quarta-feira, 29 de julho de 2015

Governador Rollemberg revela planos para recuperar economia do Distrito Federal



(Por Jorge Eduardo Antunes, diretor de Comunicação do Grupo Paulo Octávio)
 
 
Após debelar a crise nas contas, ele prevê uma melhor gestão financeira já neste semestre
 
Depois de seis meses debelando uma crise financeira grave nas contas públicas, o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, prometeu o início da recuperação econômica da capital a partir deste segundo semestre. Ele foi o convidado dos membros do LIDE BRASÍLIA para o almoço-debate, realizado hoje (28) no Hotel Kubitschek Plaza. Além da presença de mais de 45 associados do grupo, o evento foi prestigiado pelos deputados distritais Celina Leão, presidente da Câmara Legislativa, e Bispo Renato, e pelos secretários da Casa Civil, Sérgio Sampaio; de Desenvolvimento Econômico, Arthur Bernardes; de Planejamento, Leany Ramos; de Habitação, Thiago de Andrade; de Justiça, João Carlos Souto; de Esporte, Leila Barros; de Turismo, Jayme Recena; e de Comunicação Institucional, Vera Canfran.
 
O governador foi saudado pelo presidente do LIDE BRASÍLIA, Paulo Octavio, que relembrou a carreira política de Rollemberg, até sua eleição para o cargo, no ano passado. “Eleito em segundo turno com mais de 812 mil votos, tem procurado governar Brasília no sentido de resgatar a autoestima da população e recuperar economicamente a cidade, auditando contratos de gestões anteriores e lançando, recentemente, um pacote de obras para dinamizar Brasília. Nós temos acompanhado seu trabalho e trago um abraço do presidente João Dória Jr., que não pôde estar aqui por conta do encontro com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, realizado ontem (27)”, destacou.
 
Na sua apresentação inicial, o governador Rodrigo Rollemberg falou do cenário que encontrou o DF. “Ao longo da campanha, devido aos nossos estudos, já sabíamos que a situação era grave. Mas não imaginávamos que fosse tão grave. Um déficit de mais de R$ 3 bilhões atrasados do ano passado, em diversos pagamentos. Além disso, o orçamento era uma peça de ficção, com R$ 16,2 bilhões para pagamento de pessoal, quando o valor efetivo da folha era de R$ 19 bilhões. Isso nos obrigou a um conjunto de medidas austeras, reduzindo de 38 para 24 secretarias e não ocupando quase 4 mil cargos comissionados, economizando R$ 56 milhões, valor muito aquém do que precisávamos para equacionar o orçamento. Também implantamos medidas de controle das finanças da máquina e nas estatais”, detalhou.  
 
Com o enxugamento de 7% no custeio da máquina, apesar do aumento de 21% na folha salarial em função de reajustes anteriores, e com o apoio da Câmara Legislativa, o governador afirmou que, após um semestre de trabalho, há cenário para alívio nas despesas oficiais. “Estamos preparando um conjunto de medidas para equilibrar as contas e poder continuar pagando servidores, fornecedores e prestadores de serviço em dia, além de quitar as pendências de 2014 assim que for possível”, detalhou.
 
Maior incômodo do setor produtivo de Brasília, a excessiva burocracia na emissão de alvarás, cartas de habite-se e licenças construtivas, pode cair em breve, como afirmou Rollemberg. “Estamos preparando um projeto de lei para modificar o código de obras de Brasília, com um grupo trabalhamos a questão dos Relatórios de Impacto de Trânsito (RITs) e estamos reorganizando a Central de Aprovação de Projetos (CAP). Vamos remanejar cargos de outras secretarias para fortalecê-la. O objetivo é criar nas sete Unidades de Planejamento Territorial uma equipe para analisar os projetos mais simples, para que a CAP se concentre apenas nos mais complexos, agilizando procedimentos”, completou. Outro gargalo apontado por ele foi é o do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), cuja equipe está incompleta. O remanejamento de servidores, segundo ele, vai fortalecer o Ibram e agilizar os projetos.
 
O governador revelou que está fazendo também ajustes no Programa de Apoio ao Empreendimento Produtivo do Distrito Federal (Pró-DF). “Queremos priorizar determinadas atividades econômicas, que componham a vocação moderna de Brasília”, acrescentou, dizendo ainda que pretende implantar uma política de desenvolvimento econômico que não se resuma apenas à distribuição de terrenos. “Neste sentido, o Parque Tecnológico é uma alternativa para Brasília, mas ele carece uma empresa-âncora. Então, convidamos a Embrapa para que ela seja a âncora”, acrescentou.
 
Rodrigo Rollemberg defende ainda uma nova ordem para as parcerias público-privadas (PPPs) e as concessões. “Elas serão importantes para fazer investimentos estruturantes na cidade, como a TransBrasília, e intervenções urbanas ao longo do Plano Piloto, por onde passa o linhão de alta tensão, que poderia ser enterrado e ter áreas de lazer no caminho, o que seria custeado com recursos de unidades imobiliárias a serem criadas no percurso. Não apenas isso, como também ceder a gestão de espaços, que cumpririam melhor sua destinação se administrados pela iniciativa privada, como o Centro de Convenções Ulysses Guimarães, que traria eventos nacionais e internacionais importantes para a cidade”, acrescentou.
 
Comentando o pacote de obras recém-lançado, que visa dinamizar a economia e melhorar a qualidade de vida da população, reduzindo a desigualdade, Rollemberg destacou a liberação de empréstimos junto ao Banco do Brasil, no montante de R$ 567 milhões, para obras de infraestrutura. Com este dinheiro, serão concluídas a infraestrutura externa do Parque do Riacho Fundo e do Paranoá Parque, programas habitacionais que permitirão a entrega de mais de 8 mil unidades. Os recursos também são usados no recapeamento de várias regiões administrativas e na ciclovia do Parque da Cidade. Por fim, destacou o início das obras de infraestrutura no Sol Nascente, maior comunidade carente da América Latina, classificada como a primeira grande obra de seu governo. “Estamos também ultimando, com o Ministério Público, adequações no projeto urbanístico para iniciar a infraestrutura de Vicente Pires. Essas obras vão mudar a cidade, melhorando a qualidade de vida da população”, afirmou.
 
Em termos de mobilidade urbana, o governador garantiu que, assim que forem liberados os R$ 159 milhões contratados junto ao BNDES, começam a duplicação da Ponte do Braguetto e o corredor Torto-Colorado, obras que vão melhorar o acesso no Trevo Norte, beneficiando a população de Planaltina, Sobradinho, Grande Colorado e Lago Norte. “Essas obras vão permitir, posteriormente, a construção do BRT ligando o Plano Piloto a Planaltina”, acrescentou. Em relação ao Eixo Oeste, Rollemberg revelou que foi liberado o Túnel de Taguatinga, o que levará o BRT para a região, e que nos próximos meses, sairá o edital de ampliação do Metrô, com duas estações em Samambaia, duas em Ceilândia e uma no início da Asa Norte. Haverá, também, obras para o abastecimento de água em várias regiões administrativas em Brasília e nas cidades do entorno.
 
A primeira pergunta ao governador foi feita pelo presidente do Sindivarejista, Edson Castro, que, após lembrar as mais de 2 mil lojas fechadas na capital, questionou a perspectiva de tempo para equilíbrio das contas públicas. Rollemberg respondeu que trabalha em várias frentes, como o Congresso, a União e a Câmara Legislativa. “Temos um desafio, que é o final deste ano, pois o orçamento atual é completamente artificial. Vamos precisar da Câmara Legislativa para remanejamentos orçamentários e uma área prioritária é o custeio da saúde pública. Vamos pedir, inclusive, aos deputados que abram mão de parte das emendas deste ano, para que não tenhamos um agravamento da situação”, afirmou, revelando que, no ano que vem, com um orçamento real, espera um ambiente econômico mais otimista.
 
Ao responder à pergunta da associada Laura Oliveira, sobre segurança pública, o governador afirmou que, nos seis primeiros meses do ano, as ações implantadas reduziram em 11,2% os homicídios na cidade, o menor número em sete anos, com queda em nove dos 11 indicadores de violência. Parte disso, segundo ele, deve-se à transferência de 986 PMs que estavam em funções administrativas para as ruas. Segundo Rodrigo Rollemberg, a criação de uma política de segurança pública, com a interpretação transparente dos dados estatísticos, tem contribuído de forma prática para a melhoria da sensação de segurança no DF.
 
Em seguida, os secretários presentes ao encontro detalharam para os empresários algumas metas de suas pastas, como a recuperação do comércio da W3, o incentivo à microeconomia do DF, a regularização de feiras e a revitalização do Shopping Popular, na Rodoferroviária. Ao fim do encontro, a presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão (PDT), recomendou que as gestões em torno dos projetos para o ano que vem comecem já a partir de agosto, com a volta dos parlamentares.
 
SOBRE O LIDE
 
Fundado em junho de 2003, o LIDE - Grupo de Líderes Empresariais possui dez anos de atuação. Atualmente tem 1.700 empresas filiadas (com as unidades regionais e internacionais), que representam 52% do PIB privado brasileiro. O objetivo do Grupo é difundir e fortalecer os princípios éticos de governança corporativa no Brasil, promover e incentivar as relações empresariais e sensibilizar o apoio privado para educação, sustentabilidade e programas comunitários. Para isso, são realizados inúmeros eventos ao longo do ano, promovendo a integração entre empresas, organizações, entidades privadas e representantes do poder público, por meio de debates, seminários e fóruns de negócios.

 

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Sergio Moro, um nome presidenciável

Em política, é fundamental o patrocínio. Diante dessa realidade, apresenta-se a todos os que acompanham o noticiário sobre o andamento da Operação Lava Jato, que investiga os responsáveis por atos de desvios vultosos de verbas da Petrobrás e  de corrupção institucional envolvendo as mais poderosas empreiteiras e funcionários do governo, a seguinte indagação: Quem protege o juiz Sérgio Moro, para que ele possa cumprir com segurança seu trabalho?
Nos países de democracia mitigada e desmobilizante, como é o caso da democracia brasileira, qualquer magistrado de qualquer corte tem conhecimento do quanto é perigoso, com risco de vida, prolatar sentenças contra políticos e empresários poderosos, em alguns casos envolvendo o próprio crime organizado internacional, do jeito que vem acontecendo.
Mediante o instituto da delação premiada, alguns acusados de compor cartéis de exploração da Petrobrás, pertencentes a empreiteiras de renome nacional e internacional, estão sendo investigados implacavelmente pela Polícia Federal. E não estão sendo poupados nem os presidentes do Senado Federal, senador Renan Calheiros, e da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, além do ex-presidente da República Fernando Collor.
Está em jogo o equilíbrio político-institucional garantido, durante anos, pela coligação Partido dos Trabalhadores –PT- e Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB-, com seus respectivos aliados nos partidos da base governamental no Congresso. Cunha já se declarou na oposição ao governo e ameaça arrastar consigo às investigações outros nomes de magnitude política.
Os adversários do juiz Sérgio Moro tentam imputar-lhe viés anti-petista e responsabilidade nos “vazamentos seletivos” de nomes de suspeitos em fase de apuração sigilosa. Há quem afirme que Moro tem simpatia pelo Partido da Social Democracia Brasileira– PSDB-, porque sua esposa, Rosângela Wolff de Quadros Mora, é assessora jurídica do vice-governador do Paraná, Flávio José Arns, pertencente ao PSDB.
Outros comentários a respeito da segurança de Moro mencionam elementos altamente treinados da Agência Brasileira de Inteligência –ABIN- e do serviço de informação do Exército como permanentes acompanhantes do magistrado, que estaria blindado por um forte esquema de segurança fora e dentro de sua residência.
A popularidade do juiz vem aumentando, sendo possível que, a qualquer momento, venha a ser aclamado como candidato em potencial à Presidência da República. Por qual partido? Não se sabe. Mas é provável que não seja por nenhum dos atuais, porque não há partido da situação e da oposição que não tenha seu quinhão de culpa pelo estado lamentável a que o País chegou  no trato da  res publica”.

Prosperar ou sucumbir



Adriano Benayon *

O caso da Grécia ajuda a compreender o desafio que o Brasil terá de enfrentar.

2. Como salienta a auditora Maria Lucia Fattorelli, que prestou inestimável colaboração ao Parlamento grego no exame da dívida pública daquele país, ele vem sendo sangrado, há anos, pelo sistema da dívida, governado por grandes bancos de âmbito mundial.

3. Só de 2010 ao presente, a renda nacional da Grécia foi reduzida em 30%, os salários caíram nessa proporção, os pensionistas perderam mais de 50%. O  desemprego passa dos 27% e atinge mais de 60% entre os jovens.

4. Mesmo tendo o povo rejeitado, em plebiscito, o mais recente programa dos “credores”, e tendo o Parlamento mostrado à nação as ilegalidades e fraudes originadoras da maior parte da dívida, faltou coragem ao governo do Syriza para desistir de mais um acordo com a União Europeia.

5. Entretanto, esse acordo dará prosseguimento à destruição econômica e social do país. Trata-se de um terceiro programa de “resgate”, na realidade, de arrocho com calendários de curto prazo.

6. Até quarta-feira (15), o Parlamento grego tem que aprovar mais aumentos de impostos e reformar o sistema de pensões. Só depois disso, os ditadores da União Europeia (Alemanha e França), autorizarão negociar um memorando de entendimento com Atenas.

7. Até outubro, as autoridades gregas têm que implementar mais reformas nas pensões e zerar o déficit, além de cumprir programa de privatizações. Também, alterar as relações de trabalho, facilitando as demissões.  Em suma, elevar as doses dos “remédios” que têm arruinado a saúde do paciente.

8. A mensagem está claríssima. A tirania financeira mundial não tolera qualquer medida dos países envolvidos pelo sistema da dívida, em defesa de suas economias e de seus povos, por mais moderada que seja: eles são pressionados a enredar-se, cada vez mais, na armadilha financeira.

9. Pergunto-me  por que motivo, afora a corrupção – que  jogou papel importante na passividade de muitos de seus antecessores  - o atual governo grego se curvou às imposições do Banco Central Europeu, FMI e tiranos da União Europeia, entidade gradualmente moldada pela oligarquia financeira angloamericana, para subordinar os países da Europa continental.

10. Suponho que as causas sejam os temores de: a) sanções por parte da Alemanha, da França e associados,  os maiores importadores das produções primárias e origem do grosso do turismo, as duas principais fontes de divisas da Grécia; b)  corte do crédito por parte do sistema financeiro internacional e congelamento de fundos depositados no exterior, além de arresto de bens.

11. Não se podem comparar as dimensões, nem as dotações de recursos naturais do Brasil e da Grécia. O Brasil poderia até beneficiar-se das sanções a que estaria sujeito, em caso de cumprir a cláusula da independência, evidentemente superior à própria Constituição (que também a proclama, embora ignorada na prática).

12. Antes, deve ficar claro que, sem autonomia nacional, não há a menor possibilidade de evitar a ruína, que avança a passos largos em nosso País.

13. A soberania vem sendo, há decênios, preterida pelas “boas relações” com as potências imperiais e pela subordinação da política econômica ao sistema financeiro, comandado pelo eixo Londres-Nova York e operado nessas praças e nas offshore, sob controle delas.

14. É de notar, ademais, o espantoso grau dessa subordinação, que supera, em muito, a existente até em países de menor dimensão e aparentemente mais frágeis que o Brasil.

15. Haja vista, entre os exemplos mais notáveis,  as estratosféricas taxas de juros aqui praticadas:

a) as que, compostas, estão levando a dívida pública brasileira a mais crises conducentes a ainda mais vergonhosas abdicações de soberania e a perda de substância econômica;

b) as impostas a empresas nacionais atuantes na produção e a pessoas físicas dependentes de seu trabalho, taxas, como se sabe, grandes múltiplos daquelas, mais que absurda

16. Duas premissas têm de sustentar uma análise realista:

1)   o truculento sistema da dívida não faz concessões aos que nele se enredam: as ameaças, pressões e sanções são manipuladas de forma a obrigá-los a subscrever os “acordos” praticamente por inteiro;

2)   portanto, tentativas de atenuar as penosas condições a que os “devedores” são submetidos, são reprimidas do mesmo modo que seriam medidas capazes de, a médio e longo prazos, liberá-los do crônico enfraquecimento a que vem sendo forçados.

17. Apesar de a presidente ter reduzido os já deprimidos investimentos federais e elevado os já inadmissivelmente altos ganhos dos concentradores financeiros, estes e seus mentores da oligarquia angloamericana não estão satisfeitos e usam seus diversos instrumentos de pressão política para desestabilizar e derrubar o governo.

18.  Está claro que as potências imperiais e seus vassalos brasileiros não toleram mudanças na política econômica nos últimos 61 anos, por mais modestas que sejam. Ao contrário, só admitem radicalizá-la, o que implica levar o País à miséria, intensificando-se a desnacionalização e a desindustrialização da economia.

19. Portanto, se quiser ter alguma chance de, um dia, encontrar o desenvolvimento, o Brasil terá de adotar, desde já, políticas, por completo, diferentes das que têm prevalecido.

20. Por exemplo, reduzir a taxa de juros dos títulos públicos em 2 pontos percentuais, já escandalizaria a grande mídia e os acadêmicos que papagueiam doutrinas econômicas inaplicáveis aos contextos reais.

21. O que se deve fazer, em lugar disso, é diminuir essas taxas em 15 pontos percentuais (cerca de 17% aa. para 2% aa.). Sobre a dívida interna bruta de R$ 3,3 trilhões, isso significa economizar R$ 500 bilhões anuais, quantia equivalente a 10% do PIB.

22. Vale lembrar que os defensores do arrocho gerido pelo ministro da Fazenda e Banco Central alegam que ele fará economizar entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões.

23. Além disso, esses cortes têm efeito multiplicador negativo, por implicar redução de investimentos e de despesas, enquanto o dinheiro poupado com o estéril gasto financeiro da dívida pública poderia ser investido produtivamente, com apreciável geração de receitas adicionais.

24. A sensível redução dos juros é também indispensável por ser o único meio de evitar a capitalização deles, o fator determinante do crescimento exponencial da dívida pública.

 

 25. Mas, para fazer o serviço completo nessa área, há que suprimir artigos lesivos ao País da falsa Constituição “cidadã”, de 1988, a começar pelo de nº 164, que usurpa do Tesouro Nacional o direito de emitir moeda e o confere exclusivamente ao Banco Central. Pior, ao proibir que este financie o poder público, o submete à agiotagem dos bancos privados.

26. É também espantoso que a Lei 4.595, de 31.12.1964, tenha sido recepcionada pela Constituição, como Lei complementar, e continue sendo o arcabouço do sistema financeiro do País, tendo sido elaborada sob medida para os interesses dos bancos concentradores. Há que fazer outra sob princípios bem diferentes.

27. Essas são algumas das medidas de que o País precisa, a fim de realizar políticas macroeconômicas decentes, devendo-se também enunciar a reformulação completa das estruturas microeconômicas, sem as quais aquelas de pouco valem.

28. Ou seja: novas políticas industrial, tecnológica, de serviços e dos mercados, afora infraestruturas econômicas e sociais compatíveis com tais estruturas, livres das garras dos carteis e abertas à concorrência dos produtores.

29. Claro que a defesa nacional deve ser uma das prioridades, em interação com a indústria voltada para o bem-estar e para  o progresso técnico. Tudo isso exige administrações civil e militar inspiradas em valores elevados e conscientes de que a solidariedade nacional tem de prevalecer sobre ambições pecuniárias e de poder.

30. Em tal sistema, o mérito, não só intelectual, é aferido desde as primeiras letras, e o importante setor estatal tem de ser administrado de modo que os equipamentos e empresas estatais estejam a serviço da sociedade em seu conjunto e, portanto, não sejam objeto de comércio.

* - Adriano Benayon é doutor em economia pela Universidade de Hamburgo e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento

terça-feira, 14 de julho de 2015

Grécia é credora do mundo Ocidental

A Grécia firmou um acordo com a União Europeia-UE-, para captar 80 bilhões de euros - cerca de 276 bilhões de reais -, com o risco de ter que vender ativos estatais – obras de arte antigas, imóveis e até ilhas – para sanar sua dívida externa astronômica de dois bilhões de euros –quase sete bilhões de reais- da qual a Alemanha é a principal credora.
Já escrevi uma vez, e volto a defender a tese de que a Grécia não deve ser vista como devedora a ninguém; ao contrário, deve ser considerada credora do mundo ocidental em decorrência da civilização que ajudou a instituir juntamente com Roma, a Civilização Greco-Romana, que remonta a mais de seis mil anos.
Desnecessário se torna reafirmar que, sem os gregos e seus filósofos, escritores, sábios e instituições, como Sócrates, Platão, Pitágoras, Aristóteles, Heródoto, Arquimedes, Euclydes, Pausânias, Ulysses, etc. e tantos outros, além das formas e dos regimes de governo ainda vigentes, como a monarquia e a democracia, e das religiões, mitos e crenças que revestem o controle da humanidade, não teria o mundo ocidental as riquezas materiais e imateriais e os códigos normativos que regem as sociedades.
Discutir o legado grego e romano para o mundo civilizado ocidental seria chover no molhado, antes uma atitude idiota e alienante, equivalente a reinventar a roda ou repensar a Lei da Gravidade. A civilização greco-romana é um monumento que atinge o píncaro celeste, só superada pela civilização sumério-acadiana, de origem cósmica e que remonta a mais de 500 mil anos, conforme nos relata o extraordinário “cronista da Terra” Zecharia Sitchin.
Os gregos e romanos tiveram o privilégio de montar para o Ocidente essa civilização que hoje lhes cobra reles valor financeiro de dívida, com ameaças de ultraje aos valores e ao orgulho gregos. Quem leu atentamente “A Cidade Antiga”, de Fustel de Coulanges (1830-1889) pode aferir que tais valores gregos  (e também romanos) foram consolidados pela religião familiar e cívica e não se dissipam   vergastados por nenhuma tormenta.
Seria mais fácil ruir a União Européia como movimento político liderado pela Alemanha Federal do que a Grécia endividada e privada de seus bens materiais. Criticar a Grécia por não ter controle de seus gastos é inútil. Como Estado e Nação, os gregos não têm que se submeter a nenhuma tipo de guante do FMI ou de quem quer que seja. Que o mundo se una para ajudar a Grécia sem pressões morais e éticas.  O mundo deve à Grécia uma dívida impagável.

 

China quer investir 250 bi na América Latina

A China está oferecendo investir 250 bilhões de dólares na América Latina, em 10 anos, enquanto os Estados Unidos prometem apenas oito bilhões. Com que oferta você ficaria? Nesta entrevista de FC Leite Filho, do blog Café na Política, com o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães e o jornalista Beto Almeida, que participou da recente cúpula de chefes de Estado CELAC-UE, em Bruxelas, examinamos as perspectivas de cooperação entre os dois continentes. Em foco, estão também as pressões para um acordo entre Mercosul e a União Europeia, com todas as suas implicações envolvendo eliminação de tarifas alfandegárias e outros mecanismos de proteção de nosso mercado, numa manobra muito parecida com a antiga ALCA. Foi também analisada a cooperação regional e as recentes viagens de senadores brasileiros à Venezuela.

Pílulas do Vicente Limongi Netto

Repudio ataques das vestais grávidas do MPF ao senador Renan Calheiros. Descaídos de espírito jogam as patas em Renan com matéria requentada e ultrapassada. A manada dos paladinos de meia pataca não é completamente tola. Sabe que só se atira pedra em árvore que dá bons frutos. Calheiros não vai deixar de continuar trabalhando com isenção, vigor e espírito público. Os asnos não vão intimidar Renan Calheiros.
Os juristas por correspondência do MPF são arrogantes e pretensiosos. Não são donos da verdade. Insistem em partidarizar e criminalizar quem não reza pela cartilha deles. Há oito anos Renan Calheiros demoliu o timeco de demagogos, oportunistas e hipócritas. Detonou a torpe orquestração dos desinformados, parasitas e ressentidos.
Calheiros jamais se abateu com criticas e campanhas sórdidas e infundadas. O senador alagoano trabalhou incansavelmente para voltar ao cargo, do qual renunciou para se defender dos fracassados e ressentidos.  Renan venceu a tudo e a todos porque é politico competente. Tem consciência que o trabalho é árduo. Sabe que é preciso muita dedicação e união para o Brasil superar as dificuldades.

Suframa, um jogo penoso

(Por Wilson Périco, Presidente do Centro da Indústria do Amazonas)
“A justiça retirou na semana passada a prerrogativa da Superintendência da Zona Franca de Manaus –ZFM-de liberação de cargas para o abastecimento, transferindo à secretaria Estadual de Fazenda a atribuição.
A medida resguarda o interesse público, que já começa a padecer a escassez de produtos e o direito ao trabalho de empresas e colaboradores da cadeia produtiva do modelo Zona Franca de Manaus, que contabilizam prejuízos que vão além de R$ 4 bi, segundo a soma de estimativas de alguns setores. De intuito, a propósito, a justiça antevê o caos a partir de uma situação que se arrasta e se agrava sem horizonte de solução.
O modelo ZFM, cabe a pergunta – merece tanta punição apesar de tantos acertos? Um modelo que não usa recursos públicos, e que devolve 4 vezes mais a renúncia fiscal em que se baseia para florescer uma indústria não-predatória na floresta. E este modelo, criado para reduzir as desigualdades regionais e proteger o patrimônio natural, virou fonte de financiamento para a União. A riqueza aqui produzida, mais da metade, é transferida para a União. Um recurso que foi pensado e planejado para ajudar a consolidar o modelo e regionalizar seus benefícios.
Neste fim de semana, a imprensa paulista descreveu o conjunto dos desacertos federais que a gestão da Amazônia representa nos últimos anos.  E destacou a violência como um dos descaminhos da intervenção vesga dessa gestão do Brasil em 63% do seu território que a Amazônia representa.
Favela Amazônia, uma reportagem espetaculosa do “Estadão”, mostra, indiretamente, os estragos numa região que não aplica inteligentemente a riqueza que produz ou que poderia produzir se aplicasse suas verbas de pesquisa e desenvolvimento.
A matéria descreve fatos, como se o Brasil amazônico fosse um país distante do Brasil do Sudeste. A matéria destaca algumas das sequelas da violência, tanto com as populações tradicionais da região, como dos habitantes das áreas urbanas, quase 80% da demografia, açoitada pelos ditames perversos do narcotráfico.
Em visita ao CIEAM, em maio último, o secretário de Segurança, Sérgio Fontes, um delegado da Polícia Federal e uma das maiores autoridades em combate ao tráfico, no país, relatou uma indústria que está dando certo: A indústria do tráfico e sua lucrativa organização criminosa. Aí está a causa principal da violência no Amazonas, da Amazônia e do país. “Manaus é o primeiro aglomerado urbano que a produção e a rota do tráfico privilegiam e usam para ensaiar sua logística e governança sombria”.
Da encosta da cordilheira dos Andes, onde era tradicionalmente produzida, a droga se movimentou na direção da fronteira com o Brasil, onde já estão ocupados 10 mil hectares de cultivo de coca, com uma produção anual de 100 toneladas, às margens do rio Javari, na fronteira do Amazonas com o Peru.
Com o corte no Orçamento, as verbas da FUNAI para cuidar das etnias indígenas da região, tiveram redução de 70%. Alguns desses grupos sofreram a manipulação sombria do narcotráfico, que utiliza o descaso federal com as populações tradicionais para fortalecer suas atividades.
O Brasil já é o maior consumidor de cocaína do mundo, à frente dos Estados Unidos. A Polícia Federal conta com apenas 80 policiais em Manaus e 20 na fronteira, para monitorar a imensidão e multiplicidade de rios amazônicos que ali se formam. Sem a ZFM é fácil imaginar o que virá por aí.
Em Marabá, às margens do Rio Tocantins, onde o Programa Arco Norte se consolidou como opção logística para o agronegócio, com interferência robusta das empresas, invasões como Fanta, Infraero, Vila do Rato e São Miguel da Conquista, ironizam ocotidiano e ilustram a violência que a economia da droga implantou.
Sem saneamento e segurança, formadas na pressão do fluxo de migrantes dos municípios esquecidos, e atraídos por projetos de construção civil, mineração e pecuária, Marabá e as periferias das cidades amazônicas, mostra que a crise da região, incluindo o drama da Suframa, seus servidores e seu esvaziamento, não é econômica, é de gestão e de credibilidade. “Um jogo difícil e penoso de enfrentar”.  

Flávio Ricco
Lamentável que o Jornal de Brasilia não publique mais a coluna  de Flávio Ricco. Castigo para os leitores é isso. Marcante evidência da preferência editorial do jornal: Prefere publicar besteiras, excluindo uma excelente coluna que tem leitores cativos, que apreciam notícias da televisão, do cinema, do teatro e do rádio, com notas exclusivas e bons comentários. Síntese: ao invés de melhorar, o jornal insiste em piorar.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Solapamento da Amazônia


Por Rogério Maestri
O pesadelo da perda da Amazônia existe, e agora tem mapa, programa e justificativa. Quando alguém fala da pretensão de países do primeiro mundo através de causas ambientais em se apropriar da Amazônia é chamado de paranoico, psicótico e defensor de fazendeiros e madeireiros. Falava-se muito de um mapa norte-americano em que a Amazônia já era considerada uma grande reserva ambiental, porém dados reais sobre esta ameaça eram quase uma lenda urbana do que qualquer outra coisa, porém nos dias atuais chega uma proposta de internacionalização da Amazônia com mapa, proponente e superfície, o chamado Corredor Ecológico.
O presidente colombiano Juan Manuel Santos, presidente do único país da América do Sul que possui bases das forças armadas norte-americanas (sete ao todo, Palanquero, Apiay, Malambo, Cartagena, Tolemaida, Larandia y Bahía Málaga) e recebe de ajuda militar dos Estados Unidos simplesmente para combater as drogas propôs um “ambicioso programa” de criar o chamado Corredor Ambiental Triplo A na América do Sul.
O que significa este Corredor Ambiental Triplo A? Simplesmente um corredor que daria continuidade entre os Andes até o Atlântico passando pela Amazônia. Certo, segundo definição da Wikipédia um “Corredor ecológico ou corredor de biodiversidade é o nome dado à faixa de vegetação, que podem ter por objetivo ligar grandes fragmentos florestais ou unidades de conservação separados pela atividade humana (estradas, agricultura, clareiras abertas pela atividade madeireira, etc.), possibilitando o deslocamento da fauna entre as áreas isoladas e, consequentemente, a troca genética entre as espécies e a dispersão de sementes.
Da definição de corredor tem-se: Passagem estreita e alongada; galeria; caminho coberto. Ou seja, um corredor é uma passagem estreita não LARGA para a passagem. O corredor proposto pelo Presidente Santos teria a largura dentro do Brasil variando de 50 km junto a Venezuela que neste caso cederia do seu lado mais 50 km, e nas partes mais largas no Brasil teria 500 km, ou seja, seria mais largo do que os mais compridos corredores ambientais do mundo.
É importante ressaltar que a expressão Corredor Ambiental não se aplica a esta área, pois corredores ambientais são, como induz o nome, áreas compridas e estreitas que ligam duas ou mais áreas de preservação que estão separadas e as espécies que estão restritas nestas áreas por endogamia poderiam sofrer processos de degradação. No caso da Amazônia os parques e as reservas ambientais são tão extensos que geralmente não necessitam corredores interligando-as.
A idéia deste corredor monstro partiu da ONG Gaia Amazônia, (http://gaiaamazonas.org/) que apresenta um belo site em inglês e espanhol, português parece que não é muito necessário pois somente 61% do corredor ficará dentro do Brasil, numa área equivalente a 3,7 vezes o estado de São País.
Esta Fundação Gaia Amazônia é uma filial da Gaia Foundation, estreitamente vinculada à Casa de Windsor, a família real britânica, tendo no seu conselho de curadores de quatro membros, Jules Cashford escritora, palestrante e autora de livros sobre mitologia, Edward Posey ex-piloto da RAF trabalhou para o National Service inglês (órgão responsável pelo recrutamento militar) e um tempo depois se viu emocionado com a situação do mundo que dedica os últimos trinta anos de sua vida a atividades filantrópicas como a de imiscuir nos países do terceiro mundo, recebeu a Ordem do Império Britânico (OBE) por serviços ao governo inglês na Gaia Fondation (está assim no seu currículo no site!), além de um engenheiro norte-americano ainda temos a Marquesa de Worcester, a conhecida Marquesa Verde. Ativista social e ambiental e a última causa que ela abraçou em 2013 é a de que as nobres inglesas possam guardar os seus títulos de nobreza através da linha feminina, algo extremamente importante para o movimento feminista internacional.
A idéia deste projeto é unificar todas as áreas indígenas para que nelas sejam introduzidas o conceito de AATIs – Associations of indigenous Tradicional Authorities, um conceito de autogovernação das tribos indígenas sob a orientação da Gaia Fondation (fica implícito), pois segundo “É um único modelo de responsabilidade compartilhada para a proteção da floresta amazônica.” (Só não dizem com quem que será compartilhada esta responsabilidade).
Esta sugestão vai ser levada pelo Presidente Santos para COP 21 em Paris, objetivo, salvar o mundo do aquecimento climático.
Este plano já é divulgado em toda a imprensa internacional e aqui no Brasil a repercussão não existe.

 

terça-feira, 7 de julho de 2015

Não há desenvolvimento dependente


Adriano Benayon
 
Dei ao artigo anterior o título “Crescimento do Subdesenvolvimento.   Só posso atribuir à desinformação o fato de tanta gente crer em desenvolvimento do Brasil, após 1954,  e,  mais ainda, continuar-se, até hoje, a falar de modelo de desenvolvimento e de retomada do desenvolvimento, como se ele tivesse existido nestes 60 anos.

2. É a velha confusão entre os dois termos.  Para  dizer se um país se desenvolve ou não, basta olhar as estatísticas de crescimento e verificar se taxas expressivas de incremento se mantiveram ininterruptamente durante longos períodos, pelo menos de 25 anos.

3. Isso jamais ocorreu no Brasil. Nos últimos 60 anos, os únicos períodos com taxas reais ininterruptas  acima de 7% foram 1968/1974 (sete anos) e 1957/1961 (cinco anos).

4. Taxas baixíssimas verificaram-se em  1956; 1963/1965; 1981/1983 (taxa média negativa); 1988/1990  (taxa média negativa); 1996/1999; 2000/2003; 2009/2014, com um único ano (2010) apresentando 7,5% positivos.

5. Esse lastimável quadro – e seria ainda pior se os dados fossem os mais relevantes (PNB em vez de PIB) comprova o desastre que é  o modelo dependente, pois uma gestão apenas regular teria conduzido a resultados incomparavelmente superiores, compatíveis com os prodigiosos recursos naturais do País.

6. Evidente, portanto, que esse modelo, caracterizado pela crescente ocupação pelo capital estrangeiro de todos os setores da economia,  formou  péssimas estrutura e infraestrutura.

7. A lavagem cerebral faz acadêmicos e jornalistas, da direita à esquerda, se regozijarem com os “investimentos” estrangeiros por os julgarem indicadores da vitalidade econômica do País, pensando que se trata de  investimentos reais.

8. Ignoram ou fingem ignorar que esses “investimentos” provêm, na maior parte, de subsídios públicos e que, em razão das transferências das subsidiárias das transnacionais às suas matrizes, acarretam pesadas perdas líquidas de capital para o País.

9. Na realidade, o valor das remessas de recursos materiais e financeiros ao exterior constituem grandes múltiplos da entrada efetiva de capitais estrangeiros, devido não só às saídas pela conta de lucros e dividendos, mas, mais ainda, por outras contas do balanço de  transações correntes, notadamente através do superfaturamento de importações e do subfaturamento de exportações, além do pagamento de serviços superfaturados e até fictícios.

10. Ora, os governos que se sucederam no Brasil têm tido por prioridade máxima manter as boas graças do sistema financeiro mundial, sem as quais creem que sofreriam retaliações financeiras insuportáveis.

11. Acuada pela hostilidade dos demais poderes de Estado e de outras instituições, ademais da dos meios de comunicação social – a atual presidente  - viu-se obrigada, diante das crises fiscal e externa, a adotar políticas que degradarão ainda mais a situação econômica e financeira do País.

12. Se não o fizesse,  o País perderia o “investment grade”,  ou seja, a avaliação das agências de risco de crédito faria cortar o crédito por parte de instituições financeiras e investidores estrangeiros.
13. Mas manter o grau de investimento para quê? Isso significa para o  Brasil apenas continuar recebendo grande fluxo de  capitais, como acontece há muito tempo, com o único efeito de desnacionalizar, desindustrializar e deteriorar sua economia.

14.  Desde os anos 80, o percentual da indústria de transformação no PIB caiu  de 33% para 11,5%. Ou seja: a desindustrialização fez-se notar,  cerca de 25 anos após o início da desnacionalização em grande escala,  e tornou-se aguda, a partir do momento em que esta foi acelerada.

15. Como mostrei no artigo anterior, as  crises econômico-financeiras no Brasil são recorrentes, por terem causa estrutural, e é justamente a estrutura econômica que costuma ser deteriorada em consequência  da política econômica que se diz anticrise.

16. Então, que fazer?  Eliminar  as causas do mal, em vez de  aumentar a dose dos “remédios” que sempre foram aplicados com péssimos resultados.

17. Para sobreviver como País, é imprescindível construir uma economia competitiva, o que exige sua nacionalização, pois o interesse das transnacionais é importar matérias-primas essenciais, a preço vil, e transferir ao exterior lucros estupendos, além de monopolizar o controle da tecnologia, inviabilizando  o desenvolvimento de tecnologias que pudessem competir com aquelas de que são proprietárias.

18. São indispensáveis  infraestruturas de energia, transportes e comunicações baseadas em recursos naturais e tecnológicos locais, voltadas para propiciar custos baixos para a indústria  e demais setores de uma economia nacional integrada, muito diferente da atual, construída em função de interesses estrangeiros.

19. A economia deve  ter espaços abertos a empresas privadas -  médias e pequenas -  e grandes estatais, inclusive na área financeira.  Emissões monetárias do Tesouro e títulos públicos com juros baixos assegurarão baixo custo para os recursos financeiros aplicados na produção de bens e serviços. Entre as prioridades, investimentos  nas Forças Armadas, especialmente em seus projetos de elevado conteúdo tecnológico.

20. Além de recrutar e financiar profissionais brasileiros  para reconstituir o setor privado nacional desconcentrado e para empregá-los em estatais, o Brasil poderia importar engenheiros e técnicos de países com forte base industrial,  atualmente assolados pela depressão econômica.

21. É evidente que tudo isso é intolerável para o sistema imperial e  acarretaria sanções econômicas contra o Brasil,  mas elas não nos causariam mal.

22. O Brasil só tema ganhar buscando o desenvolvimento no quadro de um modelo relativamente autárquico,  podendo formar espaço de maior dimensão econômica em associação com a Argentina, e intensificar  a cooperação com  membros do BRICS, excluída a relação em moldes centro-periferia.

23. A história política e econômica subsequente ao golpe de 1954 mostra  continuidade – velada pelas diferenças formais e ideológicas  dos diversos regimes e governos – caracterizada pela consolidação e aumento, a cada etapa,  da desnacionalização e do  enfraquecimento estrutural da economia,  juntamente com o incremento da submissão política às imposições imperiais.

24. O capitalismo levou a economia e as finanças a espantoso grau de concentração, o que foi realizado, infringindo as regras – em geral frágeis, devido à força política dos concentradores -  instituídas por alguns Estados para  que o sistema guardasse alguma semelhança com o modelo favorável à economia de mercado e à  concorrência.

25. Entre os meios usados pelos carteis estão as fraudes, o uso de advogados especializados em encontrar brechas na legislação, e a própria corrupção de autoridades públicas e  no seio de concorrentes.

26. É mais um sinal da deterioração e do enfraquecimento do sistema político no Brasil que um juiz de Vara federal no Paraná esteja cerceando, seletiva e amiúde injustificadamente,  o que resta de empresas nacionais de grande porte, dotadas de tecnologias competitivas, e prejudicando atividades da Petrobrás.

27. O mesmo é demonstrado pela urgência concedida para a tramitação do projeto do senador José Serra que atende as reivindicações das companhias estrangeiras de petróleo, interessadas nas fabulosas reservas descobertas pela Petrobrás, tal como ele prometera ao Embaixador dos EUA, conforme revelações do Wikileaks.

28. No mesmo sentido, a intervenção do Banco Central podadora da capacidade de investimento da Petrobrás, impedindo o  BNDES de financiá-la: medida reprovável, coerente com a tradição do BACEN, hostil às atividades produtivas, e determinante do eterno desequilíbrio das contas públicas, através da política de juros exorbitantes.

29. Também, atitudes do Executivo,  como a de Petrobras ter posto à venda, para serem desnacionalizados, 49% das ações da subsidiaria Gaspetro, que participa em 19 distribuidoras estaduais de gás natural. A venda é conduzida pelo Itaú-BBA, que estaria convidando  as japonesas Mitsui, Marubeni e Itochu, a chinesa Beijing Gas, a franco-belga GDF Suez e a espanhola Gás Natural.

30. Em suma, a experiência histórica, de séculos, demonstra que quanto mais os países periféricos ricos em recursos naturais, cedem às imposições imperiais, mais ficam enfraquecidos e empobrecidos. Portanto, ou o Brasil toma rumo muito diferente do dos últimos 61 anos, ou o destino de seu povo será de lastimar.

 * - Adriano Benayon é doutor em economia pela Universidade de Hamburgo e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Na Grécia, vence o OXI

 
Jornalista Francisco das Chagas Leite Filho
OXI, na Grécia, significa muito mais do que o advérbio de negação. O “NÃO” deles exprime um sentimento de orgulho e dignidade, que se espelha num exemplo de bravura de seu governo, em 1941, durante a segunda guerra, diante de um ultimato de Mussolini. Depois de entender-se com Hitler, o senhor da guerra (o Führer) e do mundo na época, o Dulce intimou o primeiro ministro e general Ioannis Metaxas a render-se num prazo de três horas.
Metaxas e todo o planeta sabiam que as tropas italianas estavam acantonadas na fronteira com a vizinha Albânia, prontas a atacar. Sucinto, o premiê enviou-lhe a resposta num telegrama expressa numa única palavra: OXI. Na guerra que se seguiu, a Grécia, comandada por Metaxas e com forças nitidamente inferiores às do inimigo, aplica, com a ajuda do povo, uma solene e desmoralizante derrota ao Dulce. A partir dali, o exercito fascista italiano virou motivo de chacotas, que persiste até hoje. É por isso que todo ano, os gregos comemoram o “Dia do Não” (OXI), todo 28 de outubro, com celebrações populares em todo o país.
Foi com este sentimento e expressando o ultraje grego sofrido nos últimos cinco anos de opressão da Troika, FMI, Banco Cenrtral Europeu e União Europeia, que o atual premiê, o jovem Aléxis Tsipras, de 40 anos, exortou a população a dizer outro sonoro OXI ao que seria um novo pacote econômico. Tal pacote imporia outras pilhagens às já malbaratadas finanças nacionais, cujo PIB caiu 25% por causa das medidas anteriores adotadas desde 2010.
Líder da Coalizão Syriza, que em grego significa Esquerda Radical, num esforço para diferenciar-se da desmoralizada esquerda europeia, que hoje se transformou no braço direito do FMI e do neoliberalismo, Tsípras afrontou o medo e o desânimo que o aparato midiático universal, além do grego, obviamente, tentou injetar na população: as grandes redes de TV e de internet passaram a anunciar que se o OXI ganhasse o país ficaria sem gasolina, sem comida e sem crédito, porque a Europa a excluiria da zona do Euro. Mentira para boi dormir que não impressionou os gregos: 61% disseram OXI as propostas, que eles sabiam muito bem tratar-se de imposições, da Europara para subjugar o governo grego.
Como o governo Tsipras está agora reforçado com o apoio popular advindo do referendo, a Europa, que teme a debandada da Espanha, através do Partido Podemos, e de um efeito contágio que ainda poderia levar a rebeldia à Itália, Irlanda, Portugal e talvez a própria França, com o “socialista” François Hollande e tudo, vai ter, necessariamente, de fazer concessões importantes à Grécia. Estas concessões deverão dar alívio ao país para crescer, a exemplo do que os credores europeus e americanos tiveram de fazer com o governo Kirchner, da Argentina, em 2005: aceitaram um perdão da dívida de 75%, em troca do pagamento assegurado dos 25% restantes.
O importante a assinalar, aqui, é não apenas a destemor, mas sobretudo a estratégia de estado maior que adotou Tsipras, um engenheiro civil de profissão. Para vencer o temeroso aparato econômico-midiático, jogado com todo o seu peso sobre o referendo, através do apoio decidido não só da União Europeia como dos Estados Unidos, a superpotência mundial, Tsípras teve de usar, nesta batalha eleitoral, táticas tão dissuasivas como as de seu remoto antecessor Metaxas na guerra literal. Recorde-se que ele anunciou a medida num pronunciamento ocorrido depois da zero hora de 26 de junho, quando a Grécia e a Europa ainda estava dormindo e poucas horas depois de ter recebido uma nova chantagem da Grécia, numa reunião a que compareceu, pessoalmente, em Bruxelas, sede da UE.
O prazo de realização da consulta foi também curtíssimo: apenas seis dias úteis, já que se consumaria neste domingo cinco de julho.
Sabedor da onda de boatos e ameaças que desataria sua decisão, os quais poderiam desembocar numa corrida bancária e no desabastecimento, o premiê demonstrou ser um líder em completo controle da política, da administração e da política externa. Primeiro, determinou o feriado bancário indeterminado, depois limitou os saques diários nos caixas eletrônicos em 60 euros (lembre-se que na Argentina do corralito, o limite era uma retirada semanal de 250 pesos, moeda já então desvalorizada em mais de 50% frente ao dólar, além do sequestro de todas contas correntes e de poupança, o que não aconteceu na Grécia de Tsípras).
Para contrabalançar as limitações financeiras da população, o governo também autorizou o transporte público gratuito e a abertura normal do comércio. Com isso, ele evitou que a mídia semeasse o pânico e foi aos poucos obtendo o apoio da população, que não saiu depredando e saqueando lojas e bancos, como ocorreu na Argentina do corralito, em 2001. Nos primeiros dias, já se tinha nítida noção da vitória do OXI, apesar da manipulação clássica dos institutos de opinião, os quais, para potenciar sua política de incitar o medo, recorreu sua velha tática de estuprar a matemática. Três dias antes do referendo, chegaram a dar uma vitória de 1,8% do NAI (sim) sobre o OXI, enquanto as quatro cadeias de TV anunciavam uma pesquisa de boca de urna de que havia uma “leve”, o que implicava empate técnico, preponderância do OXI. Tudo em vão, tudo mentira. Prevaleceu o OXI, com, até o término desse post, às 17:28 horas 61%, contra 39% do NAI.

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 FC Leite Filho

OXI, na Grécia, significa muito mais do que o advérbio de negação. O “NÃO” deles exprime um sentimento de orgulho e dignidade, que se espelha num exemplo de bravura de seu governo, em 1941, durante a segunda guerra, diante de um ultimato de Mussolini. Depois de entender-se com Hitler, o senhor da guerra (o Führer) e do mundo na época, o Dulce intimou o primeiro ministro e general Ioannis Metaxas a render-se num prazo de três horas.

Metaxas e todo o planeta sabiam que as tropas italianas estavam acantonadas na fronteira com a vizinha Albânia, prontas a atacar. Sucinto, o premiê enviou-lhe a resposta num telegrama expressa numa única palavra: OXI. Na guerra que se seguiu, a Grécia, comandada por Metaxas e com forças nitidamente inferiores às do inimigo, aplica, com a ajuda do povo, uma solene e desmoralizante derrota ao Dulce. A partir dali, o exercito fascista italiano virou motivo de chacotas, que persiste até hoje. É por isso que todo ano, os gregos comemoram o “Dia do Não” (OXI), todo 28 de outubro, com celebrações populares em todo o país.

Foi com este sentimento e expressando o ultraje grego sofrido nos últimos cinco anos de opressão da Troika, FMI, Banco Cenrtral Europeu e União Europeia, que o atual premiê, o jovem Aléxis Tsipras, de 40 anos, exortou a população a dizer outro sonoro OXI ao que seria um novo pacote econômico. Tal pacote imporia outras pilhagens às já malbaratadas finanças nacionais, cujo PIB caiu 25% por causa das medidas anteriores adotadas desde 2010.

 

Líder da Coalizão Syriza, que em grego significa Esquerda Radical, num esforço para diferenciar-se da desmoralizada esquerda europeia, que hoje se transformou no braço direito do FMI e do neoliberalismo, Tsípras afrontou o medo e o desânimo que o aparato midiático universal, além do grego, obviamente, tentou injetar na população: as grandes redes de TV e de internet passaram a anunciar que se o OXI ganhasse o país ficaria sem gasolina, sem comida e sem crédito, porque a Europa a excluiria da zona do Euro. Mentira para boi dormir que não impressionou os gregos: 61% disseram OXI as propostas, que eles sabiam muito bem tratar-se de imposições, da Europara para subjugar o governo grego.

 

Como o governo Tsipras está agora reforçado com o apoio popular advindo do referendo, a Europa, que teme a debandada da Espanha, através do Partido Podemos, e de um efeito contágio que ainda poderia levar a rebeldia à Itália, Irlanda, Portugal e talvez a própria França, com o “socialista” François Hollande e tudo, vai ter, necessariamente, de fazer concessões importantes à Grécia. Estas concessões deverão dar alívio ao país para crescer, a exemplo do que os credores europeus e americanos tiveram de fazer com o governo Kirchner, da Argentina, em 2005: aceitaram um perdão da dívida de 75%, em troca do pagamento assegurado dos 25% restantes.

 

O importante a assinalar, aqui, é não apenas a destemor, mas sobretudo a estratégia de estado maior que adotou Tsipras, um engenheiro civil de profissão. Para vencer o temeroso aparato econômico-midiático, jogado com todo o seu peso sobre o referendo, através do apoio decidido não só da União Europeia como dos Estados Unidos, a superpotência mundial, Tsípras teve de usar, nesta batalha eleitoral, táticas tão dissuasivas como as de seu remoto antecessor Metaxas na guerra literal. Recorde-se que ele anunciou a medida num pronunciamento ocorrido depois da zero hora de 26 de junho, quando a Grécia e a Europa ainda estava dormindo e poucas horas depois de ter recebido uma nova chantagem da Grécia, numa reunião a que compareceu, pessoalmente, em Bruxelas, sede da UE.

O prazo de realização da consulta foi também curtíssimo: apenas seis dias úteis, já que se consumaria neste domingo cinco de julho.

 

Sabedor da onda de boatos e ameaças que desataria sua decisão, os quais poderiam desembocar numa corrida bancária e no desabastecimento, o premiê demonstrou ser um líder em completo controle da política, da administração e da política externa. Primeiro, determinou o feriado bancário indeterminado, depois limitou os saques diários nos caixas eletrônicos em 60 euros (lembre-se que na Argentina do corralito, o limite era uma retirada semanal de 250 pesos, moeda já então desvalorizada em mais de 50% frente ao dólar, além do sequestro de todas contas correntes e de poupança, o que não aconteceu na Grécia de Tsípras).

Para contrabalançar as limitações financeiras da população, o governo também autorizou o transporte público gratuito e a abertura normal do comércio. Com isso, ele evitou que a mídia semeasse o pânico e foi aos poucos obtendo o apoio da população, que não saiu depredando e saqueando lojas e bancos, como ocorreu na Argentina do corralito, em 2001. Nos primeiros dias, já se tinha nítida noção da vitória do OXI, apesar da manipulação clássica dos institutos de opinião, os quais, para potenciar sua política de incitar o medo, recorreu sua velha tática de estuprar a matemática. Três dias antes do referendo, chegaram a dar uma vitória de 1,8% do NAI (sim) sobre o OXI, enquanto as quatro cadeias de TV anunciavam uma pesquisa de boca de urna de que havia uma “leve”, o que implicava empate técnico, preponderância do OXI. Tudo em vão, tudo mentira. Prevaleceu o OXI, com, até o término desse post, às 17:28 horas 61%, contra 39% do NAI.

sábado, 4 de julho de 2015

Obama aposta em Dilma até 2017


Os subterrâneos da política escondem coisas que a sociedade não vê. Isso se aplica não somente à Política como arena eleitoral e partidária do sistema representativo, mas, ainda à Política como esfera de atuação do Estado para concepção e implementação das políticas públicas.
A Presidente Dilma Rousseff foi aos Estados Unidos, recebeu as honras de Chefe de Governo e Chefe de Estado do Presidente Obama, assinou documentos de cooperação bilateral e pronunciou “boutade” como aquela que qualifica a mandioca como conquista brasileira.Pode ser que a boutade da mandioca lançada pela Presidente Dilma signifique muito mais do que aparenta... Os gaúchos têm um ditado:"Se a água da lagoa se mexe, é porque a traíra é grande."
E Washington, nada boba, tratou a visitante como se ela não apresentasse atualmente índice tão alto (cerca de 65%) de rejeição popular ao seu governo, conforme os institutos de pesquisa.
E por que a Presidenta Dilma Rousseff ainda não caiu? Não caiu porque existe em política o efeito inercial de alta e queda da popularidade do governante, pois a comunicação política –conjunto de mensagens que  circulam pelo sistema político condicionando as ofertas e demandas do sistema – ainda não comprometeu a governabilidade, cuja equação é legitimidade + eficácia. A eficácia de Dilma é baixa e compromete cada vez mais sua legitimidade.
A comunicação política, que gera a entropia e perda de governabilidade, quando os curtos-circuitos se tornam inevitáveis, ainda mantem Dilma no poder por causa do parlamentarismo branco que se instalou no Congresso Nacional, onde o presidente do Senado Federal, senador Renan Calheiros, e o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Eduardo Cunha, atuam como principais protagonistas do poder político, garantindo os fluídos da decisão política aos seus patamares mínimos de consentimento das massas.
O ex-presidente Lula ainda tem força eleitoral e capacidade de aplacar a ira de boa parte da sociedade, sendo o maior eleitor do Partido dos Trabalhadores. Essa força é que segura o avanço do Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB-, ao qual pertence o vice-presidente da República e articulador parlamentar do Planalto Michel Temer.
Em suma, o processo legislativo continua funcionando aos trancos e barrancos, ainda cumprindo seu papel de eixo do equilíbrio político-institucional. Nos Estados Unidos, esse frágil equilíbrio é importante e é de seu interesse, no momento, que não seja rompido em nome de uma mudança de êxito incerto que só perturbaria os últimos meses dos democratas na Casa Branca. Eis porque os Estados Unidos  receberam a “ex-guerrilheira” Dilma Rousseff sem torcer o nariz, ainda mais depois que Washington suspendeu seus embargos a Cuba.
Seria o fim do conflito ideológico nas Américas?  Evidente que não.  As relações entre os Estados Unidos e países como Argentina, Chile e Venezuela continuam em regime de “low profile”, não tendo surgido nenhum projeto de impacto para marcar uma nova fase de relações bilaterais com os mesmos. 
Pouco se comentou o preço que Washington cobrará para apoiar o governo de Dilma, evitando a ruptura político-institucional. Mas, o portifólio brasileiro é variado, e vai dos campos de petróleo do pré-sal ao envolvimento do Brasil com os BRICs, em especial com a China, que tem feito vultosos investimentos no Brasil– esse um fator de real preocupação para os Estados Unidos. E os democrata preferem que Dilma não saia até 2017, quando termina o mandato de Obama.
 

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Joaquim Pedro Salgado Filho, primeiro Ministro da Aeronáutica

Manuel Cambeses Júnior(coronel aviador reformado e historiador)
      No dia 2 de julho de 1888, nascia, na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, o Dr. Joaquim Pedro Salgado Filho, filho do Coronel Joaquim Pedro Salgado e de Maria José Palmeiro Salgado.
      No cenário da vida política brasileira, poucos homens públicos foram chamados a desempenhar cargos de tanta responsabilidade e relevância como o Dr. Joaquim Pedro Salgado Filho, primeiro Ministro da Aeronáutica, no período de 1941 a 1945.
       A atuação do Ministro Salgado Filho à frente dos destinos da Aeronáutica revestiu-se num verdadeiro exemplo para os que o seguiram. Revelou-se o homem certo no lugar certo, na ocasião mais oportuna. Conciliou com medidas sábias os reclamos e interesses naturais de cada grupo, transformando-os num único, onde os superiores interesses da Pátria prevalecessem sobre quaisquer interesses das entidades aeronáuticas envolvidas no delicado processo de fusão entre a Aviação do Exército e a Aviação Naval.
      No exercício de suas atividades como Ministro da Aeronáutica revelou- se excelente e profícuo administrador, conseguindo encontrar soluções adequadas para os complexos problemas decorrentes da expansão do Ministério da Aeronáutica e da Força Aérea Brasileira. Destacou-se como chefe hábil e conhecedor dos problemas de liderança, pois, ao enfrentar delicadas questões, resultantes da fusão de duas corporações militares, sempre soube fazer-se respeitar; e, acima de tudo, mostrou-se um homem dotado de excepcionais qualidades morais, enérgico, nas poucas oportunidades em que teve necessidade de sê-lo, mas sempre pronto a considerar os aspectos humanos dos problemas que afligiam os seus subordinados.
      Salgado Filho faleceu em 30 de julho de 1950, em um lamentável acidente aéreo, quando o bimotor Lodestar ,que o conduzia rumo a um encontro com Getúlio Vargas, na fazenda do ex-presidente, em São Borja, se chocou com uma colina em São Francisco de Assis.
      Destarte, Joaquim Pedro de Salgado Filho saiu da vida para ingressar na História, deixando um raro exemplo de diligente e íntegro administrador, ademais de um habilidoso político, revelando-se o homem certo para ocupar destacadas funções ao longo de sua brilhante e profícua existência.
      O nome de Joaquim Pedro Salgado Filho está destinado a fulgir eternamente na memória da Força Aérea Brasileira e figurar para sempre, nas páginas da História da Aviação Brasileira.