quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Carnaval e diplomacia de mãos dadas


A Escola de Samba Beija-Flor, campeã do desfile de 2015 na Sapucaí, teve um enredo enaltecendo a Guiné Equatorial, país africano, rico em petróleo, com 1,6 milhão de habitantes e submetida a ditadura sangrenta desde 1979, instalada por Teodoro Obiang Nguema, até hoje no poder.
A Guiné- Equatorial faz parte de uma lista de quatro países que tiveram 80% de uma dívida total de 1,9 bilhão de reais com o Brasil perdoada, recentemente, pelo Governo Dilma Rousseff: Congo-Brazaville, Gabão, Sudão e Guiné-Equatorial. Por conta dessas  benesses concedidas pelo Brasil aos africanos e outros países, o Senado Federal já pensa em mudar as regras para tais concessões.
Esse enredo da Beija-Flor, com o estranho título "Um Griô Conta a História: um Olhar Sobre a África e o Despontar da Guiné Equatorial. Caminhemos Sobre a Trilha de Nossa Felicidade"? está longe dos motivos nacionais  que o regulamento recomenda às agremiações do Rio de Janeiro. Defensores da Beija-Flor argumentam que o samba-enredo é uma exaltação à negritude africana, que faz parte da cultura brasileira.
No mundo global, tudo está ligado. Assim como o futebol, as escolas-de-samba são excelentes lavanderias de dinheiro. Obviamente, o samba-enredo é válido, ainda mais quando se trata da África. Mas, o patrocínio financeiro, de valor em torno de 10 milhões de reais, ainda que oficial do Governo de Malabo ou garantido por investidores privados (como garante a embaixada daquele país em Brasília), e o perdão da dívida equatoriana são práticas do velho adágio diplomático, segundo o qual entre os países não há amizade, mas sim interesses.
 

 

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