sábado, 14 de novembro de 2015

Atentados em Paris reforçam teoria do "choque de civilizações" de Huntington


Os atentados do último dia 13, em vários pontos de Paris, que resultaram, conforme as estatísticas até agora efetuadas, em 129 mortos e 352 feridos, foram assumidos pelo Estado Islâmico, grupo radical jihadista que tem pretensões de hegemonia sobre os muçulmanos do mundo inteiro.

O trágico acontecimento revela ao mundo que o terrorismo, como forma de pressão psicológica coletiva, assumiu dimensões globais e que nenhum país está livre de manifestações como a registrada em Paris, capital que o grupo radical adotou como um dos seus alvos preferidos. Mas essas dimensões globais se  consolidam com a onda migratória mundial, boa parte causada pelos conflitos regionais.

Quando alçado à condição de Imperador da França, em 1804, Napoleão Bonaparte anunciou que ambicionava fazer de Paris “não apenas a cidade mais bela do mundo, mas a mais bela que já existiu, e também a mais bela que jamais poderia existir.”

Hoje, Paris, com 2,24 milhões de habitantes, já não encanta tanto quanto encantava os turistas do mundo inteiro, até há algumas décadas. A cidade é misto de agonia e êxtase. Agonia com tantos imigrantes de várias partes do mundo, que imprimem um caráter multicultural que desfigura o ambiente francês, desde a culinária até outros hábitos mais peculiares. Dos cinco milhões de imigrantes recebidos pela França, a maioria africanos, conforme censo de 2010, cerca de 1,2 milhão vive em Paris, já dominando o subúrbio.

O fenômeno da imigração na Europa é um fato decorrente de uma série de fatores, sendo o mais visível desses os conflitos existentes no Oriente Médio e na África subsaariana. Entre 2014 e 2015, mais de um milhão de imigrantes chegaram à Europa pelo Mediterrâneo, segundo dados da Organização das Nações Unidas. Os países mais visados são a Grécia e Itália.

Há 250 milhões de imigrantes no mundo, e o Brasil recebeu cerca de 1,8 milhão, segundo estatísticas da Polícia Federal. A Presidente Dilma Rousseff, recentemente, afirmou que o Brasil está de braços abertos para receber refugiados, como fez com cerca de dois mil sírios.

O “cadinho cultural” brasileiro original, formado por brancos, negros e índios, vem, há décadas, sendo miscigenado com asiáticos, europeus, africanos, árabes e americanos, transformando o Brasil na maior potência lusófona do mundo,  hoje com população de 200,4 milhões de habitantes. O tempo dirá se isso é bom ou ruim.

Oxalá o norte-americano Samuel Huntington, com a sua teoria do choque das civilizações, esteja enganado. Segundo essa teoria, formulada em 1993, as identidades culturais e religiosas dos povos serão a principal fonte de conflito no mundo pós-guerra-fria.

O acontece no mundo de hoje, de modo especial no Oriente Médio e na Europa, vem confirmando a teoria de Huntington, que esteve no Brasil na década dos 70, como consultor do Governo João Figueiredo, quando sugeriu a descompressão gradual do regime militar.

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