quinta-feira, 29 de março de 2012

A realidade sobre os BRICS



Quando se fala em declínio do poder hegemônico dos Estados Unidos e ascensão da China como nova potência de primeira grandeza, dois temas preferenciais e recorrentes dos internautas do mundo inteiro, há certo descaso em relação às leis da dinâmica do poder, em especial as da expansão e da defrontação.

Recorro aqui às observações do meu amigo Diogo de Figueiredo, um dos especialistas luminares na matéria, que observa sobre a “lei da expansão”: ”Todo poder tende a se expandir, até que outro o impeça”. E sobre a “lei da defrontação”: ”O Poder que se expande se defronta”. (“O Homem e a Política - Atitudes do ponto de vista do Poder - Editora Forense, Rio de Janeiro, 1987).

A ascensão e queda das nações é um processo lento e dependente de vários fatores estruturais e conjunturais sedimentados pelo tempo, pelos fatos e pelas oportunidades criadas pelos atores - as próprias sociedades -, numa competição permanente.

Faço tais observações como introdução ao artigo publicado pelo ex-ministro das Relações Exteriores, também meu amigo embaixador Luiz Felipe Lampreia, em seu “Blog do Lampreia” ,no momento em que a Presidente Dilma visita a Índia e se reúne com os representantes dos países-membros do bloco: Brasil,Rússia,Índia,China e África do Sul.

“Os BRICS acabam de reunir-se pela quarta vez ao nível de chefes de Estado e o resultado não variou muito: muita retórica e pouco resultado. Não há surpresa nisso pois o grupo está longe de ser operacional.

Desde o começo, o viés principal não explicitado era criar um pólo que viesse a contrabalançar o peso dos Estados Unidos no cenário mundial. Em termos práticos, o objetivo preferencial seria a criação de um poderoso banco de financiamento internacional que se contrapusesse ao Banco Mundial, dominado desde sempre por presidentes americanos.

Um balanço objetivo demonstra que até agora os BRICS ainda acham-se  muito longe de formar, como grupo, uma alternativa real ao poder americano, seja no campo político-militar, seja na área econômica.

O que não é nada intrigante, posto que formam um conjunto heterogêneo de países com agendas muito diferentes e que têm justamente nos Estados Unidos um parceiro essencial, ainda que não estejam necessariamente sintonizados em diversos aspectos.

Os BRICS são uma excelente oportunidade para o Brasil que pela primeira vez participa de uma instância de tal envergadura mundial. Nossa filiação dá-nos status e prestígio, o que não é pouca coisa. Mas é necessário cuidar de não cair na ilusão de que eles são o novo centro do poder, capaz de atuar de forma conjunta nas grandes questões mundiais da paz e da guerra”.

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