sábado, 29 de junho de 2013

Obcecados pelo plebiscito distorcem pesquisas e fatos


 
Marqueteiros e órgãos da imprensa e publicidade estão obcecados pelas verbas de realização de um plebiscito, que custaria ao país  algo em torno de 500 milhões de reais, e isto os leva até mesmo a desvirtuar pesquisas e fatos.A “Folha de São Paulo” publica que 68% da população aprova o plebiscito, mas sua matéria mostra que as perguntas feitas aos entrevistados eram as seguintes:

 -A Presidente agiu bem ao propor um plebiscito para decidir a criação de uma assembleia nacional constituinte?

 -Você é a favor da criação de uma constituinte para elaborar uma reforma política?

Duas questões falsas, como se pode perceber, foram colocadas ao povo. Basta que se retire o ponto de interrogação de ambas, e elas se convertem em afirmativas. Então não são questões verdadeiras... Elaborar questões plebiscitárias é técnica refinada fora do alcance de marqueteiros... Em segundo lugar, o que se fala em propor em plebiscito é a reforma política, e não a criação de uma constituinte para elaborar uma reforma política, ideia já descartada pelo Planalto.

O ministro Marco Aurélio de Mello, do Supremo Tribunal Federal, disse tudo que deveria ser dito pela  autoridade judiciária a respeito dessa ideia estapafúrdia de se fazer reforma política via plebiscito, como quer o Governo, ou referendo, como quer a Oposição.

Em lúcida e oportuna entrevista concedida ao “Blog do Josias”, o ministro afirmou que a reforma política é assunto técnico demais para ser fazer por plebiscito, que essa consulta seria cara demais  e descartou qualquer possibilidade de aplicação de mudanças para as eleições de 2014, “a menos que queiram fazer uma revolução rasgando a Constituição.”

Outra pesquisa da Datafolha, divulgada hoje, revela que a popularidade de Dilma caiu de 57% para 30%, desde o início das manifestações de ruas. Creio que cairá mais ainda, pelo mecanismo que induz ao voto útil, se houver o plebiscito e o povo pedir o fim da reelegibilidade para cargos executivos, como querem as lideranças petistas, pensando na volta de Lula em 2014.
 

O Código Eleitoral brasileiro é um rico manancial de idéias, práticas e jurisprudência, que ultrapassa em conteúdo códigos de muitas nações desenvolvidas, que não tiveram agregada ao mesmo instituto a efervescência das instabilidades políticas e das transformações sociais dos trópicos. Nunca me esqueço das palavras de um cientista político alemão, Diet Nolan, que conheci fazendo suas pesquisas no Brasil: "O subsistema eleitoral-partidário nunca está além ou aquém da sociedade a que se aplica, sendo, sempre, produto dela."

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