sábado, 11 de janeiro de 2014

Mídia argentina sob julgamento

Francisco das Chagas Leite Filho

O governo da Argentina anunciou que vai solicitar às universidades e instituições jornalísticas que analisem se o jornal La Nación e o noticiário Telenoche do Canal 13, pertencente ao grupo Clarín, incorreram em “falta grave de ética e do exercício da profissão de jornalismo”.

Em comunicado oficial, assinado pelo secretário-geral da Presidência da Nação, Oscar Parrilli, e depois de vários assédios midiáticos contra a presidenta Cristina Kirchner, o vice-presidente Amado Boudou,  e seus ministros, inclusive o comandante-em-chefe das Forças Armadas, general César Milani, o governo acusa esses veículos da imprensa de “mentir e difamar, com a intenção de provocar animosidade contra o governo” e “desacreditar as obras realizadas na Casa Rosada” (sede do governo).

O comunicado, expedido logo depois de um despacho do secretário-geral com a presidenta Cristina na tarde desta quinta-feira, 9/01/145, o que indica seu imprimatur, foi motivado por aquela reportagem do La Nación e reproduzida pela TV do Clarín (os dois jornais se dizem empresas independentes, mas se realimentam numa campanha ensandecida para desestabilizar  o governo), intitulada “A Casa Rosada estará protegida dos cortes” (de eletricidade), numa alusão à crise gerada pelos cortes de luz no calor de novembro, que afetou alguns bairros de Buenos Aires e cidades vizinhas (Conurbano).

Segundo Raul Parrilli, na terça-feira, sete de janeiro de 2014, às 4.49 da tarde, uma das jornalistas (reportagem de Iván Ruiz y Maia Jastreblansky  ) que escreveram a matéria solicitou por email informações da obra”, mas, ” no dia seguinte, sem esperar a resposta, a matéria era publicada e, à noite, reproduzida pelo Canal 13″. Isto demonstra, segundo o secretário, que “o pedido de informação foi uma mera farsa, não lhe importando nem a resposta nem a verdade” e que “seu conteúdo tinha sido decidido com antecedência”.

Com efeito, a investida desses dois maiores  aparatos de mídia, que dominam 90% da informação naquele país vizinho, vem se intensificando com insistentes notícias manipuladas, que vão, desde estas “denúncias” contra a Casa Rosada à indicação do novo comandante em chefe das Forças Armadas, um tenente general (maior patente do Exército), recentemente promovido pela presidenta.

Tais notícias são depois repetidas e multiplicadas ad infinitum nas centenas de canais de rádio, TVs e jornais ainda mantidas por Nación e Clarín. c, que também sustentam poderosas ramificações nas redes sociais da internet, sempre estimulando o ódio e a intolerância contra a mandatária, seus auxiliares e as realizações governamentais.

As medidas legais, como a nova lei da mídia, editada em 2008 e referendada pela Suprema Corte, em novembro de 2013, e os recursos judiciais adotados pelo governo revelaram-se impotentes até aqui para conter o abuso midiático, devido ao envolvimento do poder judiciário na conspiração. Exemplo disso é que uma liminar desobriga há 10 anos o jornal La Nación de pagar uma dívida com o fisco federal de 330 milhões de pesos.

Outro dado flagrantemente ilegal é o de que quatro dos sete ministros da Suprema Corte já terem ultrapassado a idade máxima de 75 anos para continuar no cargo, sendo que um dos quais, Carlos Fayt, vai completar 96 anos, agora no dia primeiro de fevereiro. Por se tratar de uma instância terminal, contra a qual não cabe recurso e por desfrutar d proteção mafiosa da mídia e do poder econômico, uma disposição “interna” da Corte, assinada pelos sete ministros, assegura esta anomalia.

O governo vê-se assim impelido a recorrer à opinião pública, através de suas entidades mais credenciadas, como as universidades e as associações jornalísticas, para varar o cerco midiático, contra o qual tem ganhado algumas vitórias históricas, como a lei de mídia, os triunfos eleitorais da presidenta Cristina Fernández, que se reelegeu com 54% dos votos contra 17% do segundo colocado, em 2011, e sua atual aprovação popular de mais de 50%, além de ter conseguido emplacar, aos trancos e barrancos, seu projeto estratégico nacional e contra os monopólios, nos últimos dez anos (período que inclui os quatro anos de seu finado marido e antecesor Néstor Kirchner).

O simples fato de o governo manter-se de pé, em meio a todo este tiroteio, que ainda inclui ataque especulativo contra a moeda, incitamento a greves e tentativas contra a ordem econômica, com as mesmas técnicas que derrubaram Salvador Allende, no Chile, em 1973, e fracassaram na deposição de Hugo Chávez, na Venezuela, em 2002.

Mobilizando as universidades e as entidades jornalísticas para examinar e se posicionar contra o golpismo da mídia, o governo espera, juntamente com o apoio de que já dispõe dentro dos movimentos sociais, estudantes, juventude e o velho mais ainda robusto aparato peronista, o governo espera se contrapor mais uma vez ao golpe, como o fez na crise com os ruralistas, em 2008, também incentivada por La Nación e Clarín, quando houve até ameaça de desabastecimento e paralisação da economia econômica.

Esta crise, que ocorreu por causa da taxação das exportações para estimular o mercado interno, redundo na derrota nas eleições parciais para o Congresso, em 2009, na qual foi abatido o ex-presidente Néstor Kirchner, que disputava o primeiro lugar na corrida para uma cadeira na Câmara dos Deputados. Mais recentemente, em outubro de 2013, a presidenta sofreu novo revés eleitoral, embora seus partidários tenham mantido a maioria em ambas as casas do Parlamento.

Casa Rosada – Junto com o comunicado, o governo divulgou um informe técnico “que seria entregue à jornalista que enviou o email, com a verdade sobre as obras que se vêm realizando na Casa Rosada há sete anos, tanto no interior como no exterior da mesma, por expressa determinação da Presidenta, com o fim de manter, conservar, restaurar e modernizar todas as instalações, dependências, lugares históricos, serviços e anexos”.

Uma das principais atrações turísticas e monumento ícone da história argentina, a Casa Rosada, como frisa o estudo, foi visitada de 2009 a 2014 por 2.679.783 pessoas, das quais 979.783 são estrangeiras.

Explica finalmente o comunicado: “Os jornalistas que cobrem a Casa se deram conta disso em várias matérias e reportagens, salvo obviamente La Nacióon e o Clarín, que parecem irritados com o fato de a República Argentina  ter uma sede do Governo Nacional digna e conservada, resgatando sua história e onde todos os argentinos nos possamos sentir orgulhosos”.

O comunicado também relata as obras eléctricas na Rosada desde 2008, entre as quais se encontra um projeto para aumentar a confiabilidad eléctrica, com a substituição de um gerador”. Por fim, o governo adverte que  “mentir e difamar por parte destes veículos de comunicação não é “novo”, daí que a responsabilidade ética e política não recai sobre os jrnalistas… e sim, pura e exclusivamente, sobre o Sr. Bartolomé Mitre, editor responsável do jornal La Nación e sobre o Sr. Héctor Magneto, CEO do grupo de multimídia Clarín, Canal 13 y TN (canal Todo Noíticias)”

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

A emblemática Pedrinhas


Conheço e tenho amigos maranhenses que se manifestam envergonhados com a barbárie imperante no presídio de Pedrinhas, em São Luiz, capital do Estado do Maranhão. As cenas divulgadas pela web, de tortura e decapitação de presos dentro do presídio, chocam não apenas os brasileiros, mas o mundo inteiro.
Em pleno século XXI, o comportamento cavernoso dos presos daquele estabelecimento desperta indagações sobre a autoridade pública do Estado do Maranhão e do próprio Brasil, pois o desgaste da governadora Roseane Sarney respinga na presidente Dilma Rousseff e no próprio Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que, curiosamente, é um dos membros do governo mais bem avaliados em seu desempenho por jornalistas e empresários.
A Força Nacional manda homens para restabelecer a ordem em Pedrinhas e os bandidos continuam agindo dentro e fora do presídio, assassinando colegas, estuprando visitantes e mandando incendiar ônibus nas ruas da capital?
Televisões e jornais do mundo inteiro repercutem as cenas horripilantes filmadas pelos próprios algozes das vítimas, e as autoridades federais e do Maranhão continuam tranquilas, reagindo como se houvesse um trabalho estratégico da mídia para desgastar o clã dos Sarney, que domina há décadas aquele estado.
Não é apenas o ex-presidente José Sarney, pai da governadora, que tem seu nome associado ao Maranhão. O atual ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, foi governador do estado, fundando um novo clã político, com sua esposa Nice, deputada federal, e seu filho senador Edison Lobão Filho.
São Luiz, a única cidade brasileira fundada por franceses, em 1612, tem mais de um milhão de habitantes e é considerada uma espécie de “Atenas brasileira”, por causa da grande quantidade de escritores e intelectuais que gerou para o Brasil, muitos deles escritores da Academia Brasileira de Letras. Sarney também pertence à Academia. Agora, a cidade vive momentos inéditos de terror, que devem levar Gonçalves Dias, os irmãos Arthur e Aluísio Azevedo e tantos outros falecidos a se remexerem no túmulo.
O que ocorre em Pedrinhas e vem sendo divulgado amplamente também poderia ocorrer em outras penitenciárias do País e do mundo, atestando a falência do sistema prisional. Organização complexa tem suas regras no Maranhão, em São Paulo ou nos Estados Unidos, nos presídios de segurança máxima, onde impera a ética do medo. Por esse ângulo, o Brasil não é um caso raro de violência nos presídios.
O que causa perplexidade, diante das imagens divulgadas, é a banalização do crime e da morte e a dificuldade que as autoridades vêm encontrando para dissipar a máfia que domina aquele presídio, com poderes internos e externos, reproduzindo  e retroalimentando um processo que se consolida em outros estados. Pedrinhas torna-se emblemática...

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Pílulas do Vicente Limongi Netto


Afeto é bom
Fogos de artificio? Que nada... Tampouco champanhe, romã, leitoa ou pernil. Nem charutos. O que mais emocionou meu coração, saudando a chegada do ano novo, foram os abraços e beijos que recebi da minha mulher, filhas e neta.
Renan em ação
Basta. Cansou. É hora de cuidar de assuntos mais importantes. Sobretudo aqueles que dizem respeito diretamente ao povo. Já tentaram tirar o couro de Renan Calheiros porque usou o avião da FAB para fazer implante capilar no Recife.  A ordem era arrancar os poucos fios de cabelo que ainda restam na cabeça do presidente do Senado e do Congresso.
Mas, Renan é duro na queda. Errou. Embora tarde, constatou o erro e pagou por ele. Chega de foguetórios, toadas, insultos e ironias. Muitos que jogaram pedras em Calheiros nunca fizeram nada de útil pelo Brasil. Criticar é fácil. Fazer, produzir, realizar é que são elas. O busilis é mais embaixo. O ano novo bateu na porta, e já entrou exigindo  realizações e trabalho de todos.
Não é mais hora de conversa fiada e piadinhas em torno do implante capilar de Renan. Esse papo ridículo, superado, vencido e ultrapassado agora é assunto para desocupados, moleques e paus-mandados de desafetos de Renan.
Que não têm coragem de botar a cara na reta para fazer gracejos contra o senador e mandam capangas e capachos fazê-lo. São imensos os problemas que atingem a população.  Sérios e urgentes, exigindo providências e soluções daqueles que têm responsabilidade e deveres junto à coletividade. Entre eles, na linha de frente, Renan Calheiros.
Barbosa sambando
Vi fotos nas redes sociais do ministro Joaquim Barbosa sambando, todo serelepe, no Rio de Janeiro, na virada do ano. Excelente. Boa noticia. Sobretudo para o coitado do ministro, que sofre o diabo com dores na coluna, precisando muitas vezes trabalhar de pé, no STF. Tomara que Barbosa aproveite a infalível receita da alegria e continue sambando pela vida e que mande finalmente as dores para o Presidio da Papuda.
Anderson Silva
Não acho a menor graça nesse tolo, desnecessário, injusto e burro festival de zombarias e piadinhas em torno da fratura do Anderson Silva. Olhem, o que aconteceu com ele pode acontecer com qualquer um de nós (de vocês, melhor dizendo), porque não tenho o péssimo hábito de ficar tripudiando nos outros. Nem nos meus tradicionais desafetos. Prefiro e torço para que todos eles tenham saúde para acompanhar meus êxitos e conquistas.
Caramba: Tenho mais o que fazer do que receber babaquices, sem a menor graça, envolvendo o Anderson. Quero mais é que ele se recupere logo para continuar dando porrada nos adversários e, assim, enchendo mais ainda o cofrinho dele.
Mais: Anderson curte a bela casa que tem em Los Angeles, com a família, "preocupadíssimo" com chacotas.  Aproveitem melhor a vida e o tempo de vocês. Beijem os netos. Saiam para tomar sorvete com eles. Namorem com suas mulheres. Seguramente, é muito melhor para o coração e para a alma.
Marin imunizado
Inveja e ciúme são sentimentos ruins, tristes e repugnantes. Fazem mal ao coração. Nesta linha, os cães ladram e José Maria Marin trabalha focado no sucesso do Brasil na copa do mundo.
Rancoroso
O asno (não digo o nome para não poluir meu texto) ex-vice-reitor deveria patentear tanta coragem pessoal e cívica: Esperou décadas para falar sandices e criticar a gestão José Carlos Azevedo. Comodidade, farsa, torpeza, leviandade, mediocridade, andam juntas. Porque não insultou Azevedo quando ele poderia se defender dos coices dos beócios? Claro, todos eles, com as famosas exceções de praxe, jamais tiveram competência, grandeza ou isenção para engraxar os sapatos do operoso José Carlos Azevedo.
Por que o paladino de plástico e ex-vice-reitor não recordou e frisou que Azevedo deixou a UnB sem dívidas? Que as gestões Azevedo criaram novos cursos. Que foi Azevedo que promoveu debates acadêmicos com as presenças de nomes renomados do Brasil e do exterior? Por que não teve o desprendimento de salientar que foi Azevedo que criou a Editora da UnB? Que foi graças a Azevedo que a biblioteca central da UnB modernizou e aprimorou seu acervo. Enfim, pobres diabos. Vegetam com rancor, amargura e ódio nos corações.