terça-feira, 20 de setembro de 2011

Cornucópia Política da Tragédia



O verão está próximo, e com ele as intempéries climáticas que, tradicionalmente, têm atormentado o povo brasileiro: Enchentes em São Paulo e cidades próximas aos rios, chuvas torrenciais com desabamentos no Rio de Janeiro e outras capitais, queda de pontes e de estradas no interior, queda de árvores, apagões, etc.

Evitar ou minimizar tais calamidades é tarefa para o sistema nacional de alerta e prevenção a desastres naturais, constituído pelo Governo, cujo plano prevê a identificação das áreas de risco por meio de estudos geológicos e a ampliação da cobertura de satélites, radares e equipamentos medidores de chuva (pluviômetros).

Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, foi constituído o Gabinete de Gerenciamento de Crises, nos moldes do que funciona na França, após debate reunindo especialistas do mundo inteiro, sob a coordenação do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.

O Governo Dilma adotou a idéia de um megacomputador para processamento dos dados, sendo o plano monitorado pelo Ministério da Ciência e Tecnologias, com a participação dos Ministério das Defesa  e da Integração. Mas, curiosamente, resultados concretos, segundo previsão oficial, só em 2014, ano eleitoral.


Há, na minha visão pessoal, componente político em potencial nesse prazo fixado. Prevenir e gerenciar tragédias causadas, com intensidade cada vez maior, nas grandes cidades pelas chuvas, pode ser uma atividade que proporcionará ao governo grande visibilidade na mídia e renderá muitos votos ao governo. Há, contudo, risco de perda de votos, se o sistema não apresentar resultados eficazes.

Uma das empresas do setor de gerenciamento de crises no Brasil, a K2 Sistemas, esclarece em seu site que “o gerenciamento de crises tem como objetivo disponibilizar as informações necessárias às equipes operacionais que estejam atuando nas crises, segundo um planejamento, organização e treinamento prévios e estruturados, evitando os desajustes, falhas e esquecimentos comuns nesses tipos de ocorrências.”


Os objetivos são:
 
-Análise de riscos e eventuais crises

-Definição das ações de controle de crises

-Cadastramento das ações no sistema

-Implementação do processo, treinamento e realização de exercícios.


Além do trabalho exaustivo e importante da Defesa Civil, observo, a propósito, que a Presidência da República dispõe de um excepcional laboratório de planejamento estratégico –a Escola Superior de Guerra –ESG-, no Rio de Janeiro, que conhece todas as entranhas do Brasil e dispõe de base de dados inigualável para assessorar nesse caso.

Não tenho lido e nem ouvido falar muito a respeito desse sistema, hoje sob o comando do ministro da Ciência e Tecnologia, Aluízio Mercadante, mas acredito que, neste verão que se avizinha, poucos resultados dessa estrutura aparecerão, pois o eleitor não quer saber se a calamidade é um decreto da natureza, mas os políticos, que terão as eleições municipais, sabem tirar proveito das tragédias naturais, e, geralmente, preferem que sejam remediadas do que prevenidas.

Na contabilidade eleitoral, prevenir ou gerenciar crises de origem natural é perder eleitores em potencial, é travar a “indústria do voto”, principalmente em regiões com históricos marcantes de práticas do clientelismo e assistencialismo.

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