segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Sua excelência a "solução final"


O crescimento da candidatura da ex-senadora Marina Silva à Presidência da República, pelo Partido Socialista Brasileiro -PSB-,que a coloca em situação de empate com a presidente Dilma Rousseff, candidata do Partido dos Trabalhadores –PT- à reeleição, e bem à frente do candidato do Partido da Social Democracia Brasileira –PSDB-, ex-senador Aécio Neves, amplia a teoria conspiratória acerca do acidente de avião que matou o ex-governador Eduardo Campos, de quem Marina era vice na chapa presidencial.
Até agora, não se sabe o que continha a caixa-preta do Cessna, e as investigações levadas a cabo pelo CENIPA, órgão investigador de acidentes aéreos da Aeronáutica, continuam sob sigilo, mas o próprio irmão de Eduardo Campos, Antonio Campos, que visitou o local, mencionou a “hipótese real” de um droner (pequeno veículo não tripulado) da Aeronáutica ter se chocado com a aeronave em que viajava o candidato presidencial, quatro assessores e dois pilotos. A Aeronáutica considera fantasiosa essa ideia.
As causas reais que derrubaram o avião, estraçalhando o aparelho  e todos seus ocupantes, como se tivessem ocorrido duas explosões simultâneas, têm povoado a imaginação dos que defendem uma investigação muito rígida em torno da teoria de assassinato, o que , em política, se denomina “solução final” (eliminação física).
À medida em que Marina assume a cabeça-de-chapa do PSB, tendo como vice o deputado federal Beto Albuquerque, e vê seu nome como praticamente garantido na disputa de segundo turno, os adeptos da teoria conspiratória  interpretam a sucessão de fatos como verdadeira engenharia político-eleitoral nessa disputa sucessória, pois só o recall de 19 milhões de votos obtidos por Marina nas eleições passadas não seria suficiente para catapultá-la à posição de favorita.
O fator inercial da comoção gerada pela morte de Campos, um político jovem e promessa de renovação, impulsiona Marina de forma extraordinária, e possivelmente impulsionaria qualquer outro nome, desde que fosse conhecido como o da ex-senadora. Esse automatismo do voto de luto é fenômeno da psicologia política coletiva. Pode ser que perdure ou aumente até as eleições, a menos que Dilma ou Aécio consiga neutralizá-lo. Mas, terão que criar um fato novo, de grande efeito, porque as forças que apoiam Marina, além do Banco Itaú e outros agentes financeiros e ONGs, têm fortes raízes internacionais, como aponta em seu artigo abaixo o colaborador deste blog, economista e diplomata Adryano Benayon.
A solução final no Brasil é aventada como hipótese aplicada em presidentes como Café Filho, Getúlio Vargas (sua amante Virgínia Lane disse que ele foi assassinado quando estava  em sua companhia, no Palácio do Catete), João Goulart, Juscelino Kubitscheck, Castello Branco, Costa e Silva, Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, etc. O manto da nebulosidade até hoje envolve a morte desses políticos.
A tragédia aérea atinge Campos 24 anos após outro pernambucano brilhante na política, o senador Marcos Freyre, então ministro da Reforma Agrária do Governo Sarney, perecer num acidente com seu avião no sul do Pará.
No Brasil, segundo levantamento da Carta Capital, foram mortos 72 políticos entre 1983 e 2012, o que torna a política uma atividade de alto risco e a solução final um recurso antidemocrático eficaz diante do sigilo que envolve as investigações, sigilo esse reforçado pela Lei 12 970, de 8 de maio de 2014, sancionada pela Presidente Dilma Rousseff, que altera o Código Brasileiro de Aeronáutica, estabelecendo a proibição do uso de informações e análises produzidas pelo Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Sipaer) para fins probatórios em ações judiciais e procedimentos administrativos e condiciona o fornecimento desse conteúdo à prévia requisição judicial.

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