domingo, 1 de julho de 2012

Greve universitária repercutirá nas eleições


A greve nas universidades federais, que já dura 15 dias, deixa de ser um fato educacional para se transformar num fato político significativo, levando-se em consideração as reivindicações dos alunos e professores, às vésperas das eleições municipais e da disputa renhida pela prefeitura de São Paulo.

Das 59 universidades existentes no País, 42 (71%) paralisaram suas atividades e mais de um milhão de alunos e milhares de professores reivindicam melhor qualidade de ensino, melhores salários e outras condições de valorização do professor.

Há um clima de anomia associada à anemia das universidades, carentes de condições satisfatórias para que cumpram sua importante missão de formar profissionais competentes e suficientes para suprir as necessidades do Brasil, num  momento em que o Governo Dilma se empenha em abrir maior intercâmbio com  universidades e centros de ensino com excelência de qualidades dos Estados Unidos e da Europa.

Atualmente, cerca de seis milhões de estudantes estão matriculados em 25 mil cursos das instituições de ensino superior públicas e privadas, que incluem cursos de tecnologia e à distância, duas modalidades que tendem a crescer em demanda e oferta nos próximos anos, segundo previsões do Ministério da Educação.

Se os universitários das instituições federais demonstram insatisfação com a qualidade de ensino e os professores se queixam da sua desvalorização, o quadro não é muito diferente nas universidades privadas, onde é evidente a  grande assimetria entre os lucros auferidos pelos empresários e a qualidade de ensino e as condições de remuneração dos professores, seja na graduação ou na pós-graduação.

A greve se transforma em fato político, na medida em que significativo contingente universitário insatisfeito reprova a política educacional, que, hoje, às vésperas das eleições municipais, está sob comando do petista Aluízio Mercadante, substituto de Fernando Haddad, o candidato do PT à prefeitura de São Paulo, ex-ministro  da Educação do Governo Lula.

Ao tomar conta da sensível área da educação, o PT conseguiu um ministério com imenso poder de irrigação eleitoral, graças aos mecanismos políticos de aplicação orçamentária (aprovado recentemente o percentual de 10% do orçamento federal) e de disseminação ideológica em todos os níveis de ensino.

 Mas, a educação no Brasil apresenta desafios estruturais decorrentes da própria desigualdade social, e, eleitoralmente, pode se transformar numa faca de dois gumes para a situação, se a oposição for competente para explorar suas mazelas.

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