sexta-feira, 29 de junho de 2012

Paraguai fora do garrote vil



O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em entrevista ao blog de Guilherme Barros, prevê que o Brasil só retomará seu crescimento nos próximos dois anos, em decorrência da atual situação internacional. Previsão feita ao retornar de viagens a vários países da Europa, Ásia e América.

Os estímulos feitos à economia pelo Governo da presidente Dilma Roussef, até agora paliativos, mostram a necessidade urgente de revisão dos quatro pilares da política macroeconômica: Política Comercial, Política Fiscal, Política Monetária e Política Cambial.

Realista, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reduziu a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto para 2,5% e agora empreende esforços junto aos empresários para elaboração de uma agenda condizente com os desafios da conjuntura internacional, mas, também, acoplada aos interesses da coalizão governamental pelas eleições municipais.

A deposição legítima e democrática do Presidente Lugo, do Paraguai, e a sua substituição por Federico Franco, que ainda vem produzindo verborrágicas manifestações de alguns chefes de Governo da América Latina, no contexto da reunião de cúpula do MERCOSUL, aberta em Mendoza, é um sinal de alerta não só aos países com agenda econômica vulnerável, mas ao próprio Brasil.

Os regimes de esquerda solidários ao ex-presidente Lugo perceberam o silêncio do povo paraguaio concordante com a troca de governo, pois governabilidade é soma de legitimidade mais eficácia, e o governo Lugo não vinha sendo eficaz nem na política interna e nem na economia, que apresentou  nos últimos anos algumas melhoras, mas ainda dependente da informalidade (60%) e das atividades agropastoris(21%), com apenas 19% de participação industrial.

Apesar da posição punitiva contra o Paraguai, defendida por vários países da UNASUL, como a Venezuela e Equador, outros expressivos, como Brasil, Uruguai e Argentina, adotam posição mais branda e favorável à permanência do Paraguai no Mercosul, com eventuais restrições  do país ao processo decisório.

A Presidente da Argentina, Cristina Kirchner, foi objetiva e sintetizou a atitude de prudência que os três países devem adotar, observando que sanções econômicas nada resolvem, pois quem acaba pagando a conta final é o povo. Há ainda o receio de que, com suas riquezas estratégicas, o Paraguai abra espaço para parcerias  políticas e econômicas estratégicas com países como os Estados Unidos e a China.

Mas, esta é a lição que o processo de destituição de Lugo dá a todos os chefes de governo da América Latina: Ninguém está politicamente seguro, nesse “tsunami” global em que se transformou a economia internacional, com sua bolha financeira de quase 700 trilhões de dólares.

Se até cúpula da União Européia resolveu agora abrandar as medidas de austeridade contra Grécia, Portugal, Espanha, Itália, Reino Unido e demais países deficitários, evitando colocar os bancos no garrote vil, é porque o preço político seria muito alto. Perde-se capital financeiro, mas ninguém quer perder capital político, nem mesmo a altiva Alemanha.

Brasil, Argentina e Uruguai estariam dispostos a perder o capital político amealhado pelo MERCOSUL, com a participação pioneira do Paraguai, colocando o garrote vil no pescoço da vizinha nação? Nem com 5% de crescimento da economia, e muito menos com 2,5%...








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