é só isto. Bolsonaro merece liderar a direita brasileira e se transforma na principal figura de contenção do avanço das esquerdas, que ainda controlam o governo federal...

Russomano (58 anos) e Tiririca (48 anos), eleitos deputados federais com mais de um milhão de votos, são fenômenos eleitorais bem definidos em São Paulo. Russomano, que aspira à prefeitura de São Paulo, foi o mais votado do País para a Câmara dos Deputados, com cerca de 1,5 milhão de votos. Este será seu quinto mandato. É advogado e repórter, tendo como principal bandeira a defesa do consumidor.

O ex-palhaço, humorista e cantor Tiririca (batizado Francisco Everardo Oliveira Silva) conquista seu segundo mandato como deputado federal fazendo a antipolítica irreverente, mas, tem em comum com Russomano, o forte apelo popular. Conquistou seu primeiro mandato com 1,3 milhão de votos e agora foi reeleito com pouco mais de um milhão, provando que entrou na política para ficar.

Ronaldo Caiado, médico ortopedista, 65 anos, representante de uma das mais tradicionais oligarquias rurais do Brasil, é o novo senador do Estado de Goiás, com 1,2 milhão de votos, depois de ter atuado por sete mandatos como deputado federal. É o principal líder ruralista do Brasil (fundador da União Democrática Ruralista - UDR) e seu nome chegou a ser cogitado para disputar a Presidência da República, pelo Democratas –DEM-. Odiado pelas esquerdas e respeitado como ícone da direita, Ronaldo Caiado dá sequência à forte dinastia politica fundada em Goiás por seu avô, Antônio Ramos Caiado (“Totó Caiado”), em 1909.

O ex-jogador de futebol da Seleção Brasileira, Romário, 48 anos, faz meteórica carreira política, se elegendo deputado federal, em 2010, e agora senador pelo Estado do Rio de Janeiro (com mais de quatro milhões de votos). Romário marca sua carreira política com discursos ácidos contra os dirigentes do futebol – a CBF- e os esquemas de corrupção em órgãos governamentais.

Campeões de votos como esses políticos têm a capacidade de catalisar o eleitorado e alimentar o populismo, embora não necessariamente com discurso populista. Mas, vale observar que nenhum político do Partido dos Trabalhadores – PT- ou dos demais partidos de esquerda obteve votação estrondosa como esses campeões, à exceção de Romário, do Partido Socialista Brasileiro - PSB-, donde se infere que a direita ortodoxa brasileira começa a ganhar musculação suficiente para disputar efetivamente o governo federal até 2020.

 

 

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