terça-feira, 3 de abril de 2012

Mosaico de escândalos é o menu deste ano eleitoral

Há vários escândalos envolvendo desvios de recursos públicos, que geram, no momento, um clima efervescente e de suspense em Brasília, pelo potencial de incidência dos mesmos nas eleições municipais deste ano.
O mais escabroso deles é o do “mensalão”, esquema promovido, em 2005, pelo Partido dos Trabalhadores, durante o Governo Lula, para cooptação da base aliada no Congresso Nacional e que resultou no indiciamento de 40 políticos, entre os quais o ex-ministro José Dirceu, acusado pelo deputado Roberto Jefferson de ser o cérebro do esquema de distribuição de propinas a parlamentes.
O novo presidente do Superior Tribunal Federal, ministro Carlos Ayres Britto já indicou sua disposição de agilizar o processo de julgamento dos indiciados, e o Palácio do Planalto já trabalha com essa certeza.
A Comissão da Verdade, criada no Congresso Nacional para apurar violações dos direitos humanos durante período que abrange o de vigência do regime militar, seria uma espécie de contraponto junto à opinião pública para neutralizar os efeitos do “mensalão”.
Há ainda o “mensalão” tucano, envolvendo o atual senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) ,em 1998,durante sua campanha ao governo de Minas Gerais, que teria recebido contribuição do “valerioduto” (referência ao empresário Marcos Valério, o mesmo protagonista do “mensalão petista”).
O segundo escândalo, envolvendo denúncias contra o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) por envolvimento com o bicheiro “Carlinhos Cachoeira”, foi revelado pela “Operação Monte Carlo”, da Polícia Federal, numa resposta, segundo versões correntes, do Governo Dilma às posturas críticas e moralistas do senador oposicionista, que também investiu contra o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, do PC do B, aliado do Governo e ex-ministro dos Esportes do governo Lula.
A repercussão do caso Demóstenes tem abafado o terceiro escândalo, que seria a existência de amplo dossiê contra o governador Agnelo Queiroz, suficiente para defenestrá-lo do cargo da mesma forma que o seu antecessor, José Roberto Arruda, protagonista do denominado “mensalão do DEM” em 2009.
O Palácio do Planalto vem administrando a situação do GDF por meio do seu enviado Sudembergue Barbosa, nomeado secretário do Gabinete Civil, mas com a função de fiscalizar a execução orçamentária. Uma espécie de interventor branco...

O quarto escândalo envolve o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que está sendo investigado pela Procuradoria Geral da República, com base em acusações feitas por alguns senadores (ironicamente, encabeçados por Demóstenes Torres) por suposta prática de improbidade administrativa.
Mantega, segundo os senadores, teria se omitido ante ações suspeitas de corrupção do ex-presidente da Casa da Moeda, Luiz Felipe Denucci, que movimentou no exterior, entre 2009 e 2011, 50 milhões de reais em pagamentos aos fornecedores da entidade.
O mosaico de escândalos que envolvem tantas personalidades, inclusive um ministro que assina o papel-moeda  e que tem conduzido a economia com desenvoltura, gera a impressão, ao observador casual, de que se encontra diante de um quadro de ficção policial, tamanha a variedade dos atos, personagens e volumes de dinheiro.
A Presidente Dilma Rousseff já trocou onze ministros, mas teve o cuidado de não alterar o quinhão territorial de poder (com base no espólio eleitoral) de cada partido pertencente à coalizão partidária governamental.
Não deixa de ser uma postura inteligente de Dilma, esse cumprimento fiel da engenharia de poder pela coalizão, que tem o condão de insular sua figura de mandatária protegendo-a dos escândalos de corrupção, cujo ônus, perante a opinião pública e a justiça, fica cabendo aos partidos e aos próprios ministros. Mas, em relação ao ministro Mantega, o ônus  fica mesmo com a Presidente...


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