terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Roberto Campos e a "astúcia da razão"

Recebo, como muitos internautas, emails contendo graves denúncias sobre a “subjugação nacional” e o “entreguismo” das riquezas brasileiras do solo e subsolo e da plataforma marítima, onde se encontram os preciosos lençóis petrolíferos.

Um desses emails diz respeito à venda ao consórcio chinês, formado pelo Taiyuan Iron and Steel Group, conglomerado financeiro do Citic Group, por 1,95 bilhão de dólares, de 15% da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração - CBMM-, com sede em Araxá (MG). Isso significa ceder 15% da produção de nióbio do País, que atualmente fornecia quase 100% da oferta mundial desse metal, empregado em indústrias de automação, nuclear e de defesa.

As atuais potências dominantes da economia e da política internacionais, de forma insidiosa ou ostensiva, com mais eficiência do que os europeus na África e no Oriente Médio, vão estabelecendo novo regime colonialista no Brasil e outros vizinhos sul-americanos, adquirindo vastas porções de terras em várias regiões e ações de empresas nacionais estratégicas que exploram o solo, o subsolo e a plataforma marítima.

O colonialismo moderno tem como primeiros protagonistas o Reino Unido, a Alemanha, a França, a Bélgica, a Itália, Portugal e Espanha, todos com doutrinas estabelecidas para a partilha das Américas, da África, da Ásia e da Oceania. Depois da segunda guerra mundial, a Rússia, os Estados Unidos e a China se incorporaram com mais vigor ao clube dos mandatários “globais”.

O artifício da “globalização” é o neo-colonialismo, mais sutil e mais eficiente, dividindo o mundo em globalizadores (os que detêm maior poder econômico, tecnológico e militar) e globalizados, substituindo a priorização da política da força pela força da política econômica, financeira e comercial, os Estados Unidos liderando e os outros dois com pretensões de usurpar essa liderança mundial.

No caso do Brasil, colonizado por Portugal, teve o escravismo como um dos mecanismos de “subjugação nacional”. Seu processo de industrialização, para substituição das importações, a partir do Governo Vargas, e a internacionalização posterior da economia ocorreram em completa dependência do capital estrangeiro majoritário, dependência essa que se aprofunda cada vez mais.

Pode haver “razões de Estado” por trás da venda do nióbio ao conglomerado chinês, assim como vem ocorrendo com o fatiamento do “pré-sal”. A Presidente Dilma fez carreira na área energética, e seu conhecimento nesse setor foi seu passaporte para o cargo que ocupa hoje. O Brasil depende visceralmente do comércio com a China para manter sua economia atual (vide artigo do professor Adriano Benayon abaixo).

A “teoria da dependência”, tão decantada pelos sociais-democratas, entre os quais o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, constitui-se verdadeiramente numa “subjugação” sublimada, pois o pressuposto de que entre dominador e dominado existe uma dependência mútua é muito conveniente para a psiquiatria, não para a política.

O petróleo continua sendo a matéria-prima sensível e a tecnologia nuclear a arma letal – dois argumentos para o próximo grande embate mundial, que, se vier a ocorrer, poderá acarretar verdadeira catástrofe para a humanidade, em termos ambientais e de perdas de vida.

Se vivo estivesse, Roberto Campos bradaria que os “tupiniquins” querem manter intactas suas riquezas em detrimento do desenvolvimento e da modernização. Cada país oferece o que tem na banca de negociações. Era a visão de um liberal radical e coerente. Ele tinha as suas razões... Mas, kantiana, indago: ”Onde está a astúcia da razão do Brasil atual?” Falta-nos um Roberto Campos para responder.





Brasil, 6º PIB e 1ª pior política econômica


                                  Adriano Benayon *

Houve muita fanfarra com a estatística que apontou ter o Brasil a sexta maior economia do mundo pelo enganador critério do PIB (produto interno bruto). Na maioria dos países o PIB real é superestimado, para dar a impressão de que a economia está indo bem.

2. Para isso, usam-se vários truques, em muitos países, que subestimam a elevação dos preços: a) alterar a cesta de produtos que compõem os índices de inflação, e o respectivo peso; b) supor que toda modificação de produto significa melhora técnica; c) quando da substituição, no consumo, de bem ou serviço de maior valor por outro de menor qualidade, devido a aumento de preço daquele, considerar que não houve elevação.

3. No Brasil, além de algumas dessas modalidades de manipulação, as taxas de crescimento do PIB deram alguns saltos, desde o final dos anos 60, em função de alterações nos critérios dos cálculos, o que transmite a impressão enganosa de rápido progresso a partir dessa época.

4.  Além das distorções em moedas nacionais, as variações nas taxas de câmbio afetam em muito os dados comparativos. O câmbio do real está supervalorizado. Em média, sua taxa foi, em 2010, R$ 1,70, enquanto se estima em R$ 2,50 a que poderia melhorar a posição competitiva dos bens  industriais produzidos no País. Corrigido o câmbio nessa proporção, o PIB cairia muitas posições para abaixo da 10ª.

5. O mais importante, porém, é que o PIB registra o que é produzido no País, sem considerar, de um lado, quanto dessa produção pertence aos residentes e a empresas locais, e, de outro lado, quanto pertence a residentes no exterior e a empresas estrangeiras.

6. Portanto, há muitíssimo tempo, o PIB se tornou quase irrelevante, em razão de ter sido a produção transnacionalizada, mormente no Brasil, onde isso é patológico.

7. O PNB (produto nacional bruto) daria idéia menos distorcida das coisas, pois em seu cálculo  é deduzido do PIB o que  residentes no exterior e empresas estrangeiras ganham com a produção no País, e adicionado o que residentes no Brasil e empresas brasileiras auferem no exterior.

8. Entretanto, quase não se fala do PNB.  Além disso, no Brasil, ele sempre foi subestimado, porquanto grande parte das empresas controladas de fora do País  figura nas estatísticas  com participação de capital estrangeiro inferior à real, já que é registrada em nome de laranjas.

9. A apuração oficial do PNB  é ainda muito  mais distante da realidade, por ter sido criminosamente  suprimida a distinção entre empresas de capital nacional e de capital estrangeiro, quando da “reforma” do capítulo econômico da Constituição de 1988, encomendada pela oligarquia  estrangeira a FHC e a demais asseclas.

10. Ora,  o Brasil é um dos países em que é mais alta e, na realidade, predominante a parte da renda produzida no País sob o capital estrangeiro, grande parcela da qual é anualmente transferida para o exterior, não só como lucros e dividendos oficiais, mas também em outras contas das transações correntes, através de  bens e serviços superfaturados na importação e subfaturados na exportação.

11. A economia brasileira já estava grandemente controlada por empresas transnacionais no início dos anos 70. Depois, o País sofreu  devastação decorrente da crise das contas externas no final dos anos 70. Ao longo dos anos 80, a elevação absurda dos juros da dívida externa com  a fraude à Constituição de 1988, que fez privilegiar o “serviço da dívida externa”.

12. Esse, desde então, nos custou quantia próxima a R$ 10 trilhões em valores atualizados. Nos anos 90, houve a avalanche das privatizações, que aceleraram a desnacionalização. Desde então, elevados  ingressos acumulados de investimentos diretos estrangeiros. Estimo, pois, que o PNB não equivale a sequer 60% do PIB. Como este também é muito superestimado, não passa de 40% do sugerido pelas cifras do PIB a renda das pessoas físicas e jurídicas brasileiras.

13. Ao se comemorar que o PIB do Brasil tenha passado o da Inglaterra, a enganação é ainda maior que  a acima desmascarada, porquanto esse país-sede  da oligarquia financeira, há mais de trezentos anos, representa extremo oposto ao do Brasil.

14. De fato, o Reino Unido é único país cujo produto fora de suas fronteiras supera o realizado dentro delas. A produção interna segue estagnada, mas a oligarquia britânica nada em lucros, entre outros, os de manipular os mercados financeiros mundiais, além de contar com valiosos ativos em todo o mundo, inclusive  minas de ouro e de outros minérios preciosos no Brasil.

15. Em última análise, as mídias local e estrangeira fazem troça do Brasil quando destacam o crescimento do PIB brasileiro, como que fazendo nosso povo rir de sua própria miséria, sem de nada saber.

16. Nem falemos do poder bélico e político do Reino Unido. Recordemos apenas que sua oligarquia, coadjuvada por outras da OTAN, tem exercido pressão, praticamente sem resistência, sobre  “governos” brasileiros, para separar, de fato, do território nacional imensas e riquíssimas áreas da Amazônia, a pretexto de “proteger” indígenas (até importados para lá) e o meio ambiente.

Desnacionalização e desindustrialização

17.  No Brasil a produção ainda cresce, mas a serviço quase que exclusivo de bancos, muitos estrangeiros, inclusive os britânicos HSBC e Santander (que passa por espanhol),  e das empresas transnacionais, que controlam cada vez mais ativos no País e transferem os ganhos para o exterior, especialmente nos paraísos fiscais, quase todos em  ex-colônias  britânicas.
18. Beneficiário da escandalosa privatização do BANESPA, o maior banco estadual do mundo, entregue por nada pela trupe tucana encastelada em São Paulo, o Santander foi agora agraciado pelo CARF – Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, do Ministério da Fazenda – com a isenção de quatro bilhões de reais devidos à Receita Federal.

19. Em vez de se iludir com estatísticas conjunturais, o Brasil deveria atentar para as graves distorções de estrutura acumuladas desde 1954, as quais estão a pôr a casa em sério risco. Elas se manifestam na desindustrialização decorrente da desnacionalização da economia.

20.  Que outra coisa poderia ter acontecido, se, desde aquela época, as políticas públicas subsidiam, incessante e crescentemente, transnacionais sediadas no exterior?  Vez por outra, empresas nacionais foram ajudadas, mas, em geral, a maioria delas foi massacrada, enquanto as transnacionais nunca ficaram sem os favores da política econômica.

21. O Brasil tem agora um dos mais altos déficits de transações correntes com o exterior. Além disso, as reservas cambiais não são bem nossas, ao contrário das da China, da Alemanha e de outros que têm competitividade tecnológica e cujas reservas resultam de saldos positivos naquelas transações.  As reservas do Brasil são constituídas, em grande parte, por dólares convertidos em reais para aplicações em títulos financeiros, e elas podem deixar o Banco Central  aos primeiros sinais de crise externa.

22. Conforme dados do Banco Mundial, a participação no total mundial do valor adicionado pela indústria no Brasil permanece, desde 2000, parado em 1,7%. Enquanto isso, o mesmo indicador na China elevou-se de 6,7% em 2000 para 9,8% em 2005 e para 14,5% em 2009.

23. Segundo a mesma fonte, as  importações brasileiras de bens de alta tecnologia não chegam a US$ 40 bilhões, e as exportações não atingem sequer US$ 10 bilhões. No caso da China, as importações e as exportações somavam, cada uma, US$ 50 bilhões em 1996, e alcançaram, em 2008, US$ 325 bilhões e US$ 450 bilhões, respectivamente.

24. O modelo econômico dependente, baseado em tecnologia estrangeira  não-absorvida no País e em financiamentos geridos pelo Banco Mundial, a custos materiais e financeiros elevados, ademais de privilegiar os grandes produtores mundiais de equipamentos, inviabilizou o desenvolvimento de empresas médias e pequenas de capital nacional nos programas de investimentos públicos, como o elétrico e o siderúrgico.
25. As privatizações agravaram o quadro, tendo acabado com o espaço de empresas privadas locais tecnologicamente promissoras que, antes, forneciam equipamentos e componentes às estatais.
26. Até no âmbito da Petrobrás - por pouco privatizada com a venda de ações a estrangeiros e os diversos atentados contra ela decorrentes da Lei 9.478 -  foram revertidas políticas fomentadoras de firmas brasileiras. Conforme observou o Eng. Fernando Siqueira, da AEPET, a Petrobrás, nos anos 70, sob Geisel,  havia criado, através de transferência de tecnologia, um parque fornecedor com cinco mil empresas, que competiam com grandes multinacionais no estado da arte.
27. Diz ele: “Collor, na linha do Consenso de Washington, reduziu em mais de 30% as tarifas de importação, e  FHC jogou a pá de cal ao criar o REPETRO, pelo decreto 3161, que isentou as empresas estrangeiras de todos os impostos: II, IPI, ICMS, PIS, Cofins, tudo. Com isto, liquidou essas 5.000 empresas. As que restaram foram adquiridas pela GE.”
28. Não há espaço aqui para resumir os variados e imensos subsídios com que a política econômica presenteia as transnacionais montadoras de veículos e outras transnacionais em todos os setores da economia, sendo as benesses federais complementadas pelas estaduais e municipais. Há poucos dias, noticiou-se que o prefeito do Rio doará à General Electric dos EUA terreno de 45.000 m², na ilha do Fundão.
29. Os financiamentos do BNDES constituem vultoso subsídio às grandes  transnacionais que, cada vez mais, controlam o mercado brasileiro e recebem do banco estatal trilhões de reais a taxas favorecidas. A Thyssen, da Alemanha, líder de cartéis  mundiais, formou “joint venture” para produzir energia elétrica poluente à base de carvão, em “associação” com o “multiuso” Eike Batista, com 75% dos recursos providos pelo BNDES.
30. Além de subsidiar as transnacionais, o governo planeja privatizar aeroportos e “trabalha” para acentuar a dependência tecnológica do País, reduzindo para 2% o imposto de importação sobre extensa gama de bens de capital. A fabricação no País desses bens chegara, nos anos 70, a prover 60% da demanda  interna, proporção que caiu a menos de 40%, sem falar na queda substancial da participação de empresas de capital nacional.
31. Cada vez mais o Brasil  exporta recursos naturais com pouco ou nenhum processamento industrial, até no setor agroindustrial. Dos minérios estratégicos, como o quartzo e o nióbio, em que a quase totalidade da matéria-prima está concentrada no Brasil, exportam-se insumos a preços subfaturados e que não representam sequer 1/50 do valor unitário (por peso) dos bens finais em que utilizados.
32. As exportações dependem cada vez mais das  commodities. Estas  atingiram, em 2010,  70% de participação na pauta total, além estarem representadas por componente crescente de produtos básicos, inclusive nos cinco maiores grupos: minério de ferro; petróleo; soja; açúcar; café. De resto, permanece em vigor a espantosa Lei Kandir/Collor, que isenta de ICMS a exportação de bens primários.
* (Consultor em finanças e em biomassa. Doutor em Economia, pela Universidade de Hamburgo, Bacharel em Direito, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Diplomado no Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco, Itamaraty. Diplomata de carreira, postos na Holanda, Paraguai, Bulgária, Alemanha, Estados Unidos e México. Delegado do Brasil em reuniões multilaterais nas áreas econômica tecnológica. Consultor Legislativo da Câmara dos Deputados e do Senado Federal na área de Economia. Professor da Universidade de Brasília (Empresas Multinacionais; Sistema Financeiro Internacional; Estado e Desenvolvimento no Brasil). Autor de Globalização versus Desenvolvimento, 2ª ed. Editora Escrituras, São Paulo)

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domingo, 29 de janeiro de 2012

Um ranking virtual das personalidades brasileiras

Postei enquete sobre a personalidade considerada mais significativa para o Brasil, numa lista fechada de nomes elaborada com base no elevado número de citações das personalidades nos sites de busca da internet, em especial o Google.

É uma pesquisa sobre liderança virtual, recurso que a Ciência Política usa com frequência para detectar quais os nomes mais fixados no inconsciente coletivo popular, sendo que,aqui, ao longo da História do Brasil.Todos são nomes que prestaram, cada qual em sua atividade, serviços relevantes para o País e, porisso, se tornaram figuras indissociáveis.

Numa pesquisa fechada como essa, também foram listados nomes que se popularizaram pela peculiaridade de sua biografia, como, por exemplo, o ex-Presidente Lula, primeiro operário metalúrgico a chegar à Presidência da República; a atual Presidente Dilma Roussef, primeira mulher a chegar ao mesmo posto; o ex-presidente da FIFA, João Havelange, que montou um império responsável pela maior audiência televisiva do mundo - o futebol -, o grande circo contemporâneo...

Outros se destacam pela singularidade de sua obra, como o arquiteto Oscar Niemeyer e o corredor  automobilístico Airton Senna, além, óbvio, de Pelé, talvez a figura brasileira mais conhecida no mundo inteiro e elevado à condição de Rei do Futebol. O caso de Frei Galvão se notabiliza por ser o primeiro santo brasileiro, embora não tenha tido a dimensão  histórica do Padre José de Anchieta.

Duque de Caxias e Tamandaré pertencem ao panteão dos heróis nacionais, e Santos Dumont é reverenciado não apenas pela Aeronáutica, mas pelo mundo inteiro, pela sua genialidade como inventor do avião e do relógio de pulso.

Dom Pedro I , Dom Pedro II, Getúlio Vargas e Juscelino Kubitscheck  são estadistas referenciais para a  história política do Brasil, assim como José Bonifácio de Andrada e Silva, o "Patriarca da Independência", verdadeiro fundador do estado brasileiro. A esses se adicionam o Barão do Rio Branco, diplomata de escol que alargou e consolidou as fronteiras do Brasil; Fernão Dias Paes Leme, o bandeirante "caçador de esmeraldas" e desbravador dos sertões,e o Barão de Mauá, que muito contribuiu para a industrialização.

O jornalista, empresário e diplomata Assis Chateaubriand é o responsável por grande impulso na  integração nacional em maior escala, por ter criado os Diários e Emissoras Associados, a maior rede de comunicação do País,abrindo novos horizontes já como pioneiro da televisão, através da Rede Tupi. O Marechal Rondon é outro gigante da integração.Também pioneiro, na saúde pública, foi Oswaldo Cruz, cientista responsável pela erradicação da varíola e febre amarela no século passado.E o grande Machado de Assis, mestre da prosa e do verso, patrono da Academia Brasileira de Letras, exemplo de menino pobre vencedor com reconhecimento no mundo da literatura mundial?

Finalmente, "last but not the least", o "Mártir da Independência", Joaquim José da Silva Xavier, o "Tiradentes", que foi um dia adjetivado por Tancredo Neves, em célebre discurso, como "aquele herói ensandecido" pela liberdade.

Numa pesquisa sobre identificação das elites, em Ciência Política, há dois campos, o da identificação das lideranças virtuais e o da identificação das lideranças reais; é comum que um líder aparente ou virtual também seja líder real, ou vice-versa, e creio que esse é o caso de várias personalidades dessa enquete.

Há um canal de televisão internacional realizando uma enquete  com a pergunta: "Qual o brasileiro mais importante?" Trata-se de uma sondagem aberta, como se deduz pela pergunta formulada, mas o viés nessa enquete poderá ser muito grande a favor das personalidades mais recentes da história brasileira, em detrimento das figuras do passado.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Mitos e incógnita da globalização

A globalização, fenômeno que estudiosos classificam como posterior à multinacionalização e internacionalização, tem seus mitos que começam a desmoronar.

Houve previsões de que a nova economia mundial teria quatro características, duas delas que se confirmam: Dominação pelo sistema financeiro e investimento e progresso das tecnologias de comunicação e informação. As outras duas não se confirmam: Baixo custo dos transportes de pessoas e cargas e a emergência de três centros de capitalismo transnacionais: Estados Unidos, Japão e Europa.

Começando pelos transportes, segundo classificação feita pelo Ministério do Desenvolvimento, Comércio e Indústria do Brasil, o sistema de transporte apresenta as seguintes características, em termos de custos:

O transporte modal (rodoviário) geralmente apresenta baixo custo de implantação, elevado custo operacional e alto consumo de óleo diesel; o transporte ferroviário alto custo de implantação, baixo custo operacional e pequeno consumo de óleo diesel; o dutoviário (para gases, líquidos e sólidos granulares) apresenta elevado custo de implantação e baixo custo operacional; o transporte marítimo baixo custo de implantação e operacional; o hidroviário e aquaviário podem ter baixo custo de implantação e operacional, dependendo da via natural, mas podem ter elevado custo de implantação e operacional, em períodos de seco e baixo calado; o transporte aeroviário apresenta baixo custo de implantação e elevado custo operacional.

Assim é que o transporte intermodal, reunindo mais de uma modalidade, seja para mercadorias, ou seja para pessoas, tem seu custo variável conforme as condições estruturais e climáticas  em cada país ou região,tornando-se difícil uma garantia de que os custos mundiais dos transportes na globalização se tornariam baixos.

O transporte de pessoas na Europa e nos Estados Unidos (que utilizam muito as ferrovias) é relativamente de custo baixo, mas tal não acontece nos países em desenvolvimento, principalmente nas modalidades rodoviária e aeroviária, como é o caso do Brasil, país de grande dimensão territorial, que optou pelas rodovias e aerovias, em detrimento das ferrovias.

Há uma campanha de intensificação do transporte aéreo, mas qualquer cidadão disposto a viajar de avião tem a sensação de que o custo ainda é elevado, principalmente do transporte aéreo regional, e as condições operacionais dos aeroportos ainda requerem muitos investimentos.

 Quanto ao transporte rodoviário, fiscalizado pelo Conselho Nacional de Transportes Terrestres - CNTT-, apesar de fortemente subsidiado, o custo das passagens ainda é elevado, a manutenção e a segurança das rodovias precárias no interior, os pedágios em algumas rodovias são altos e o monopólio exercido por empresas no setor favorece o negligenciamento das condições operacionais.

O transporte intermodal no Brasil e outros países em desenvolvimento esbarra na precária adaptação dos portos e vias aquaviárias e lacustres, o que contribui para a elevação do denominado “custo Brasil” para os comércios interno e externo. Pelo menos é a radiografia que obtive visitando alguns portos brasileiros.

O segundo mito abalado, desde a crise de 2008, é o dos três grandes centros capitalistas. Os Estados Unidos enfrentam problemas com o dólar e pesada dívida externa e interna, além de outros graves problemas sociais internos (violência urbana, desemprego, custo de vida, etc.). A Europa idem, assistindo a insolvência das suas principais economias e da “zona do Euro”. O Japão enfrenta o problema da alta valorização do iene, o envelhecimento da população e altas taxas de suicídio e os cenários prospectivos para recuperação da crise nas suas exportações são confusos.

Não havia previsões para que a China se transformasse na segunda economia mundial e outros países membros dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) ultrapassassem alguns países europeus como a França, Reino Unido e Alemanha, como novas potências econômicas, em função das suas riquezas naturais e produção de “commodities”, com destaque para os alimentos e petróleo.

Os três gigantes econômicos (EUA, Europa e Japão) agora dependem visceralmente do desempenho da China e procuram se adaptar à nova geografia do poder econômico, voltando-se para os detentores de matérias-primas de regiões como América do Sul e Ásia.

Os chineses enxergam na palavra “crise” o sinônimo de oportunidade, mas a crise de 2008, a “crise dos subprimes”, gerada pelo efeito dominó da quebra do banco de investimentos Lehman Brothers, dos Estados Unidos, longe de significar oportunidade, virou um pesadelo para os poderosos e uma incógnita para a tal globalização.


quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O Brasil diante de uma invasão militar

Enquete encerrada por este blog revela que 57% dos votantes, contra 43%%, acreditam na possibilidade de uma invasão militar no Brasil, tantas são as riquezas naturais, no solo e subsolo e na sua plataforma continental, que o transformam num grande alvo da cobiça internacional.
A guerra, como afirma Carl Von Clauzewits, é a continuação das relações políticas por outros meios. A história da humanidade revela que impérios se criam por meio da conquista militar e econômica, sempre se impondo no cenário internacional a civilização mais forte nesses dois itens conjugados. Mas, em contrapartida, impérios começam a se desintegrar a partir do momento em que se estiolam ética e moralmente.
Vivemos a época do “choque de civilizações”, expressão título da obra de Samuel Huntington, de 1993, “Choque de Civilizações”, quando elabora a teoria segundo a qual, no pós-guerra-fria, as identidades culturais e religiosas se transformam na principal fonte de conflitos entre as nações.
Conheci Huntington quando ele veio ao Brasil para aconselhar no processo de “descompressão política” do regime militar, já no Governo Médici, quando o seu interlocutor era o ministro Leitão de Abreu,chefe do Gabinete Civil. Esse processo conduziu depois o governo Geisel à abertura “lenta, gradual e segura”. Ele (Huntington) manteve alguns colóquios reservados com cientistas políticos de Brasília.
É autor de uma teoria sobre a corrupção, atribuindo esse fenômeno, nos países em desenvolvimento, ao espaço limitado existente para o dono do capital  nacional,que, oprimido pelo capital estrangeiro,numa competição desigual, busca a política como meio de sobrevivência ,locupletando-se do Estado.
Temos, portanto, dois teóricos de porte, para definir que não só a economia dita as regras políticas de hoje, mas também as identidades culturais e religiosas, que estas,sim, criam os focos de conflito em quase todas as regiões do globo, focos que, do ponto de vista econômico, poderiam ser debelados com mais facilidade.
A economia se impõe à política, pois ambas têm plasticidade, mas não consegue dobrar a cultura e a religião, que condensam os arquétipos da humanidade.
Guerras foram, são e sempre serão manifestações presentes na história da civilização, razão pela qual nenhum país, e no caso o Brasil, como comprova a sua história, está isento de enfrentá-las. A questão que se coloca, com base na enquete, é se o Brasil, em tempo de paz, tem se preparado para seu eventual envolvimento numa guerra.
Aproveito aqui considerações de dois militares do Exército, que agregam elementos para um debate a esse respeito:


O que fazer para evitar que a guerra nos atinja

                                                        (Gélio Fregapani)

“Se a guerra se alastrar, e isto pode ocorrer, ninguém vai querer saber da nossa índole pacífica. O que vai importar, sim, é o poder de causar dano, o qual pode até fazer o inimigo desistir da luta. É claro que isso não pode ser feito com um planejamento  para vinte anos, como foi feito pelo ex-ministro da Defesa. Também pouco adiantará a compra urgente de bom material, mas em quantidade limitada. Só interessa o que sejamos capazes de fabricar. 
Obvio que vamos negociar, mas, até para negociar, se necessita ser forte. De imediato, devemos desenvolver a capacidade de resistência, mas lembrando da diferença de potencial; que 30 aviões, mesmo os melhores do mundo, nada poderão contra três mil igualmente bons; que trezentos blindados não  causariam dano a 30 mil, mesmo se não tivessem sido eliminados antes pelos modernos veículos aéreos não tripulados.
Restam-nos as “armas assimétricas” – as minas, que, sozinhas, não vencem batalhas, mas cobram alto custo, quando não mantém o inimigo à distância; os caçadores/snipers com adequados fuzis “ponto 50”, que breve serão produzidos no País por firmas brasileiras, e mísseis anticarros e  antiaéreos, que também podem ser desenvolvidos com rapidez. 
No mar, esqueçamos as fragatas, corvetas e porta-aviões. Os submarinos, enxames de lanchas torpedeiras rápidas e minagem podem ser muito mais eficientes em termos de dissuasão, e não nos interessa projetarmos poder longe de nossas costas e de nossas plataformas.
Certamente, teremos alguma folga, mas, precisamos aproveitar o tempo para integrar com a possível rapidez os índios à comunidade nacional e de alavancar uma produção em massa como uma estratégia de desenvolvimento social e nacional, livre das amarras do ambientalismo orientado do exterior.  
Não se pode nem ser pacífico sem ser forte.”


As Forças Mambembes da Sexta Potência Econômica

(Paulo Ricardo da Rocha Paiva)

“Alerta, nação indefesa! São dados para registro e cobrança quando o País amargar uma humilhação, com ou mesmo sem combate, pelos “senhores da guerra”. Cidadão, converse com os militares, os oficiais e graduados, investigue o percentual dos armamentos e das viaturas em disponibilidade nos quartéis. 
O Ministério da Defesa precisa se impor, pois metade dos blindados, aviões e belonaves está indisponível, sem condições de combate, todos caducando. Tropas motorizadas ainda estão concentradas no Sul, região que carece, sim, mas de tropas/brigadas de infantaria mecanizada. Estudos e levantamentos com uma detalhada radiografia das Forças Armadas, repetitivos, mostrados pelos militares a governantes e políticos, têm alertado sobre a penúria do equipamento, explicitando também as conhecidas distorções na distribuição de efetivos no território nacional, sem que lhes sejam repassados os recursos para transferências e instalações mais do que necessárias. 
A Brigada de Infantaria Paraquedista é um exemplo: Sua mudança para Anápolis/GO, procurando o centro geométrico do País, já virou estória da carochinha. E não basta transferir unidades. Somente se patrulhariam razoavelmente as fronteiras se o efetivo ínfimo que temos na Amazônia fosse bem dotado de meios anfíbios e de helicópteros.
Dizer, então, que o índice de disponibilidade de meios se alce a “animadores” 70%, isto é estória para inglês ver. Estariam computadas na conta as "viaturas sobre rodas”? Aí fica forte: Veículos de autoridades, ônibus de bandas de música, transportes administrativos em geral, seria considerar toda a tralha do "incrível exército de brancaleone"!  Fontes fidedignas dizem que as viaturas que ainda rodam o fazem graças ao excelente nível dos mecânicos e às unidades de manutenção que fazem milagres, mesmo com cortes repetitivos nos parcos recursos provenientes do orçamento da união.
Blindados! Que lástima, dos refugos do Vietnã, talvez nem 50% das viaturas blindadas de transporte de pessoal estejam ainda serpenteando, pelo menos nas condições ideais de um CHARRUA, protótipo que a MOTO PEÇAS de São Paulo testou e que, se encomendado pelo governo desde 1980, já estaria renovado em versões atualizadas. Mas o total dos recursos desviados, das obras do PAC, somado aos de alguns “ministérios propinados” do Poder Executivo, seria bem chegado para manutenir as geringonças de algumas unidades sobre lagartas. Ademais, não falta dinheiro para encomendar à indústria nacional. No painel do “impostômetro”, a arrecadação já alcança os 4 (quatro) trilhões de reais. Afinal de contas que sexta potência é esta que não se garante? E há quem diga: somos a quinta.
 Helicópteros! O Comando Militar da Amazônia dispõe de doze, um piadão  para a grande região norte! Mas as acusações persistem: Os militares não patrulham as fronteiras! Defesa antiaérea, perigo! Como garantir as principais fontes geradoras de energia do País? Os mísseis antiaéreos portáteis, hoje, são mais do que necessários; enquanto não dispusermos dos três grupos desta artilharia com material de ponta, um para cada hidroelétrica (Itaipú, Tucuruí e, futuramente, Belo Monte). Que o povo exija segurança. A situação é bem mais periclitante do que se pensa: às fontes de energia se somam a Amazônia e ao pré-sal. Em contrapartida, é incrível, o cidadão não se liga, muito menos os governantes, quiçá os políticos: “As usinas constituem alvos prioritários para as grandes potências, que cobiçam nossos invejáveis recursos naturais” 
E a Marinha, como pode esta Força, considerada a mais bem aparelhada, operar com mais de um terço dos principais equipamentos indisponível? Quem disser que metade dos seus muito poucos navios está no estaleiro erra por pouco. E quanto à aviação naval, como assegurar a posse do pré-sal com irrisórios 23 caças  ultrapassados; destes, quantos estão voando ainda? Com a palavra o Ministro Celso Amorim. E o nosso aeródromo, o São Paulo, a Força Naval já recebeu recursos para fazê-lo sair da Baía de Guanabara em um, simples que seja, exercício no entorno da área pré-sálica?
Vou fechar com a FAB, descaso, os caças de interceptação ainda são comprados, uma estória antiga que, deslavadamente, já se arrasta há anos. Lamentavelmente, a 6ª potência econômica continua à mercê dos membros da "gang dos cinco" para adquiri-los.  Uma cadeira cativa no CS/ONU requer muito mais do que 200 caças obsoletos. Cidadão, pergunte a quem de direito, deste total, quantos ainda estão voando em condições de combater? Talvez um pouco mais do que a metade.  Atenção povo de Manaus, "bombardeios cirúrgicos dos todo poderosos”, a cidade é sede de comando militar de área e está tiranicamente distante da concentração dos comandos aéreos que, de alguma forma,  disporiam de meios, ainda que fragilíssimos, para esboçar alguma reação.
O fato é que, se o circo começar, e isto pode ocorrer de repente, ninguém vai querer saber da nossa índole pacífica. Vai importar, sim, para nossa juventude na linha de frente, o poder de dissuasão de que dispõe, não para lutar, mas, sobretudo, para fazer o inimigo desistir da luta. Por isso mesmo, fica difícil acreditar que ainda não tenhamos denunciado o vil TNP. Seria bem mais barato, extremamente oportuno e permitiria postergar por prazo mais suave, sem afogadilho, as outras providências, todas baseadas em gastos astronômicos com material bélico de última geração que ainda não fabricamos.”



sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Política do Vaticano faz mais um cardeal de Brasília -Dom Aviz

É grande o prestígio da Arquidiocese de Brasília junto ao Vaticano, na composição do colégio cardinalício em Roma. No dia 18 de fevereiro, será a vez do catarinense de Mafra, Dom João Braz de Aviz, 64 anos, receber o barrete das mãos do Papa Bento XVI, seguindo a mesma trilha de ascensão ao principado católico dos seus antecessores, cardeais Dom José Freire Falcão e Dom Raymundo Damasceno. 

Dom Aviz foi Arcebispo da Arquidiocese de Brasília (2004-2011) e organizador do XVI Congresso Eucarístico Nacional, em 2010, ano do cinqüentenário de fundação da cidade. Exerceu importantes funções na CNBB e foi nomeado, em 2011, Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, no Vaticano.

Agora serão dez os cardeais brasileiros em Roma, seis dos quais em condições de votar na escolha do Papa, sendo que quatro, por razões de idade, estão impossibilitados. No total, vinte brasileiros já foram elevados a cardeal,desde 1905.

O sucessor de Dom Aviz em Brasília é o paulista de Matão, filósofo e teólogo, Arcebispo Dom Sérgio da Rocha, atual presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé, da CNBB, com mandato até 2015. Foi Bispo Auxiliar  de Fortaleza (2001-2007) e Arcebispo Coadjutor de Teresina(2007-2011), tendo exercido importantes funções na CNBB.

Não posso deixar de registrar essa força de Brasília como capital do País e locus das decisões políticas nacionais, onde se situam as sedes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB- e da Nunciatura Apostólica (representação do Vaticano), além de sede das embaixadas estrangeiras acreditadas junto ao Governo brasileiro.

Conheci, pessoalmente, e tive a oportunidade de acompanhar de perto, trocando idéias, como jornalista e confidente, o trabalho de três pioneiros da Igreja Católica naquela Arquidiocese: Arcebispos Dom José Newton de Almeida Baptista, Geraldo Ávila e Raymundo Damasceno.

Quando inaugurou Brasília, o presidente Juscelino Kubitscheck fez questão de contar com o fluminense de Niterói, Dom José Newton, então Arcebispo de Diamantina (1954-1960), para exercer o seu trabalho pastoral na nova capital, onde permaneceu durante 24 anos, ali encerrando sua carreira, como titular da Arquidiocese e Arcebispo do Ordinariado Militar do Brasil (1963-1990).

O principal auxiliar de Dom Newton, o então Monsenhor Geraldo Ávila, mineiro de Datas, foi nomeado, pelo Papa Paulo VI, Bispo - Auxiliar de Brasília (1977-1990), sucedendo-o no Ordinariado Militar do Brasil (1990-1998).

Dom Raymundo Damasceno, mineiro de Mariana, filósofo e comunicólogo, foi Chanceler da Arquidiocese de Brasília (1968-1979); Bispo Auxiliar e Vigário-Geral da Arquidiocese de Brasília (1986-2003); Reitor do Seminário Maior de Brasília e Secretário-Geral da CNBB (1995-2003), vindo a exercer vários cargos de relevo no Brasil e no exterior, entre os quais o de Presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano - CELAM-(2007-2011) e Arcebispo de Aparecida (2010),quando organizou a recepção ao Papa Bento XVI no Brasil, vindo a receber do mesmo o barrete cardinalício (2010). Foi eleito Presidente da CNBB (2011-2015). Dom Damasceno, pela sua capacidade invulgar, também atuou como padre sinodal em assembléias na África, América do Sul e Oriente Médio.

Por sua vez, o Núncio Apostólico em Brasília (2002-2011), o italiano de Barga, arcebispo Dom Lorenzo Baldissieri, acaba de ser nomeado pelo Papa Bento XVI para o cargo de Secretário para a Congregação dos Bispos, órgão que revisa e recomenda ao Papa a nomeação de prelados em todo o mundo.

Detentor da maior população católica do mundo, o Brasil confirma mais uma vez a sua condição de país estratégico para os novos rumos que o Papa Bento XVI, profundo conhecedor dos meandros do poder mundial, vem imprimindo à Igreja, em meio à crise econômico-financeira européia e dos Estados Unidos e aos iminentes conflitos em várias regiões do globo.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A política como risco de vida



A eliminação física de governantes é uma prática tão antiga como a própria civilização, seja derivada da inveja e ambição naturais do homem, ou seja como recurso operacional dos grupos empenhados na disputa e manutenção do poder.

O Brasil não escapa dessa prática, que pode ser constatada pelo assassinato ou atentados contra Presidentes. O próprio “suicídio” do Presidente Getúlio Vargas teria sido um assassinato a tiros, praticado por quatro homens, conforme afirma a sua amante, a vedete Virgínia Lane, com 87 anos,em entrevista concedida à Rádio Globo, em 2007.

Na gravação com o comunicador Roberto Canazio, que pode ser acessada pelo link  http://www.4shared.com/audio/REdDmIGy/Virginia_Lane_Getulio_Vargas.html, Virginia Lane afirma que estava no quarto com Getúlio Vargas e foi testemunha ocular do seu assassinato.

Aparentemente, essa gravação é autêntica e pode mudar a história daquele período, mas ficam duas perguntas no ar: Como a declaração de Virgínia, de tamanha gravidade, foi ocultada durante quase quatro anos e porque agora foi vazada?

A idéia básica dos escritores “monarcômonos” da Idade Média, no combate ao Absolutismo, é que os tiranos ou governantes que se tornassem indesejáveis ao povo deveriam ser destronados ou até eliminados.

Alguns radicais, da linha do padre jesuíta espanhol Juan de Mariana, justificavam até mesmo o “regicídio”, desde que não fosse por envenenamento, que era comum na Antiguidade, com uso de substâncias extraídas de plantas e animais, como a cicuta e o veneno de serpentes  e – mais na Idade Moderna – do arsênico e do mercúrio.

 O Presidente Hugo Chávez, da Venezuela, levantou recentemente a curiosa hipótese de os Estados Unidos terem inventado uma tecnologia para causar o câncer em estadistas na América do Sul, onde cinco governantes da atualidade estão com a doença: O próprio Hugo Chávez; Cristina Kirchner, da Argentina; Dilma Roussef, do Brasil; Fernando Lugo, do Paraguai, e o ex-presidente Lula. Teoria conspiratória de Chávez, obsessão antiamericana ou simples delírio?

 O jornalista cearense Pedro Porfírio, em seu “Blog do Pedro Porfírio”, entende que a insinuação de Chávez tem certo embasamento, pois nenhum dos líderes infectados é aliado dos Estados Unidos:

“Não me surpreenderia se os inescrupulosos laboratórios mantidos principalmente pelo complexo industrial-militar de Washington estivessem por trás dessa onda cancerígena absolutamente inédita”.

Observa que os agentes químicos bacteriológicos e climáticos se transformaram em poderosas armas de guerra, muito pesquisadas e desenvolvidas em centros especializados da Europa e dos Estados Unidos.

A tecnologia mortal pode ter avançado segundo creio, até o campo da nanologia, onde foi inventado um biochip similar ao código de barras e com fita magnética como forma de identificação automática, para ser usado em animais e também em seres humanos.

Tamanho de um grão de arroz pode ser implantado por cirurgia, injeção e até via oral, sendo biocompatível com o organismo animal para que não haja rejeição. Seu emprego conhecido e bem intencionado, até agora, é no monitoramento do câncer.

Teorias conspiratórias à parte, o arsenal de armas mortais disponível hoje para os serviços secretos e “molhados” é bem mais sofisticado e discreto do que tiros, facadas, explosões, acidentes e envenenamentos.

Neste artigo, meu objetivo é somente aproveitar o que disse Chávez e sugerir reflexões a respeito dos riscos inerentes à conquista e manutenção do poder, na linha do que propõe Goethe em seu “Fausto”, um arquétipo humano.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Especialista alerta sobre riscos de invasão militar no Brasil



Gélio Fregapani, militar da reserva, é um instigante analista das conjunturas nacional e internacional, um dos maiores especialistas brasileiros em técnicas de combate militar e profundo conhecedor da selva amazônica, tendo atuado em Manaus, no Centro de Instrução de Guerra na Selva.

Fregapani acredita que os Estados Unidos estão preparados para iniciar uma guerra contra o Irã, mas ainda estudam as possíveis reações da China e da Rússia. Num cenário de guerra contra o Irã, com riscos de ampliação do conflito a outros países, o autor faz a seguinte previsão:

“Certamente haverá um “bloqueio” americano (aos países que negociarem com o Irã) os quais serão impedidos se relacionar economicamente com os Estados Unidos. (a menos que seja absolutamente necessário aos últimos).Como temos(o Brasil) negócios com os EUA e também com o Irã, teremos que tomar decisões.

Conforme o evoluir dos acontecimentos, o bloqueio econômico pode se transformar em bloqueio militar. Se desencadeado confronto militar EUA x Irã ,haverá escassez de petróleo, cujo preço irá à estratosfera, com grandes vantagens para a Rússia e até para os demais produtores, se conseguirem manter a posse e o controle.

Correremos o risco de perder o Pré-sal,a “manu militarii” o, que exigirá, para ser evitado, importante capacidade de retalhação, preparação para explodir as plataformas em caso de ataque e, principalmente, muita habilidade nas negociações, dosando o que ceder com o que ganhar, assim como foi na II Guerra Mundial. Esse cenário é semelhante ao referente aos minerais estratégicos da nossa fronteira Norte.”

Aproveito esses comentários de Fregapani para lembrar que o Brasil, dos maiores produtores de matérias-primas e alimentos do mundo, já vem sendo alvo de ataques por terra,mar e água, há muitos anos, pelas potências européias e pelos Estados Unidos.

Ataques que se consumam pela penetração cultural, pela sabotagem econômica,científica e tecnológica e pela cooptação política, num processo de inteligência competitiva. Esse trabalho só é possível com  a colaboração de uma elite herodiana (referente ao Rei Herodes, servidor dos interesses de Roma), gananciosa e entreguista, cuja existência é observada em todos os países.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

General Heleno empolga internautas com suas “tuitadas”



O general-de-exército Augusto Heleno, já na reserva remunerada, resolveu “tuitar” sobre política, tornando-se a principal voz ativa militar nas críticas ao governo e, potencialmente, um nome para disputar as eleições presidenciais em 2014. Foi chefe da força de paz no Haiti e, recentemente, exerceu o comando militar da Amazônia.

Por razões óbvias, manteve silêncio quando estava na ativa, em respeito ao Regulamento Disciplinar do Exército e ao Estatuto dos Militares, mas, seu silêncio, em alguns momentos, foi loquaz, quando,em depoimentos nas comissões do Congresso Nacional e em declarações à imprensa, criticou a política indigenista do governo Lula e defendeu a soberania brasileira, com enfoque especial na Amazônia. Agora aponta sua verve ferina para a corrupção.

Sim, o general Heleno tem verve ferina... Usa boutades como esta, para suas críticas: ”Sugiro que aumentem o número de ministros. 48 é o número ideal. Dá para programar a queda de um por mês, ao longo de um mandato de quatro anos. kkk” Alguém de porte no país, inclusive na Oposição, fez tão contundente crítica à faxina ministerial executada pela Presidente Dilma?

Em outros tempos, a UDN era acusada de ser uma “vivandeira de quartéis”, o mesmo acontecendo depois com uma ala da ARENA, durante o regime militar. Hoje, a expressão ganhou emprego não somente para políticos, mas também para artistas e empresários suspeitos de saudosismo e interesses golpistas.

Não se aplica tal expressão ao general Heleno, muito elogiado pelos internautas, que deixa claro aos civis mais entusiastas de sua candidatura o desinteresse das Forças Armadas pela tomada do poder: ”Querem apenas estar em condições de defender a Pátria.”

Heleno adverte, em suas “tuitadas”, que é fácil ser popular quando a economia vai bem, por fatores conjunturais, e se tem uma oposição submissa e solidária “às maracutaias”. Nada de golpe, deixa bem claro. Mas – é bom lembrar-, Napoleão empolgou o poder na França diante da conjunção explosiva de dois fatores: O recrudescimento da corrupção e da indignação popular...

O general internauta já é um retrato pronto para as eleições presidenciais de 2014, mas ainda falta sua moldura: Filiação partidária e uma plataforma eleitoral. Como a farda não abafa no peito o cidadão, e ele já se encontra na reserva, pode reunir as condições para subir aos palanques em 2014, como todo cidadão brasileiro “ficha-limpa” perante a justiça eleitoral.

Resta saber como o "sistema" acompanha a sua desenvoltura, porque há,pelo menos, uns 10 dispositivos do Anexo I do Regulamento Disciplinar do Exército que dão margem à imposição de restrições ou punições ao envolvimento de militares com a política partidária. Os generais Euler Bentes Monteiro,Andrada Serpa e  Newton Cruz , mesmo na reserva,enfrentaram sutis pressões desse tipo, mesmo na vigência do regime militar.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O poder do dinheiro na política

Fiz enquete aqui indagando qual a percepção do leitor em relação à expressão política do poder nacional em 2011, e o resultado, apesar de poucos votantes, foi 25% ótimo, 25% ruim e 25% péssimo. Nenhum voto para o meio termo “bom”.
O ano político de 2011 foi marcado pela posse da Presidente Dilma Roussef, pela demissão de sete ministros, seis deles por corrupção, pela prevalência quase que absoluta do Poder Executivo sobre os poderes Legislativo e Judiciário e por denúncias de corrupção envolvendo políticos e empresários.
As mais recentes apurações da Polícia Federal, segundo o jornal “Folha de S. Paulo”, indicam desvios da ordem de 3,2 bilhões de reais.  O advogado da Advocacia Geral da União, Tércio Tokano, considera como principal causa desses desvios a má administração, pelos prefeitos municipais, dos repasses recebidos mediante convênios com o governo federal.
Agora circula pela Internet entrevista de Ildo Sauer, diretor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo, denunciando lobby feito pelo ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, com apoio do então presidente Lula e da ministra das Minas e Energia Dilma Roussef, que garante ao empresário Eike Batista, da OGX, 10 bilhões de barris do pré-sal, com produção diária de 1,4 milhão de barris/dia, a mesma produção da Líbia. “O ato mais entreguista do Brasil em sua história econômica”, segundo Sauer.
Tais fatos mostram a contaminação da política pelo dinheiro, no Brasil, com a corrupção envolvendo políticos, empresários e funcionários públicos, processo semelhante ao que ocorre nos Estados Unidos, conforme observa o economista e historiador norte-americano Jeffrey David Sachs, em entrevistas sobre o seu mais recente livro “O Preço da Civilização”, onde qualifica como inexorável a decadência dos Estados Unidos, a menos que reduzam sua mentalidade consumista, aumentem os impostos e adotem uma política de justiça sócia parecida com a da Suécia.
É impossível analisar a política hoje sem a economia, que lhe dita o rumo; não tem como falar em corrupção sem considerar como atores desse processo empresários, políticos e funcionários públicos dos três poderes, nos níveis federal, estadual e municipal.
 É falaciosa a idéia de que há corruptores num polo, intermediários e corrompidos no outro. Todos envolvidos no processo são corruptos. Generalizações também devem ser evitadas: É óbvio que a corrupção e aqueles que a abominam e combatem existem em todas as profissões e atividades.
O Brasil recebeu em 2011 investimentos externos da ordem de 65 bilhões de dólares, em grande parte por causa da Copa do Mundo, das Olimpíadas e do pré-sal. É. O caso de se refletir, pelas palavras de Tércio Tokano, Ildo Sauer e Jeffrey Sachs (e ainda pelo alerta já dado pelo ex-jogador e deputado federal Romário, em relação aos gastos preparativos da Copa do Mundo, segundo o qual a festa apenas está começando), se o país está preparado para gerir tanto dinheiro sem maior risco de elevação do índice de contaminação da expressão política em 2012.
Penso que o dinheiro, tão maltratado como vilão, merece alguma defesa contundente, pois, ao mesmo tempo em que pode ser fonte  de poder e  corrupção do homem , é a melhor ferramenta de análise da natureza e do caráter humanos. Dê dinheiro e poder à pessoa, e saberá o quanto ela tem de nobreza ou mediocridade.




terça-feira, 3 de janeiro de 2012

FHC,assimetria de poderes e a fátria nossa

Há dois “elefantes brancos” postados na Esplanada dos Ministérios, em Brasília: O Museu da República “Honestino Guimarães” e a Biblioteca Nacional “Leonel de Moura Brizola”, dois prédios imponentes, com projetos de arquitetura assinados por Oscar Niemeyer. Formam o Complexo Cultural da República “João Herculino”. Obras caríssimas para o bolso da população.
Dois monumentos ao “non sense” político, o primeiro tem pouca visitação pública porque é mal iluminado, e o segundo, a biblioteca, estaria com problemas em sua estrutura que a impedem de suportar carga pesada. Esta é uma versão corriqueira, mas o prédio não está funcionando como deveria, porque os funcionários da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, não quiseram se transferir para Brasília.
Numa rápida enquete, é possível constatar que 80% dos brasilienses não sabem o nome desses logradouros públicos, e os 20% que sabem denominam-nos Museu da República e Biblioteca Nacional.
Um museu à República, só porque Brasília é a Capital da República, é demonstração inequívoca da visão pouco histórica dos idealizadores desse projeto. A História do Brasil começa com a sua descoberta por Pedro Álvares Cabral, em 1500, passa pelo Brasil colônia e pelo Brasil monárquico e imperial e desagua na república hodierna.
Um museu republicano suprime 389 anos da história brasileira, solapa da memória nacional, do patrimônio cultural do Brasil, um período extenso e rico em fatos que contribuíram para a construção do país. Que se dê o nome à obra de Museu Nacional, e assim será um monumento para todos os brasileiros - monarquistas e republicanos.
Quanto à Biblioteca Nacional, bastaria mudar seu nome para Biblioteca de Brasília ou Biblioteca Pública. O que importa, mesmo, é a qualidade do acervo que ali será disponibilizado ao público. A Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, sede da Academia Brasileira de Letras, cidade natal de Machado de Assis, deve permanecer onde se encontra, por sinal muito bem instalada.
A Esplanada dos Ministérios em Brasília tem outros “non senses”, como os três sinos da Catedral, doados pelo Governo da Espanha- “Santa Maria”, ”Pinta” e “Nina”-, que, raramente, são acionados; por serem automatizados, não permitem variações de toques.
A localização da própria catedral, como se fosse mais um ministério, sugerindo a cumplicidade entre o Estado e a Igreja Católica no Brasil, contraria o texto constitucional, que estabelece um estado laico com sua inerente liberdade religiosa.
Na Praça dos Três Poderes, há o memorial do Presidente Tancredo Neves, bem próximo ao monumento ao fundador da capital, o presidente Juscelino Kubitscheck. Por mais relevante que Tancredo tenha sido, cabe a pergunta: Mas, por que só ele; e os outros  que governaram o País?
Sabe-se que a UDN era contra a mudança da capital e a construção de Brasília, e tentou impedir o projeto de JK, um expoente do PSD, como Tancredo Neves. Mas, se há o princípio de homenagem a grandes vultos ligados a Brasília (o próprio santo Dom Bosco é reverenciado em sua ermida no Lago Norte), porque não se fazer justiça, então, à memória do monarquista José Bonifácio de Andrada e Silva, o “Patriarca da Independência”, tutor de Dom Pedro II, que preconizava muito antes a transferência da capital para o interior e já sugeria o nome “Brasílis”, do qual se extraiu Brasília?
Com todo o respeito aos doadores dos nomes (Honestino Guimarães, geólogo e líder estudantil, Leonel Brizola, político, e João Herculino, político e empresário da educação), o princípio republicano da impessoalidade deveria restringir o culto a personalidades e beneméritos em plena Praça dos Três Poderes, exceção óbvia ao Presidente JK.
Ali, no coração da capital dos 190,7 milhões de brasileiros, com visibilidade pública, apenas o busto do Presidente Juscelino Kubitscheck, pela sua ousadia e pelo seu pioneirismo. Que os outros nomes recebam sua justa homenagem noutros altares.
Li recente livro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, “A soma e o resto”, em que ele afirma que o Congresso Nacional, hoje em dia, deixou de ser um ator político relevante para se tornar um mero despachante, que recebe por algo que despacha...
Estranho que FHC tenha reconhecido agora, e não quando governava, a assimetria dos poderes no Brasil, com absoluta prevalência do Executivo, em detrimento do Legislativo e do Judiciário.
Em termos de mais um “non sense” político para a configuração do poder político nacional (a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes), o que diz FHC corresponderia a sugerir a demolição da Praça dos Três Poderes, lá ficando apenas o Palácio do Planalto, sem o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, que estes também lá se situariam indevidamente hoje...
Mais uma visão confusa de que a Pátria (de todos) pode ser confundida com a fátria (de poucos).A partidarização de Brasília(como cidade fundada com empenho do PSD) é prejudicial à unidade política nacional.