quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Corrupção, mal endêmico no Brasil

Enquete aqui realizada sobre as medidas que devem ser adotadas para combate à corrupção em todos os níveis aponta que a maioria considera fundamental a “fiscalização mais rigorosa”.
Outras medidas tiveram cada 20% dos votos (“maior transparência na aplicação de recursos, lei punitiva mais rigorosa, campanha sistemática contra a prática”). A opção “melhor gestão administrativa” não teve nenhum voto, embora se saiba que esse é o problema central das áreas da saúde,habitação e  dos transportes no Brasil.
Segundo Torres de Melo, (gtmelo@guararapesgrupo.com.br), a corrupção é um problema endêmico no Brasil há 400 anos e as estimativas mais modestas asseguram que o Brasil vê escapar de seu controle, anualmente, 100 bilhões de reais, que passam a 150 bilhões, se acrescidos de perdas e desperdícios.
O Brasil estaria em 75º lugar no mundo em grau de percepção da corrupção, segundo dado da organização Transparência Internacional. Faltam investigação e punição, na opinião de alguns políticos, que vêem necessidade de maior agilização dos órgãos judiciários e do endurecimento da legislação punitiva.
As últimas manifestações de rua contra a corrupção em Brasília e outras capitais deixam à mostra a inquietação da sociedade brasileira em relação a esse problema, que, a meu ver, não é apenas público, mas, também, é privado, pois há corrompidos e corruptores dos dois lados. Questão cultural, ética e moral...
Samuel Huntington, em sua análise estrutural-funcionalista do problema (1975), compreende a corrupção como decorrente do processo de modernização ainda inconcluso de uma sociedade e ,além de outras observações, nota que,nos países de capitalismo tardio(caso do Brasil e outros emergentes), o capital internacional pressiona o capitalista nativo na disputa de espaços. O capitalista nativo, em busca de oxigênio, procura a política como meio de sobrevivência, daí se originando relações espúrias entre o capital e a política.
Aprecio esse esforço de Huntington em explicar a corrupção, mas indago sobre os países desenvolvidos, que, em tese, apresentariam o capitalista adotando a política como fim ou um objetivo em tese mais nobre. Como justificar Nixon, Berlusconi, Kakuei Tanaka e outros dirigentes de países do primeiro mundo acusados da prática?
Norberto Bobbio, mais categórico, afirma que, em relação à corrupção, cabe a pergunta: ”O que os governos preferem, o império das leis ou o império dos homens?” Menos sujeito às paixões humanas, o império das leis, a seu ver, permite maior controle da corrupção, razão pela qual é melhor a positivização das medidas de combate.
Mas, aprecio e acredito, particularmente, na observação de Santo Agostinho, em suas “Confissões”, segundo a qual só é corrupto o que é bom, porque o que é ótimo (Deus) é incorruptível, e o que é ruim já foi corrompido.

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