segunda-feira, 11 de junho de 2012

EUA querem se aproximar do Brasil



       Gélio Fregapani (membro da Academia Brasileira de Defesa)

A guerra pela conquista das matérias primas alheias se desenvolve em vários estágios. Em algumas situações, a pressão é exercida pela manipulação da opinião pública, por ONGs, sugestões, oferta de alianças, ameaças veladas e mesmo ultimatos, que  podem evoluir para o conflito armado com todos seus desdobramentos e conseqüências.
      
Como regra geral, é fundamental que os cobiçosos evitem a todo custo o desenvolvimento dos países detentores desses materiais, pois isso levaria a que eles utilizassem essas reservas em benefício próprio.

É necessário também evitar que eles os vendam a terceiros, indesejáveis. Finalmente, em caso de risco, de que os recursos sejam apoderados militarmente por outras potências, intervir primeiro ou pactuar previamente a partilha do butim com os demais agressores, mas, enquanto os riscos permanecerem latentes, é importante que os recursos permaneçam intocados, protegidos por reservas ambientais ou indígenas. Quando chegar a hora, serão tomados, com o emprego dos meios que forem necessários, justificados pelo pretexto mais adequado(span).
    
Neste quadro, os Estados Unidos têm demonstrado desejo de uma maior aproximação, econômica e militar, com o Brasil. Nada de anormal, uma característica das potências globais é a busca de alianças, em parte a fim de gerenciarem seus interesses de forma pacífica e também por razões militares. Existe sempre a conveniência de forças adicionais aliadas, bases militares e recursos de todos os tipos, tanto que a necessidade de alianças aumenta no período de pré-guerra.
    
No caso da aproximação econômica, os interesses atuais são antagônicos – basicamente serviria para que abríssemos totalmente nossos mercados sem termos nada para lhes vender, exceto talvez frutas tropicais. Isto pode mudar com o fornecimento de nióbio e do petróleo do pré-sal, mas não há vantagem na abertura irrestrita do mercado, que só agravaria a nossa desindustrialização.
      
No caso da aproximação militar, o objetivo aparentemente consiste em aceitar que o Brasil expanda seu poderio bélico – o que acontecerá de qualquer forma, até para fornecer material, mas nos manteria de alguma maneira subordinados e sob controle.
    
Já vivemos essa experiência: Até o rompimento do acordo militar recebíamos material norte-americano – a munição mais essencial somente de exercício. Isto significava que poderíamos treinar, mas combater, somente se eles concordassem e fornecessem a munição de guerra.
      
Se o nosso País não concordar com determinada política? Ficará apenas sem munição e sem peças de reposição ou mesmo correrá o risco de ser considerado inimigo.
      

Se quisermos ter uma política independente é melhor buscarmos o máximo de autonomia em material militar. Felizmente o nosso Brasil está despertando. Só falta o governo também despertar e agir, mas já esteve pior. 

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