Gélio Fregapani (Membro da Academia Brasileira de Defesa)
Bolsas- tudo
Inicialmente,
concordamos que o melhor programa social que existe chama-se trabalho. É
ele que garante dignidade ao ser humano. Nos anos 40, se ensinava às crianças
que o trabalho afastava três grandes males: o tédio, o vício e a necessidade.
A própria
Escola Superior de Guerra-ESG-indica como um dos objetivos nacionais o “pleno
emprego”, entretanto, é forçoso reconhecer que é mais fácil indicar do que
realizar. Sempre haverá quem, por motivos alheios à sua vontade, esteja sujeito
aos males citados, especialmente à necessidade.
As
“cestas básicas” talvez tenham sido instituídas como uma caridosa forma de
amparo aos mais carentes, mas ,sem dúvida, foram usadas como forma de controle
social, no mínimo desde o Império Romano. Não foram inventadas pelo Lula, mas,
entre nós, ele as ampliou ao limite do inconcebível, sem olhar os efeitos
colaterais. Infelizmente a ampliação continua no atual governo.
No Brasil,
o sistema de fornecimento de cesta básica/bolsa- família não foi de todo ruim.
Foi ele que manteve a indústria, a agricultura e o comércio funcionando durante
a última crise financeira, mas, nação alguma pode sustentar esse sistema
permanentemente, a não ser que tenha uma receita de petróleo que financie todos
os gastos.
Considerando
a tendência de redução da população, a bolsa- família em função do número de
filhos é um excelente investimento em longo prazo, mas daí para a proliferação
de bolsas – bolsa- prostituta, bolsa -universitário, bolsa -aidético, bolsa -toxicômano,
bolsa -tudo, vai faltar quem paga, além de amolecer uma multidão que não mais
sentirá necessidade de trabalhar. Um dia essas bolsas terão que ser retiradas,
e aí quero ver. A recente depredação de agências da Caixa já deu a resposta.
A verdade
é que não se sai da pobreza sem trabalho. A assistência tem que ser provisória,
senão gera dependência e parasitismo. Cabe ao Governo promover o
desenvolvimento para gerar empregos. Enfim, dar condições a que cada um cuide
de sua vida, pois em breve o poço terá que secar, seja por decisão
governamental ou por o Estado ter falido. A antiga
formula romana de “Pão e Circo” só funciona por pouco tempo. É só estudar História.
Algumas
consequências geopolíticas das mudanças no clima
É verdade que o gelo do Oceano Ártico está
derretendo aceleradamente, o que deu motivo para a falaciosa teoria do
aquecimento global. Já está provado que, ciclicamente, o Atlântico e o
Pacífico, isolados do Ártico por uma barreira de gelo nas rasas passagens, se
aquecem e derretem a barreira, penetrando e derretendo as banquisas do Oceano
Ártico.
A evaporação daquele oceano, agora liquefeito,
rapidamente condensa e congela, causando grandes nevascas no hemisfério Norte,
mas no oceano Ártico o gelo continua derretendo até que a neve acumulada
naquele hemisfério seja tanta que baixe o nível do mar, a ponto de obstruir as
rasas passagens das águas do Atlântico e do Pacífico. O oceano Ártico, isolado
dos mares quentes, volta a congelar, e ao subir o nível dos mares pelo
derretimento da capa de neve, novamente o ciclo climático recomeça.
Estamos vivendo a fase de derretimento do gelo do
Ártico e do aumento das nevascas no Hemisfério Norte. No início do processo
serão exploradas as jazidas de petróleo que consta existirem no Ártico e que
podem ser fonte de atrito e será aberta a rota marítima direta da América,
Europa e Ásia pelo Ártico. Em um prazo maior haverá outra Idade do Gelo no
Hemisfério Norte e as nevascas impedirão a habitação humana dos 50 graus norte
até as proximidades do oceano Ártico.
O fenômeno não deve ser idêntico no Hemisfério Sul
pois o Antártico não está sobre um oceano, mas sobre um continente, mas
mudanças no clima e no regime de chuvas podem ser
esperadas.
A
inserção da energia eólica na matriz energética
A matriz de energia à base de hidrelétricas tem
colocado o Brasil em uma posição vantajosa, e vinha em desenvolvimento contínuo
desde o governo de Juscelino até o final do período militar.
Bruscamente interrompido o desenvolvimento por Fernando Henrique Cardoso, em
benefício das termoelétricas a gás boliviano, resultou no “apagão” e na
dependência, de acordo com o plano tucano para manter o País “satelizado”.
Retomada a construção de hidrelétricas no atual
governo, enfrenta a forte oposição do movimento ambiental/indigenista, e o que
é pior, os “donos” não mais o Estado nem empresários nacionais, mas firmas
estrangeiras, as vezes estatais estrangeiras.
É neste “imbróglio” que desponta uma fonte
complementar, barata e limpa, com condições de ser inteiramente nacional: a
energia eólica. Mercê de ventos fortes e constantes, principalmente no litoral
nordestino, teria condições de fornecer até 10% das necessidades nacionais,
deslocando as caras e poluentes termoelétricas que são oriundas de uma
negociata de fazer sombra ao “mensalão” petista.
Como se poderia esperar, o lobby das “termos” e seus aliados entrou em ação para dificultar, e
se possível impedir o desenvolvimento das eólicas; de uma forma ou outra,
conseguiram que a eólica não entrasse no leilão passado; que para o próximo
tivessem que construir as linhas de transmissão, que as termos recebem de
graça, além de outras restrições para que essa fonte, das mais competitivas,
fique mais cara daqui
para frente. Certamente os custos
das eólicas vão subir entre 10% e 15% e oferta de novos projetos tende a ser
menor.
Os
efeitos serão sentidos no dia no dia 23 de agosto, quando a Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel) realiza o primeiro leilão de energia nova deste ano,
para projetos que vão entrar em operação em setembro de 2015. Todos sabemos que
esse tipo de conchavo só prospera em ambientes fechados. Na medida em que mais
gente tome conhecimento, eles tendem a diminuir, pois dificilmente as pessoas
agem mal em público.
A “Linha Vermelha”
No jargão dos estrategistas, “linha vermelha”
significa o limite cuja ultrapassagem não será tolerada. Assim, a OTAN anuncia
que a linha vermelha no Irã seria a construção de um artefato nuclear, e na
Síria o uso de agentes químicos, (às vezes, parece que seja a possibilidade de
vitória do Governo).
Em nossa situação interna, podemos, em um exercício
de futurologia, traçar duas linhas vermelhas: Uma relativa a nós,
militares, que seria a ameaça concreta de vinganças no modelo argentino.
Chefiados por seus comandantes ou não, certamente os tanques estariam na rua.
Como ninguém deseja isto, é improvável que o Governo seja tão tolo a ponto de
dar asas à famigerada Comissão da Vingança.
A segunda das linhas vermelhas se refere à questão
indígena; A indignidade das ações na Raposa-Serra do Sol alertou os demais
produtores rurais. A repetição dessas ações na Região Sul e no Mato Grosso
tenderia a desencadear a revolta latente, onde tudo acabaria nas mãos do
Exército.
Se bem que chegaram notícias de que tropas do
Exército, recentemente, aceitaram destruir garimpos na Amazônia,
irresponsavelmente, retirando a presença brasileira, tem-se como provável que
ao menos parte da tropa se alinharia a uma revolta contra a Funai. Felizmente, o
Governo, ao que parece, já não deixou que seus radicais ultrapassassem essa
última linha. Que seja assim para termos paz interna
Política econômica e industrial e a inflação
É evidente que a inflação está aumentando, apesar de
algumas medidas corretas de proteção da indústria nacional tomadas pelo Governo.
Por exemplo: construir no Brasil
as sondas e plataformas do pré-sal é um dos pilares da política industrial de
governo, pois. além de agregar tecnologia, é dos que mais geram emprego.
Ao
estabelecer a reserva de mercado, o Brasil trilha o mesmo caminho de outros
países que se viram diante da riqueza do petróleo. Foi assim que a Noruega se
tornou potência em tecnologia para a exploração em alto-mar e a Coréia do Sul,
líder na produção de sondas. No passado processos semelhantes ocorreram com a
Inglaterra, com a Alemanha, com os EUA e foram a causa primária do crescimento
deles. Hoje ocorre com a China.
Uma
indústria nascente não pode competir com uma estabelecida sem proteção. É
necessário tempo para que os fabricantes nacionais ganhem fôlego para competir
globalmente. Há que se contar ainda com o bloqueio e a sabotagem dos “futuros”
concorrentes.
Criar
tecnologia custa dinheiro, e isto causa inflação. Claro que a corrupção e o
superfaturamento também contribuem para a inflação, mas isto acontece também
nas compras prontas feitas no exterior.
A longo
prazo, as obras de infraestrutura, o descongestionamento dos “gargalos” a
criação de tecnologia própria, a proteção da indústria nacional autêntica e a
baixa dos juros promovem o desenvolvimento e acabam com a inflação. Isto,
logicamente, contraria interesses estrangeiros e seus parceiros no Pais, como o
Banco Central. Este, falaciosamente, anuncia: Temos que aumentar os juros para
evitar a inflação.
Torpe
falácia! Com o aumento dos juros, aumentam inutilmente as despesas
governamentais; diminuem ou mesmo cessam os investimentos privados, que podem
obter mais lucros emprestando ao Governo; há menos demanda, o que pode,
momentaneamente, baixar os preços de venda, mas certamente aumentará os custos
da produção, causando mais inflação.
Eles, do
Banco Central, alinhados com as finanças internacionais, sabem bem disto. A
Presidente Dilma também sabe... pena que, visando às eleições, tenha se rendido
com medo que a inflação momentânea a prejudicasse.
A
propósito, apesar de todas as dificuldades, dos erros e até dos
superfaturamentos, foi lançado ao mar o superpetroleiro Zumbi dos Palmares. Enfim ,retomamos a construção naval. Foi
preciso coragem para enfrentar as pressões e até mesmo para pagar mais caro.
Na entrega do navio disse a Presidente: “... com o
nome de um herói brasileiro...” Sinto muito presidente Dilma, mas desta vez
errou feio. Zumbi não é um nosso herói negro; foi um inimigo. Nosso herói negro
é Henrique Dias.
O complexo de vira-lata
Nós somos
sempre o que acreditamos ser. Quem se lembra dos tempos do Getúlio, quando nos
ufanávamos do nosso País e da nossa raça forte e amorenada; da época do
Juscelino com aquele otimismo ao construir Brasília e rasgar a estrada até
Belém; dos tempos do “meu Brasil eu te amo”, do Médici, com o orgulho com que
construímos Itaipu e Tucurui, custa a entender o atual desânimo que invadiu a
alma da nossa gente.
A verdade
é que os povos mudam, e às vezes rapidamente. A História nos mostra a
transformação dos alemães de 1930, quando nem mais queriam ter uma pátria, para
os de 39, quando o orgulho nacional fez que se agigantassem. Observamos também
a China, que em 45 era a terra da mãe Joana e oito anos depois enfrentava
altivamente a maior potência do mundo.
A
alteração do “animus” nacional é causada por vários fatores, inclusive pela
situação econômica, mas não só por isto, desde antes do tempo de Gengis Kan, os
fatores psicológicos conduzidos pelo inimigo tem levado um povo antes orgulhoso
até mesmo à rendição.
Hoje, esse
processo, agora mais técnico, se denomina de Guerra de 4º Geração. É o que
ocorre contra nós. A imprensa estrangeira, dentro e fora do Pais, insiste em que
não daremos certo e ironiza nossas figuras justa ou injustamente, e é cada vez mais
aplaudidas até por gente nossa, uns por oposições partidárias, outros por,
justamente indignados pelos erros governamentais e pela corrupção generalizada,
fazem coro à manobra do inimigo, sem saberem que algumas das suas ácidas
críticas podem nem ser verdadeiras, mas contribuem mais para baixar a autoestima
do que para solucionar as mazelas realmente existentes.
Assim, é
comum vermos a desmoralizante expressão “êta povinho”, que pouca relação tem
com a mazela aventada ou então se conclui “esta m. não tem solução”, o que
também não é verdade
Pior é um
jornalista infelizmente brasileiro, escrevendo de Nova Iorque, que, para atacar
o atual governo, reduz o nosso País a pó. Esse classifica como comunistóides as
posições nacionalistas de alguns de nós, o que o caracteriza como “a serviço do
estrangeiro”.
Esse
pessoal que só fala mal e não ajuda em nada me faz imaginar que, se por azar
tivessem a mãe na zona, se limitariam a falar mal dela em vez de trabalhar para
tirá-la de lá.
Viagem e mudança
Por
algumas semanas, estarei fora do ar. ..Peço aos meus amigos e correspondentes
que evitem, nesse intervalo, me mandarem e mails.
Que Deus guarde a todos nós!
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