sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Brasil precisa de mais peso específico

O chanceler Antonio Patriota disse que o governo Lula montou as bases de uma política externa de “universalização do Brasil”, que tem continuidade no Governo Dilma, e isso inclui insistir na proposta de modificações na atual estrutura do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas - ONU-, com a inclusão de novos membros permanentes e não-permanentes.

Em entrevista ao jornalista Fernando Rodrigues, pela Uol/Folha de São Paulo, Patriota reconheceu que o Brasil ainda não tem uma participação satisfatória nas decisões dos principais centros de poder mundial, mas entende que há avanços e que é uma questão de tempo o país obter assento permanente naquele conselho. A seu ver, a própria  ampliação do grupo G-7 (países mais influentes)  para G-20 já  é significativa.

Uma das razões da escolha de Antonio Patriota, diplomata de carreira, carioca, para a Pasta das Relações Exteriores é a sua dedicação, desde quando freqüentava o Instituto Rio Branco, ao estudo do funcionamento do Conselho de Segurança da ONU, tema de trabalho acadêmico seu publicado sob os auspícios da Fundação Alexandre de Gusmão.

Essa especialização ajudou na sua projeção profissional, levando-o a cargos importantes, entre os quais assessor da representação brasileira junto às Nações Unidas, embaixador do Brasil em Washington (Governo Bush) e secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores.

O santo já está, sumariamente, apresentado, agora vamos ao milagre: O Brasil no Conselho de Segurança da ONU dá realmente uma bela tese acadêmica e uma tentadora plataforma de  política externa, mas não encontra  respaldo na realidade interna do País. Esse pleito não se insere nas idéias, nos interesses, nas reivindicações e, muito menos, nas necessidades imediatas do povo brasileiro, que mal tem educação e saúde, embora já sejamos a sétima economia mundial.

O peso específico de um país se adquire com instituições políticas, econômicas e sociais consolidadas, muita ciência e tecnologia e, sobretudo, poupança interna e moeda forte. Desses fatores resultam o natural e espontâneo reconhecimento das demais nações a uma liderança concreta.

O Brasil é o 75º colocado entre 180 países com índice de percepção de corrupção avaliados pela ONG Transparência Internacional (dados de 2009), ficando atrás do Chile e do Uruguai. E as atuais manifestações de rua não desmentem esse índice.

O Brasil responde por 10% de todos os homicídios praticados no mundo, segundo estudos sobre a violência urbana realizados pelo governo suiço, e dados do Unicef apontam o país como líder mundial em homicídios de jovens.

O Fórum Econômico Mundial, em avaliação feita no ano passado, classificou o Brasil em 61ª. Posição no ranking mundial de tecnologia de comunicação e informação.

Especialistas acreditam que, enquanto a poupança interna brasileira se situar abaixo de 20% do PIB, o país não conseguirá o desenvolvimento desejável, que requer, no mínimo, 30% do PIB.


Quanto à moeda, o “Custo Brasil” continua dificultando a inserção competitiva do País no mercado internacional. Entre as razões já conhecidas, se destacam a péssima infra-estrutura logística e portuária, alta carga tributária, custos trabalhistas, inchaço da máquina pública, altíssimas barreiras não tarifárias, etc.


A diplomacia faz sua aposta em busca do reconhecimento internacional ao novo status brasileiro, mas, a realidade é que o País precisa melhorar suas condições internas para pleitear maiores responsabilidades nos fóruns globais.




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