sábado, 24 de março de 2012

Entre a pólvora e o isqueiro...



Vai chegando o dia 31 pressago, como diria Cruz e Souza, e o Brasil transpira um odor incerto de crise político-militar, pois os reservistas preparam para o dia 29 manifestações em vários estados exaltando o movimento revolucionário de 1964, contrariando orientações do Palácio do Planalto aos comandos militares.

O Clube Militar realizará, no dia 29, no Rio de Janeiro, um painel sobre o tema “A Revolução de 31 de março de 1964”, mas ainda não há uma manifestação oficial da Presidente Dilma sobre esse assunto. A reação contra esse evento já pode ver observada na Internet, onde grupos de ativistas se mobilizam pelo facebook para comparecerem ao local e impedirem a reunião.

Como afirmam os próprios ativistas, “uma festa no Clube Militar, em comemoração aos 48 anos do golpe militar que foi combatido pela jovem guerrilheira Dilma Roussef, hoje presidente da República, tem potencial explosivo.”

E advertem: “Temos um potencial mobilizatório incrível e vamos fazer uso dele nessa convocatória para não deixar passar em branco os assassinatos e desmandos de um período nefasto da política brasileira. Cadeia para ditadores já!”

Há diversas teorias conspiratórias a respeito das intenções que se ocultam na Comissão da Verdade constituída pelo Governo para apurar violações dos direitos humanos no Brasil. Mas, até o presente, nada de concreto foi debatido e apurado pela referida comissão, que mais parece um factóide das esquerdas, um sinalizador do debate ideológico no Brasil.

Há muita pólvora no ar e muita gente com o isqueiro na mão, mas o confronto entre governo e militares da reserva tende a refluir, se o governo agir diplomaticamente com os militares da reserva, que têm amparo legal para manifestações políticas.

Se não houver diplomacia oficial, o País se verá, evidentemente, diante de uma imprudência sesquipedal da Presidente Dilma e sua assessoria, que estarão ignorando a advertência de Bismark: “Você pode fazer tudo com as baionetas, exceto sentar-se nelas.”

Além se superar esse hiato no diálogo com os militares da reserva, a Presidente Dilma deve estender seus olhos com muita decisão para o reequipamento das Forças Armadas e a revisão da remuneração dos militares, pois as forças sucateadas e as tropas mal remuneradas colocam em risco a estabilidade político-institucional e a própria soberania brasileira.

Não permita a Presidente tentativas de desvio das Forças Armadas para fins contrários aos objetivos nacionais permanentes, pois os militares no Brasil sempre tiveram um papel de vanguarda no desenvolvimento, ao contrário de países onde as forças armadas exercem função destacadamente pretoriana. As Forças Armadas brasileiras continuam fortemente enraizadas em suas tradições e nas próprias origens da nacionalidade, e não há globalização capaz de mudar essa cultura.



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