quarta-feira, 9 de março de 2016

Restauração da moralidade virou questão ideológica no Brasil


Seria inútil a nomeação de Lula para um ministério da Presidenta Dilma Rousseff, para que o ex-presidente se livre da prisão obtendo foro privilegiado.  O que era uma restauração da moralidade, através do combate rigoroso à corrupção e punição aos corruptos, se transformou agora no Brasil numa questão ideológica. Nada vai interromper a missão da equipe de Sérgio Moro.
As esquerdas, menos pela ideologia do que pela prática no governo, estão sendo repudiadas pela classe média brasileira, que se manifesta principalmente pelas redes sociais em favor de ampla passeata neste domingo, mas uma passeata apartidária, para livrar o Brasil da corrupção que corrói suas entranhas. Nada de siglas  partidárias se apropriando da passeata, tanto do Governo (PMDB) quanto da oposição (PSDB). Já se percebe, no eleitorado mais esclarecido, a convicção de que a Oposição foi e tem sido conivente com os atos criminosos que vêm sendo apurados, desde o Mensalão até a Petrobrás e o BNDES.

As esquerdas cogitam, após reunião ontem entre Dilma e Lula no Palácio da Alvorada, residência oficial, em blindar Lula contra novas investidas da Operação Lava Jato, porque o enfraquecimento de Lula significa a ruína imediata de Dilma, que pode perder o apoio do Partido dos Trabalhadores - PT-.
O PMDB, por sua vez,  não quer nem o impeachment e nem a cassação da chapa Dilma/Michel Temer. Prefere  a renúncia de Dilma, mas tudo indica que antes ela tentará uma recomposição ministerial para ganhar tempo. Com Dilma isolada no poder, qualquer gabinete novo deixaria a desejar  em matéria de governabilidade, mesmo com Lula presente  dando  as cartas como ministro,  porque Lula ainda terá mais problemas para se explicar com Moro. Já na próxima segunda-feira, terá que prestar novo depoimento para o juiz, via internet.

A condução coercitiva do ex-Presidente, determinada pelo juiz Aldo Moro, e a caça aos corruptos  quebrou a espinha dorsal do PT e demais partidos coniventes com os desvios de recursos públicos, como o Partido do Movimento Democrático Brasileiro –PMDB-, o Partido da Social Democracia Brasileira –PSDB- , o Partido Progressista –PP-, o Partido Democrático Trabalhista –PDT- e outros  menores da base de apoio do governo.

O Supremo Tribunal Federal já divulgou o ritual para o processo de impeachment, mas dificilmente esse acontecerá, por causa da demora que representaria na troca de governo. A saída para a Presidenta é a renúncia, o que pode acontecer até o final do mês de abril, segundo previsões recorrentes.  Se ela não renunciar, será renunciada, pois só a troca de governo seria capaz de recolocar o Brasil na recuperação de sua economia. A crise avança mais rápido do que os prazos constitucionais da sucessão.

A improvisação de um sistema de semi-presidencialismo (ou semi-parlamentarismo), com Michel Temer, atual vice-presidente, no comando, para funcionar como mecanismo de sustentação do governo até  a realização de novas eleições, vem sendo estudada no âmbito do Congresso Nacional, onde a corrente parlamentarista é forte.

Aldo Moro e sua equipe, junto com a Polícia Federal, a Procuradoria Geral da República e a Receita Federal, prosseguirão a Operação Lava Jato em dinâmica de moto- contínuo, com fortes apoios interno e externo, e a determinação é de que não dêem trégua  a ninguém que tenha contribuído direta e ostensivamente  para a a calamitosa situação política e econômica em que se encontra o Brasil. Novas e surpreendentes prisões virão, apesar das resistências.

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