segunda-feira, 11 de abril de 2016

Brasileiros em busca da governabilidade


O ex-presidente Lula, do Partido dos Trabalhadores- PT-, lidera com 21% as intenções de voto segundo recente pesquisa divulgada pela Datafolha a respeito das eleições presidenciais de 2018, seguido pela ex-senadora Marina Silva, da Rede Sustentabilidade, com 16% dos votos.

O senador Aécio Neves, do Partido da Social Democracia - PSDB-, da Oposição, obteve o terceiro lugar com cerca de 12% dos votos. Lula tem, porém, a maior taxa de rejeição, com 53%, seguido de Aécio Neves, 33%, e Marina Silva, 20%.

No momento em que a Câmara dos Deputados se prepara para votar, no próximo dia 17, na Comissão Especial, o impeachment da Presidenta Dilma Rousseff, esses altíssimos índices de rejeição dos três mais fortes nomes lembrados para disputar o Palácio do Planalto em 2018 tornam clara a dificuldade de se debelar a crise política brasileira a curto ou médio prazos, ainda que Dilma seja impedida de continuar na Presidência, fato que tende a ocorrer.

Analisando-se as pesquisas, constata-se que não surgiu até agora um nome forte e convincente diante do eleitorado para restabelecer a confiança dos investidores internacionais na política brasileira, assolada pela onda de corrupção dos últimos anos.

Haverá verdadeira batalha campal na Praça dos Três Poderes para a votação do impeachment na Câmara, no próximo domingo, diante de um grotesco muro metálico construído para separar os simpatizantes e antipatizantes do impeachment ,que os petistas insistem em chamar de golpe, embora seja forte a corrente de juristas que não consideram assim, pois a medida está prevista na Constituição e, certamente, seria menos traumática, se funcionasse no Brasil o instituto do recall, com a consulta plebiscitária ou referendária feita diretamente ao Povo. Dilma tem o direito de resistir, porque foi eleita, mas o Brasil não pode continuar quase acéfalo..

O próprio PT, quando disputava o poder, valia-se de pedidos de impeachment para desestabilizar o governo, obtendo êxito na saída de Fernando Collor. Agora experimenta na própria carne essa ameaça e denuncia que há uma trama golpista liderada pelo vice-presidente da República, Michel Temer, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB-, também alvo de denúncias de recebimento de propinas para reeleição da sua chapa com Dilma.

Os fatos concretos são estes, que refletem a presente crise de governabilidade ou governança:

1.       O governo Dilma Rousseff está completamente estagnado, desde 15 de março passado, quando cinco milhões de brasileiros, cientes das denúncias de corrupção apuradas pela Operação Lava Jato, sob o comando do juiz Sérgio Moro, foram às ruas do Brasil protestar contra a impunidade dos políticos e empresários acusados;

2.      Dilma perdeu a condição de protagonista e não tem como aprovar nenhuma medida econômica importante para restabelecer a fé dos investidores e do povo e nem se encontra com força suficiente para exercer o governo e comandar alguma equipe ministerial;

3.      Lula perdeu sua força carismática, apesar de liderar as pesquisas com baixo percentual, e tende a aumentar mais ainda a rejeição contra seu nome e o “Lulopetismo”, ainda que, nas próximas eleições municipais, o PT se mantenha como partido de esquerda forte, mas não mais como protagonista de governo.

4.      Michel Temer continua silencioso trabalho de composição de sua equipe, para quando assumir a vaga de Dilma, e vem colhendo apoio multipartidário para elaborar um programa de governo que restaure de imediato a confiança dos investidores externos e restabeleça um coeficiente de governabilidade até as próximas eleições presidenciais. Afinal, governabilidade é legitimidade + eficácia. Sem eficácia, perde-se legitimidade, mas, com eficácia, é possível obter legitimidade (é bom lembrar o exemplo do ex-ditador peruano Alberto Fujimori).Em discurso gravado, que vazou para a imprensa, Temer define claramente as linhas do que será sua gestão - a busca de governabilidade.

5.       O juiz Sérgio Moro continua sendo controlado pelo Supremo Tribunal Federal –STF-, que, por causa da contaminação dos Poderes Executivo e Legislativo, cujos presidentes são alvos de denúncias, é o único elo da cadeia sucessória em condições de acionar as Forças Armadas em caso de ameaça aos poderes constituídos, à lei e à ordem. Mas, até o STF, com dez dentre 11 juízes nomeados por Lula e Dilma, tem sido acusado de práticas bolivarianas. Comandos militares acatam a posição da Corte, mas só até os limites dos valores ideológicos e doutrinários da instituição militar. Além desses limites, imperaria a  última rattio regun”.
 

 

 

 

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