Gélio Fregapani (Membro da Academia Brasileira de Defesa)
Anuncia-se que, com
a seca que assola os EUA, o mundo está em déficit dos alimentos. A seca é
apenas parte da história, pois os EUA têm convertido vastas quantidades de
milho em bicombustível. A escassez está empurrando os preços das commodities agrícolas
para altos recordes.
Em consequência, o
preço internacional dos alimentos tem subido exponencialmente, e isto beneficia
a exportação agrícola do Brasil. Apesar de a seca não ser eterna, essa situação
favorável (para nós) deve persistir, ao menos parcialmente, enquanto os EUA
mantiverem o uso em larga escala do milho para fabricar o etanol.
Isto nos abre a
oportunidade de diminuir as restrições ambientais, aumentar a área de plantio e
avançar na produção de bicombustíveis (particularmente os do dendê), e tomar
conta do mercado, conseguindo uma dianteira difícil de alcançar.
Com os
biocombustíveis e a utilização crescente de gás de xisto de seu próprio
território e do Canadá, em poucos anos, os EUA não mais dependerão do
petróleo do Oriente Médio ou da América do Sul.
Este novo fato
merece o início de uma análise prospectiva, pois deve alterar radicalmente a
atual perspectiva de declínio norte-americano, das relações deles com outras
nações e a atual riqueza dos produtores, que perderão seu grande mercado.
É provável que,
para extrair, o gás do xisto será mais caro do que o petróleo, mas se o preço
do petróleo se mantiver acima de 70 dólares por barril, o gás do xisto
americano será competitivo. É razoável pensar em um ressurgimento econômico e
industrial da grande nação do Norte, que não mais necessite de guerrear e
oprimir para conseguir a energia vital.
A nova situação
pode até trazer uma perspectiva de paz. Entretanto, pode ser que, com novas
energias, os EUA sejam tentados a apoderarem-se dos minerais que faltam em seu
território. Tanto mais tentados ficarão quanto menor for a nossa capacidade de
dissuasão...
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