Seria inútil a nomeação de Lula
para um ministério da Presidenta Dilma Rousseff, para que o ex-presidente se
livre da prisão obtendo foro privilegiado. O que era uma restauração da moralidade,
através do combate rigoroso à corrupção e punição aos corruptos, se transformou
agora no Brasil numa questão ideológica. Nada vai interromper a missão da equipe de Sérgio Moro.
As esquerdas, menos pela ideologia do que pela prática no governo, estão sendo repudiadas pela classe média
brasileira, que se manifesta principalmente pelas redes sociais em favor de ampla passeata neste domingo, mas uma passeata apartidária, para livrar o Brasil da corrupção que corrói suas entranhas. Nada de siglas partidárias se apropriando da passeata, tanto do Governo (PMDB) quanto da oposição (PSDB). Já se percebe, no eleitorado mais esclarecido, a convicção de que a Oposição foi e tem sido conivente com os atos criminosos que vêm sendo apurados, desde o Mensalão até a Petrobrás e o BNDES.
As esquerdas cogitam, após
reunião ontem entre Dilma e Lula no Palácio da Alvorada, residência oficial, em
blindar Lula contra novas investidas da Operação Lava Jato, porque o enfraquecimento
de Lula significa a ruína imediata de Dilma, que pode perder o apoio do Partido dos Trabalhadores
- PT-.
O PMDB, por sua vez, não quer nem o impeachment e nem a cassação da chapa Dilma/Michel Temer. Prefere a renúncia de Dilma, mas tudo indica que antes ela tentará uma recomposição ministerial para ganhar tempo. Com Dilma isolada no poder, qualquer gabinete novo deixaria a desejar em matéria de governabilidade, mesmo com Lula presente dando as cartas como ministro, porque Lula ainda terá mais problemas para se explicar com Moro. Já na próxima segunda-feira, terá que prestar novo depoimento para o juiz, via internet.
A condução coercitiva do
ex-Presidente, determinada pelo juiz Aldo Moro, e a caça aos corruptos quebrou a espinha dorsal do PT e demais
partidos coniventes com os desvios de recursos públicos, como o Partido do
Movimento Democrático Brasileiro –PMDB-, o Partido da Social Democracia
Brasileira –PSDB- , o Partido Progressista –PP-, o Partido Democrático
Trabalhista –PDT- e outros menores da
base de apoio do governo.
O Supremo Tribunal Federal já
divulgou o ritual para o processo de impeachment,
mas dificilmente esse acontecerá, por causa da demora que representaria na
troca de governo. A saída para a Presidenta é a renúncia, o que pode acontecer
até o final do mês de abril, segundo previsões recorrentes. Se ela não renunciar, será renunciada, pois só
a troca de governo seria capaz de recolocar o Brasil na recuperação de sua
economia. A crise avança mais rápido do que os prazos constitucionais da
sucessão.
A improvisação de um sistema de
semi-presidencialismo (ou semi-parlamentarismo), com Michel Temer, atual
vice-presidente, no comando, para funcionar como mecanismo de sustentação do
governo até a realização de novas
eleições, vem sendo estudada no âmbito do Congresso Nacional, onde a corrente
parlamentarista é forte.
Aldo Moro e sua equipe, junto com
a Polícia Federal, a Procuradoria Geral da República e a Receita Federal,
prosseguirão a Operação Lava Jato em dinâmica de moto- contínuo, com fortes
apoios interno e externo, e a determinação é de que não dêem trégua a ninguém que tenha contribuído direta e
ostensivamente para a a calamitosa
situação política e econômica em que se encontra o Brasil. Novas e
surpreendentes prisões virão, apesar das resistências.
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