segunda-feira, 17 de junho de 2013

Indagações sobre o pandemônio no Brasil


Quem lidera as manifestações de protestos no País inteiro contra o aumento das passagens do transporte urbano e, supostamente, pelo combate à corrupção e a gastos abusivos na preparação da Copa do Mundo, quando áreas sensíveis -como saúde, educação, transporte e segurança pública -continuam com escassos recursos?
Nenhum nome em destaque, nem mesmo das centrais sindicais, aparece nessas manifestações, que, aliás, são orquestradas em todas as capitais, com data, local, hora e planos de invasões com atos de vandalismo. Como o conflito social tem natureza epidêmica, fácil é de se prever que isto é apenas o começo e que o pior está por vir.
São manifestações promovidas de fora do governo, com recrutamento via internet? Se forem, são manifestações promovidas por oposicionistas de fato ao governo, empunhando a bandeira da  faxina ética. São manifestações insufladas por ramificações  do governo? Se forem, então podem servir de justificativa para endurecimento do atual regime.
Fala-se num projeto de lei, de autoria do senador Marcelo Crivella, ministro da Pesca, que estaria, com apoio de outros congressistas, sendo preparado para aprovação, o qual inibe manifestações públicas que se confundam com atos terroristas durante a realização da Copa do Mundo, com punições severas aos manifestantes.
A supressão lenta e contínua das franquias democráticas é uma questão de cultura política... Em cada país, ela tem um processo peculiar a esta cultura. Na Venezuela, Hugo Chàves desarticulou o Poder Judiciário e imobilizou o Parlamento e a imprensa, criando uma maioria esmagadora com apoio do grande eleitorado chavista.
Na Argentina, a Presidente Cristina Kirchner tenta desmobilizar a imprensa e o Judiciário. Na Bolívia, Evo Morales montou um cinturão palaciano de permanente vigilância ao povo e de apoio ao sindicalismo, estimulando a invasão a refinarias e perseguição à Igreja.
No Brasil, além da ideia de redução dos poderes do Ministério Público e de críticas sistemáticas ao Poder Judiciário, algumas medidas de controle social e cerceamento começam a serem adotadas, nas áreas do lazer, entretenimento e costumes, ao estilo do talibanismo - pequenas coisas, como restrição a fumar, jogar, beber e viajar (pedágios, combustíveis e passagens caríssimos), além de tentativas de controle mais rígido dos meios de comunicação, de modo especial da internet, conforme projeto do jornalista  Franklin Martins, que assessorou Lula.
Se a violência (50 mil homicídios/ano,conforme o Instituto Sangari) e o número de acidentes fatais nas rodovias e no trânsito urbano crescem no País(cerca de 42 mil mortos por ano, segundo o S.OS Estradas), por conta das drogas, das bebidas e do inchaço das cidades, há um silêncio  doloso sobre o número de veículos lançados avidamente no mercado pelas indústrias de automóvel ( mais de 65 milhões de veículos rodam no País) e de motocicletas (mais de 10 milhões), porque geram impostos e empregos. E a violência no campo, com a guerra entre colonos e índios pela posse de terras e as invasões feitas pelo Movimento dos Sem-Terra? São ingredientes da violência potencialmente disruptiva.
É fácil endurecer um regime, o difícil é sair desse sistema... Que o digam os militares, cuja intenção, com a revolução liderada por Castello Branco, era apenas evitar o comunismo e a baderna geral. “Mas, os” bolsões sinceros, porém, radicais “(expressão de autoria do Presidente Geisel), resolveram prolongar a intervenção por mais de duas décadas. Hoje, estaria fora de cogitação uma ditadura militar, mas a ditadura civil ronda os países sul-americanos...
Mas, quais seriam os “bolsões sinceros, porém, radicais” de hoje? Pergunta que poderá ser respondida a partir do desfecho desse quadro de pandemônio que se instalou no Brasil, nos últimos dias. Igreja, Forças Armadas, sindicatos e empresários se mantêm calados até agora, mas a mídia internacional começa a explorar essas manifestações tentando criar um clima de instabilidade para a realização da Copa do Mundo no Brasil.

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