quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Diagnóstico pessimista para o Proálcool


Mesmo com a estimativa, pela Dataagro - maior consultora de etanol e açúcar do País - de uma safra de 564 milhões de toneladas de cana-de-açúcar para 2012/2013 – (0,5% a mais do que na safra passada), o setor continua ameaçado pela crise financeira iniciada em 2008 e que já provocou o fechamento de 41 usinas brasileiras.  São 450 usinas em todo o país, das quais 160 operadas por capitais nacionais com estrangeiros.
Tenho percorrido o interior de São Paulo, conversado com alguns produtores de cana e usineiros, que lamentam a política governamental para o setor energético, que consideram muito concentrada no petróleo, e afirmam que o Proálcool está falido. Não sei até que ponto esse sombrio diagnóstico é sólido.
Há no estado, pelo menos, duas dezenas de usinas à beira do fechamento, endividadas por financiamentos e sem perspectiva de reação, com o litro de álcool sendo fornecido ao preço de um real para os distribuidores e vendido pelo preço em torno de 1,65 nas bombas.

Um produtor narrou que, em recente reunião em Brasília, a presidente Dilma indagou ao presidente do Grupo Cosan, Rubens Ometto, porque não aumenta sua produção de álcool, e obteve como resposta, que o grupo não está disposto a perder dinheiro. A presidente se afastou dando por encerrada a reunião.

O Grupo Cosan, de Piracicaba, associado com investidores internacionais (franceses, chineses, ingleses e alemães), vem diversificando seus investimentos em energia, alimentos, logística, infraestrutura e gestão de propriedades agrícolas. Possui 23 usinas, produz 62 milhões de toneladas de açúcar e 22 bilhões de litros de etanol, com receita líquida, em 2011, da ordem de 18 bilhões de dólares. Associada com a Shell Dutch, a Cosan formou a Raizen, que controla 4.500 postos de abastecimento de combustíveis.

O setor sucroenergético brasileiro é extremamente complexo e apresenta números astronômicos em produção e comercialização, o que torna difícil a avaliação do que há de concreto no pessimismo dos usineiros e produtores de cana de menor porte e que operam somente com financiamentos oficiais.

O desemprego, as condições dos trabalhadores do setor, a concentração da propriedade de terras e os impactos ambientais gerados pela produção de cana são temas recorrentes no Brasil e no exterior, mas não afastam os investidores nacionais e internacionais, que começam a criar nova fronteira de produção em Mato Grosso do Sul, que dispõe de cerca de 8 milhões de hectares de áreas agricultáveis.



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